Tudo bem que Raveneh merecia ser castiga pela confusão provocada, mas os feirantes estavam furiosos demais. Arrastaram-na
durante todo o caminho até o castelo, onde Raveneh tentava fugir toda hora (ou melhor: fingir que tentava fugir).
Chegaram ao castelo com estrondo, e os soldados quase desmaiaram com o mau cheiro dos feirantes raivosos que invadiram a sala do
trono.
- O QUE É ESSE POVO AQUI NO MEU CASTELO? - berrou o Rei indignado com aquela festa da uva de feirantes fedidos.
- Vossa Majestade - adianta-se a senhora que vendia bolos - esta menina pirralha, atrevida, mal-criada - aponta Raveneh de
forma ameaçadora - causou uma confusão tremenda que deu prejuízo! Ela simplesmente resolveu jogar bolos e tomates na nossa cara! E xingava!
- Saiam todos - ordenou o Rei irritado. Odiava invasões de gente raivosa. Se alguém podia dar chilique, era o Rei. E só - deixem a menina.
Todos obedeceram, deixando somente Raveneh ajoelhada no chão frio, de mármore. Ela tinha um pequeno corte num dos cantos da boca,
que sangrava.
- Quem é a senhorita, como veio aqui, o que pretende da vida e porque, diabos, causou esta confusão? - indagou o Rei de costas para a menina.
- Catherine Black - respondeu Raveneh lembrando de toda a mentira que teria que contar - sou forasteira, vim pela estrada. E...
- E...?
- E não sei o que quero da vida, e causei a confusão porque queria me divertir...
- Que modo errado de divertimento - repreendeu o Rei duramente - dar prejuizo em gente inocente. Já sabe que vai ser banida, não é?
- NÃO! - berrou Raveneh tentando usar todos os seus talentos de atriz dramática - eu faço QUALQUER coisa, mas banida não... Por favor...
- O que a senhorita faz? - perguntou o Rei divertido. Ele ria de pena das pessoas que suplicavam para não serem banidas.
- Eu danço - respondeu Raveneh - e eu preciso de trabalho. Lavo prato, lavo tudo. Mas o que mais faço bem é dançar.
- Dançar?
- Sim, dançar - confirma Raveneh mordendo o lábio inferior - é o que fazia na minha terra natal...
- E saiu de lá porque? - perguntou o Rei ríspido.
- Porque meus pais morreram e eu não aguentava mais aquele povo irritante.
- Compreendo. Bem... darei lhe uma chance. Você vai trabalhar para mim, não importe em quê. Se eu mandar a senhorita preparar comida, você
prepara. Se eu mandar a senhorita dançar pra alguém muito especial, a senhorita dança. Tudo bem?
- Alguém muito especial? - sussurra Raveneh para si mesma. Mas concorda com a proposta do Rei.
Afinal Rafitcha estava certa: ela conseguiria enganar o Rei.
Nenhum comentário:
Postar um comentário