- Muiiiiiiiiiiiiito cuidado, hein, Raveneh? - recomenda Rafitcha roendo as unhas.
- Não esqueça de mandar cartas - avisa Maria trançando os cabelos de Raveneh do jeito mais organizado como o povo da cidade costuma
fazer - o pássaro é uma pomba branca. Ou uma coruja branca. Essas aves fazem rodízio...
- Maria, posso colocar cartas pessoais? - indaga Raveneh encarando o mar azul, o céu azul. Ainda não amanhecera direito.
- Pode, querida - Maria diz - sele a carta e coloque no verso para quem é. E eu entrego, sem ler-la, prometo.
Raveneh ri. E logo se pôs a repetir todas as ordens passadas por Maria: o que devia fazer, o que devia falar, como devia agir. Esse negócio
todo. Estava todo mundo nervoso com a missão que Raveneh recebera.
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- Boa sorte! - deseja Rafitcha na floresta.
- Vá por esta trilha, vai direto ao Reino - recomenda Maria - e... boa sorte!
Raveneh é abraçada pelas amigas e segue adiante. Toda hora sentia vontade de voltar, sentia medo, mas também algo sussurrava para ela
continuar o seu caminho. E ela continuava.
Caminhou durante duas, três horas. Finalmente chegara ao Reino propriamente dito (as Campinas eram bem grandes). Era a primeira vez que
se via no coração do Reino desde que entrara nas Campinas. E logo teve os sentidos invadidos por milhares de cheiros, imagens, sensações.
Um forte cheiro de peixe, suor das pessoas que andavam por aí. Mas continuou, mesmo tendo trabalho para afastar um homem que só
queria oferecer laranjas e limões. Pensava em como iria parar no Reino em frente ao Rei. Achava que o Rei iria estranhar uma menina
nova que queria emprego assim, de repente. O necessário seria uma confusão...
Isso não era problema. Era especialista em arranjar confusões onde morava antes de vir ao Reino.
Simplesmente passou por uma das barracas onde se vendiam tomates. Viu adiante uma barraca onde havia bolos deliciosamente confeitados.
Raveneh simplesmente foi até a barraca dos bolos, pegou um bolo na cara da vendedora e atirou o bolo na cara do vendedor da barraca de
tomates. E começou a gritar. E atirava frutas. E as pessoas corriam prum lado e pro outro, tentando se safar dos bolos e maçãs voadores.
E Raveneh no meio jogando mais lenha na fogueira, xingando palavrões que fariam Dercy Gonçalves corar e jogando mais frutas.
- HEY!
- SAFADA! Toma esse tomate!
- Não fui eu que jogou esse pepino não, senhora!
- Não basta ser mal-educado, tem que ser mentiroso! Dá-lhe este abacaxi!
- Hmmm... esse bolo é delicioso *o*
- Cadê os soldados pra resolver isso?
- Quem é aquela menina no meio xingando????
- É a vadia que começou a confusão!
- 'bora levar a menina prum rei! é ban, na certa!!
- Isso aí!
E logo Raveneh se viu cercada por um bando de gente imunda e ansiosa por levar-la ao Rei como uma ordinariazinha que adorava confusões. Era
tudo o que Raveneh queria.
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