- Arthur? - perguntou Raveneh assustada.
- Vossa Alteza. E você não me engana, Catherine - sussurrou Arthur fechando a porta.
Como já era noite, estava muito escuro. Somente uma vela fraca iluminava o aposento, criando sombras no rosto do menino, fazendo-o ficar assustador. Raveneh disfarçou ainda mais a carta escondida sob as suas vestes de algodão, assustada.
- Catherine, você pode enganar os empregados, meu pai... - sibilou o Rei - mas não a mim!
Porque a voz lhe era tão familiar? Raveneh, sentada na cama, encolheu-se.
- Era só isso que eu queria lhe falar - murmurou Arthur impassivel - estou de olho em você.
Raveneh respirava muito depressa. Tinha que esconder seus sinais de nervosismo, senão Arthur perceberia que realmente estava certo! E depois porque ter medo de um menino de dez anos de idade? Quer dizer, nove anos... Raveneh tinha poderes, não tinha? Então porque a menina não os usava no menino...
Diabos! O menino parecia que tinha uma resistência à mágicas...
- Durma bem, Catherine Black - sibilou Arthur com seu olhar frio - vai ser importante pra você.
- Espere! - gritou Raveneh. O menino parou e virou-se de novo para Raveneh.
- O que foi, Catherine? - indagou Arthur.
- "Vai ser importante pra você"? Como assim? Err... Vossa Alteza...?
- Você vai descobrir - respondeu Arthur com um sorriso frio.
Raveneh ficou muito assustada depois disso.
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- O que faremos, Karl? - perguntou o Rei - não basta esse povo das Campinas, ainda tem a maldita nação do Norte!
- E a nação do Norte é mais perigosa, Vossa Majestade - disse o Karl - eles querem os domínios de tudo.
- EU que tenho que dominar isso! - o Rei atirou um dardo contra um mapa pregado na parede. Caiu certeiro na região próxima as Campinas.
Karl suspirou:
- Vossa Majestade, não adianta exaltar-se...
- CALA A BOCA! - gritou o Rei - eu tenho que proteger Arthur até ele ter idade para governar. Mas não sei se suportarei mais uns cinco ou seis anos...
- Vossa Majestade... - tentou Karl.
- Eu falei para calar a boca - o Rei disse com rispidez - o jeito é casar o menino.
- CASAR? - exclamou o Karl pasmo. Ele podia ter cara de mau e tal, uma voz cruel e até ter uma personalidade cruel. Mas até ele achava muito absurda, sem contar insana, a idéia de casar um menino de nove, quase dez anos.
- A lei deste país só permite casar depois de quatorze anos - o Rei disse - mas eu posso mudar...
- Você não vai casar uma criança, Vossa Majestade! - exasperou-se Karl.
- Posso casar com alguém das Campinas - o Rei continuou sem ligar para o que Karl dizia - significará uma união. Isso, vamos nos unir e...
- Vossa Majestade.
- E as Campinas ajudam para deter esta nação do Norte e...
- Vossa Majestade.
- Perfeito, perfeito! - o Rei já estava batendo palmas pela idéia "brilhante" que tivera.
- Vossa Majestade, você não vai casar Arthur. E quem é governante das Campinas é a Maria. Você acha que ela vai deixar você casar com alguém de lá para "unir"? Você invade as Campinas, depois pede um casamento? Eles vão te fuzilar!
- Você acha mesmo, Karl? - perguntou o Rei inseguro.
- Eu acho a idéia estúpida. Você desrespeitou o Tratado, violou a Terra das Fadas. Depois quer um casamento? Você está brincando!
Karl engoliu em seco. O Rei se levantou, e ficou de frente para o mapa de toda aquela região.
- Você me ajudou com essa idéia de invadir.
- Claro, eu sirvo ao senhor - Karl disse - mas essa idéia foi tão absurda que tive que alertar a Vossa Majestade!
- Mas ela parecia tão boa... - disse o Rei frustrado.
- Se Arthur tivesse quatorze anos ou mais, e se não tivesse violado o Tratado, até que dava! - observou Karl - mas nessas circunstâncias, é impossível. O melhor é pedir desculpas as Campinas e pedir apoio. O nosso exército é eficiente, maravilhoso. Mas quando se tem as Campinas como aliadas, Majestade...
O Rei concordou com um resmungo.
Precisava que as Fadas e o povo das Campinas o apoiassem. Mas como iria fazer isso?
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