sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Epílogo! - O Veneno do Passado.

DOIS ANOS DEPOIS.

- Como está Raveneh, Johnny? - indagou Umrae observando Raveneh longe, treinando luta com espadas no meio da floresta.
- Ela está bem - murmurou Johnny lavando roupas juntamente com Umrae e Tatiih.
- Ela devia descansar - murmurou Tatiih - já fazem cinco meses...
- Eu sei - Johnny disse - mas ela não me ouve. Ela é muito teimosa, e disse que ia treinar alguma luta para a próxima guerra. Não adianta falar que estamos em tempos de paz...
- Você devia ouvir-la - disse Rafitcha aproximando-se com uma bacia vazia - Raveneh tem muitos dons, e um deles é "sentir" o futuro. Ela consegue saber o que vai acontecer, mas não com exatidão. É um dom bastante estranho.
- Então ela sabe o que vai acontecer? - surpreendeu-se Umrae - é... ela sempre sabe as coisas mais simples...
- Sim! Então ela podia trabalhar de cigana! - exclamou Tatiih, mas foi cortada por Johnny com uma voz fria:
- Eu nunca permitiria isso!
Todas riram, achando graça na negativa veemente de Johnny.
- Por favor...
Todos se viraram para ver quem enunciara o "por favor". Um rapaz moreno, alto e com olhos pequenos. Vestia vestes formais e escuras, e provavelmente vinha de outro reino.
- Sim, o que deseja? - perguntou Rafitcha intrigada.
- Aqui é o lugar que se chama Campinas? - perguntou o homem se empertigando.
- Sim - respondeu Rafitcha. Ela era a recepcionista daquele lugar, portanto todos os forasteiros que ali chegavam, ela se encarregava de dar todas as informações.
- Uma senhorita chamada Raveneh mora aqui? - o homem continuou a indagar, sério.
Rafitcha mordeu o lábio inferior, gesto imitado por Johnny no mesmo instante. O que aquele homem queria com Raveneh?
- Depende - intrometeu-se Johnny - quem é você?
- Isso não lhe interessa. - afirmou o homem com uma postura arrogante - por favor, a senhorita Raveneh mora aqui?
Logo chegaram Kibii, Fer, Doceh e Lych que viram a cena de longe.
- Ou você desembucha tudo, garoto - disse Kibii - ou você pode dizer o que deseja na sua lápide, agora.
O homem recuou. Logo Maria chegou.
- O que esse forasteiro deseja? - indagou.
- E-eu... - o homem tremia. Era um grupo diante dele, portando-se de forma ameaçadora, expressões sérias.
- Desembucha, homem! - Kibii disse com um sorriso frio. Fer também sorriu cinicamente, deixando mostrar a fria lâmina do seu punhal.
Quem são essas pessoas? perguntava-se o homem os amigos de Raveneh? Ela realmente achou gente para proteger-la...
- Chamem-na - disse o homem - eu me chamo J-Jorge.
- Eu chamo - disse Johnny - se ela concordar em encontrar em você... nós nos afastaremos, mas continuaremos vigiando. Qualquer mal que você faça a ela, nunca vai retornar a sua casa vivo. Entendeu?
- S-s-sim...
Johnny se afastou, atravessando um curto trecho da floresta até alcançar Raveneh, que estava alheia a tudo, lutando com a espada.
- Raveneh - começou.
Raveneh parou instantaneamente.
- Sim?
- Tem um homem chamado Jorge querendo falar com você - disse Johnny - você conhece?
PEIM
A espada caíra no chão, com estrondo.
- Deixem-o falar comigo - disse Raveneh - ele é meu irmão. Ou... mei0-irmão.

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- Como está a situação no país? - indagou Siih a Lefi.
- Está regular - respondeu o irmão.
Estavam em uma reunião íntima, somente com as fadas.
- Heppaceneoh está sob controle - disse Gika remexendo em alguns papéis - o culpado pelos últimos assassinatos em sério já foi morto de acordo com a lei. E o programa de ajuda psicológica a vítimas do assassino está funcionando muito bem.
- Que bom. - disse Siih - Vê, e como está Arthur?
- Seu quadro psicológico está bem melhor - disse Vê de pé - ele apresenta sinais de revolta, porém afeiçoou-se ao gato de estimação que foi dado de aniversário. Ele está bem mais calmo agora.
- Ótimo - disse Siih - Clah, como foi o julgamento da Senhora Madison?
Enquanto Vê se sentava, Clah se levantou com o seu eterno sorriso:
- Tudo em ordem, Vossa Majestade - respondeu calmamente - a Senhora Madison foi considerada culpada, porém sua pena foi atenuada. Ficará na Prisão Yung durante quatro anos.
- Hmm - fez Siih - então... é só. Estão dispensadas.
Todas as fadas se retiraram do aposento, exceto Siih e Lefi. Siih fora uma boa rainha nos últimos dois anos, controland0 tudo: verbas para educação, saúde e segurança, lazer para todos, punição aos culpados, controle de outros países que foram dominados por fadas, salários, etc, etc, etc. Siih se cansava bastante a respeito disso.
Mas não tanto como se cansara há dois atrás, quando ainda tinha o poder absoluto que lhe permitia manipular pessoas. Se cansara demais daquilo.
Siih sorriu. Estava tudo normal, como tinha que ser.

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- O que quer comigo? - indagou Raveneh.
- Eu? - o homem tremia - eu...
- Todos das Campinas estão de olho em você - disse Raveneh. Ela estava de costas para o meio-irmão, sentada em uma pedra - se você tentar algo contra mim, eles lhe matarão.
- Eles são os seus guarda-costas, Raveneh? - zombou Jorge - agora arranjou amiguinhos que matam...
- CALA A BOCA! - Raveneh não conseguia entender. Por que? Por que ele tinha que ir ali? Por que? - eles são meus amigos.
- Você se passou por vítima? - Jorge não ligava - se fez de inocente e por isso eles estão alertas com os seus familiares?
- Mais ou menos isso - murmurou Raveneh com um sorriso zombateiro - mas eu tiraria a parte do "se passar por vítima". Não é uma parte muito legal. E não é verdade.
- Você matou mamãe - resmungou Jorge.
- É mesmo - Raveneh não resolveu negar ou dizer que fora C atherine. Não tinha cara de pau para fazer isso - e isso me lembra... o que veio fazer aqui? Falar de mamãe?
- A polícia está investigando a morte de mamãe - contou Jorge - e eu estou na investigação.
- E o que isso tem a ver comigo? - indagou Raveneh sem sorrir.
- Você é a suspeita número um - Jorge disse quase não acreditando no tom de voz de Raveneh - você estava presente na morte de mamãe, e ainda vão decidir se foi acidental ou proposital.
- Ah, só isso? - Raveneh sorriu - vá embora. Vá embora e só volte quando tiver um mandato para me prender. Aí sim, eu prestarei atenção. Mas vá embora.
- Por que eu devo te ouvir? - indagou Jorge - o que pode fazer contra mim? Ou vai chamar seus amiguinhos pra te defenderem?
- Eu, sozinha, posso te matar - Raveneh disse - e pode ter certeza que vai ser mais cruel nas minhas mãos do que nas mãos dos meus "amiguinhos", como você diz.
Jorge somente suspirou impaciente.
- Preciso voltar - disse - eu vim só para dizer isso mesmo. Que estão investigando a hipótese que mamãe morreu propositalmente... Logo, virão aqui aos montes para lhe interrogar.
- Eu sei. - disse Raveneh - agora vá embora. Eu não quero você aqui.
- Eu sou o seu meio-irmão! - exclamou Jorge surpreso - como você pode dizer essas coisas para mim?
- VÁ EMBORA! - Raveneh pôs a mãe na bainha da espada, exasperada.
Jorge recuou, vendo o gesto inesperado de Raveneh. Ela vai me matar se eu não me mandar, concluiu ao ver a mão de Raveneh sobre a bainha.
- Está bem. Adeus, Raveneh - disse por fim.
Saiu correndo, ileso. Raveneh suspirou, cansada. Já estava de cinco meses de gravidez, sua mãe fora assassinada por suas próprias mãos há mais de dois anos e só agora que estavam investigando?
País do futuro, não é isso?
Desmaiou.

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Um teto bastante familiar, um cheiro de chá.
- Fique descansando - disse Johnny - o cansaço de treinar com espadas, o estresse de discutir com aquele Jorge e o fato de você estar grávida... você acabou desmaiando...
Raveneh não se moveu. Realmente estava muito cansada, embora não sentisse medo de que os policiais do país "natal" viessem interrogar-lhe com métodos suspeitos, e muito provavelmente, declarar-la culpada. Até porque Raveneh não pretendia se dizer inocente.
- Nós escutamos o que Jorge falou - disse Johnny estendendo uma xícara cheia de um líquido fumegante que cheirava deliciosamente - nós não vamos deixar ninguém lhe levar daqui.
- Eu vou ser considerada culpada - disse Raveneh com um suspiro - e não pretendo escapar dizendo que eu tenho dupla personalidade. Ia ser humilhante demais para mim.
- O fato de você ser considerada inocente porque tem um problema psicológico? - indagou Johnny por indagar.
- Mais ou menos isso - murmurou Raveneh - eu me recuso a aparecer no tribunal como uma... uma doida varrida. Prefiro me manter sã e culpada. Não vou dizer que foi Catherine, embora tenha sido mesmo.
- Eu entendo... - Johnny disse - você é uma protegida das fadas, Raveneh. E de acordo com Rafitcha, a lei te favorece. Você está grávida, portanto não pode ser obrigada a sair do território. A não ser que queira.
- Que bom - Raveneh sorriu - eu ficaria doente caso saísse daqui.
Raveneh bebeu um pouco do chá, e colocou a xícara nas mãos de Johnny.
Se sentou calmamente.
- Me abraçe - pediu.
Johnny sorriu. Há dois anos, ela pedira uma coisa diferente com o mesmo tom de voz. Era um tom calmo e suave, quase um sussurro.
Ele abriu os braços, e ela se curvou diante dele, o envolvendo com seus braços finos. A barriga já um pouco pronunciada não permitia um abraço mais forte, mas Raveneh não sentia isso. Somente sentia que estava feliz.

Pois tudo terminaria bem. E ela tinha certeza absoluta disso, pela primeira vez na vida.

Depois de tempos, um epílogo! \o/

Este epílogo que postarei foi escrito. Sim, ele tem total brecha para uma continuação da história. E confesso, eu pensei nessa idéia.

Mas não há nada confirmado!

E uma "fã" lembrou que eu não esclareci quem era a irmã de Giovanni (aqui).

Mas eu não esclareço isso no epílogo. Ou seja duas opções para vocês: imaginem o quanto quiserem ou implorem (se arrastando de joelhos!) por uma continuação ;*

Beijos e aqui vai o epílogo esperado! /o/