Tal como avisado por Raveneh, o exército do Rei avançou pelas Campinas. As Campinas estavam desertas, mas os soldados não se abalaram. Avançaram para a floresta, onde foram recebidos com flechas venenosas da Kibii. Um urro, dois urros de revolta. E IÁÁÁÁÁÁHHH!!!!
- Mais flechas! Mais facas! Mais espadas! Mais canhões! Mais fuzis! Mais tudo! - berrava Lych na frente, mirando com uma metralhadora (é, eles tinham uma espécie de metralhadora. Mas tinham armas de fogo xDD)
- Mais doces? - perguntou Doceh atrás de Lych com um sorriso malicioso. Lych respirou fundo.
- Mais doces!!!
E dá-lhe brigadeiros que faziam buracos em qualquer coisa: até em ferro!
Era Kibii disparando flechas cuidadosamente sempre mirando partes frágeis do corpo humano como o pé, crânio ou aquele lugar que os homens prezam tanto. Era Fer se jogando nos homens e cortando as gargantas do soldado ou jogando punhais. Era a Capitã Biih dentro do navio e berrando sempre: "FOGO!" e dá-lhe canhões enormes, de chumbo mágico, em cima dos soldados que não tinham outra escolha a não ser fugir. E era Lych gritando, se esgoelando todo para dar ordens.
Era um exército inteiro: só porque eu, a narradora, menciono somente Fer ou Kibii, não quer dizer que só elas participam da guerra. Tinha muita gente cujo nome não é citado na história que participou. Metade do exército estava com metralhadoras. A outra metade estava escondida do outro lado da floresta e cercava o exército do Rei com as espadas afiadissimas. E todo mundo sabia golpes de karatê, kung-fu, essas lutas marciais.
- IÁÁÁRR!!!!!!! - berrou Lych. E o exército avançou.
Foi um massacre: o Rei estava duvidando da capacidade do povo das Campinas e mandara soldados medíocres que acabaram sendo derrotados rapidamente. Era um monte de sangue na terra. E claro, nesses momentos de nervosismo, tem que ter chuva. De modo que uma chuva forte, tipo tempestade, cai.
Nath, que estava no quarto-hospital e instruia algumas pessoas (porque ninguém volta saudável de guerra, afinal), ao ver a chuva pela janela, se apavorou. Ia ser trabalho em dobro! Além de tratar um monte de gente com flechas na barriga ou balas de chumbo enfiadas no pé, fazendo as pessoas ficarem aleijadas pro resto da vida, ia ter que tratar de resfriado e gripe! Nath suspirou. Pra quê diabos queria mesmo ser enfermeira? Desafiara seus pais e até fora deserdada, fugira de casa, tudo para ter o direito de ser enfermeira! E agora estava se arrependendo! "Eu podia ter sido uma filhinha de papai, não tinha problema" pensara com raiva "e mandava os outros irem lavar a bagunça u_ú" Mas agora a decisão já estava feita, e se orgulharia de ser enfermeira quando todos a agradeceriam pelo trabalho. Lealdade às Campinas forever!
Escutou um urro. Um urro, dois urros, três urros. Quando se dava três urros, significava que a batalha havia sido terminada. Nath mandou todos os seus "colegas" que a ajudariam no trabalho ficarem de prontidão com as malinhas de pronto-socorro. E não demorou muito, veio uma horda de feridos sendo enfiados no quarto. Foi um estardalhaço tamanho, gritos agonizantes, muito sangue pingando, os enfermeiros instalando todo mundo, colocando bandagens. e Maria muito preocupada com os ferimentos: perder soldados nunca é uma coisa boa.
E durante a tarde, podia se sentir a tristeza e alegria.
Alegria porque as Campinas venceram o exército do Rei.
Tristeza pelas vidas perdidas que lutaram bravamente até o último instante.
Durante a tarde, fizeram um pequeno velório pelas pessoas que haviam sido mortos na guerra, e os corpos foram enterrados na floresta. Lych estava sentado em uma das pedras, na praia, longe da floresta. Não gostava de velórios.
- Hey, querido! - chamou uma voz feminina e bastante agradável - admirando o mar?
- Doceh - Lych sorriu - sim, admirando o mar.
- Eu não me machuquei hoje, viu? - riu Doceh.
- Sim, você foi excelente em lançar doces malignos - falou Lych com um sorriso - eu fui bom general?
- O melhor de todos - elogiou Doceh abraçando o marido e beijando a sua bochecha.
- Lembra de quando nós nos conhecemos? - perguntou Lych olhando com ternura o mar azul e calmo, quase sem ondas.
Doceh riu.
- Claro - respondeu - aqui, nesta pedra, em frente a este mar. Faz quanto tempo mesmo?
- Nove anos - Lych lembrou com um sorriso - nove anos que nós estamos juntos. E sete que trocamos alianças.
Doceh e Lych admiraram suas mãos esquerdas, onde tinha uma aliança de ouro e somente uma inscrição muito fina: "Eu te amo". Sete anos desde que se casaram, nove anos que estavam juntos. Doceh lembrou do dia que conheceu Lych, que estava meio maltrapilho por causa de guerra recém-acabada. Lych estava ferido no dia, e Doceh era adolescente e era também uma enfermeira na época, e o ajudou. Dois anos depois, se casaram. Nove anos. Nossa, faz tanto tempo assim?
- Eu te amo - murmurou Doceh.
- Eu também te amo, Doceh - sussurrou Lych com um sorriso.
E o casal ficou ali, observando o mar tranqüilo. Estariam juntos nos próximos nove anos. E nos próximos, próximos...
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