- ESPIÃ, Maria? - Raveneh estava assustada.
Maria somente sorriu e assentiu. Rafitcha mordeu o lábio inferior, com uma cara preocupada:
- Maria, você não bateu a cabeça e perdeu... sei lá, aposto que Nath deve ter um remédio ou... - falou Rafitcha.
- Para com isso, Rafitcha - Maria estava entusiasmada - o que acha, Raveneh?
- Hmmm... não sei - Raveneh estava no quarto onde dormia no navio - eu vou ter que fazer o quê exatamente?
- Espionar o rei e passar as informações pra cá - respondeu Maria.
- E como Raveneh vai passar informações pra cá? - perguntou Rafitcha sentada na cama.
- Com mágica, tudo se resolve - Maria afirmou - você escreverá uma carta todos os dias, e terá um pássaro na sua janela. Você entregará
a carta pro pássaro e ele virá pra cá.
- Ele não vai confiar em mim, Maria - Raveneh apontou - eu sou das Campinas, tá na minha cara. E ele já deve saber meu nome, veio até
tentar me sequestrar!
- Quem disse que ele vai saber quem é você? - Maria comentou - você é bem loirinha. Rafitcha, se prepare para uma Raveneh de cabelo
preto!
Rafitcha riu.
- Eu tenho umas tintas especiais pra cabelo, e eu o pinto de preto. E você usa algumas vestes que Tatiih trouxe, vestes da cidade mesmo.
- E qual será meu nome? - indagou Raveneh se olhando no espelho e se imaginando de cabelo preto.
- Você escolhe - falou Maria sorrindo - um nome bonito e fácil de pronunciar, claro.
Raveneh já estava começando a se divertir com aquela história de espionagem. Elaborou mil maneiras de passar o Rei pra trás.
- Eu serei Catherine - decidiu-se Raveneh - Catherine Black, dançarina, precisando desesperadamente de dinheiro.
- Dançará para o Rei? - riu Rafitcha com a imagem mental de Raveneh de cabelo preto dançando sensualmente (com fantasia de odalisca)
em frente ao Rei, cuja coroa vive torta na sua careca.
- Sim - Raveneh respondeu - ou por acaso a nobre Vossa Majestade é tarado e eu não sei? Olha lá, hein? Sou moça decente! u_ú
As três riram.
- Relaxa - Maria comentou - você sabe se cuidar!
- Você é uma fadinha ou um rato? - perguntou Rafitcha entre risos.
- É, sou uma fadinha - Raveneh baixou os olhos - mas eu nunca uso meus poderes...
- Usa sim - Rafitcha contrariou - fadinhas como você têm poderes diferentes e especiais.
- Aham - Maria concordou se levantando - bem, eu tenho que ir falar com a Capitã sobre algumas coisas, sabe. Depois de amanhã você parte,
tudo bem?
- Tudo bem - Raveneh disse com um sorriso meio tristinho (não era a melhor idéia de todas abandonar esse navio maravilhoso e tal).
Maria saiu do quarto, fechando a porta atrás de si.
- Bem, Raveneh, você usa seus poderes sim - retomou Rafitcha - você os usa sem pensar no que está fazendo.
- Tem certeza? Nem sei quais são os meus poderes direito!
- Absoluta - Rafitcha sentou-se ao lado de Raveneh, olhando-a nos olhos - veja bem. Você é uma fadinha muito talentosa. Eu nunca vi
alguém encantar tanto as pessoas. Você é doce, meiga, simpática, uma menina encantadora. Tem dom para falar com animais - nessa
Raveneh corou. Essa coisa de falar com animais já deu muitos problemas quando criança - é capaz de arrancar informações de qualquer
um somente pedindo um "por favor"! Ninguém sabe dizer não a você! Raveneh, você é uma perfeita fadinha.
Todo o discurso de Rafitcha pra animar Raveneh acabou servindo.
Quando a noite caiu e Raveneh arrumava suas coisas, estava se sentindo muito animada. No dia seguinte pintaria o cabelo de preto, e
partiria na outra noisa. Só não ia se esquecer de se despedir de seus amigos, como Johnny, Renegada, Nath.
Dormiu tranqüila, tendo a sensação de que daria tudo certo!
Mas mal sabia que na verdade iria ser um looooooongo caminho para o final feliz. E não seria um caminho nada fácil!
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