sábado, 29 de setembro de 2007

Parte 50 - Mycil?

O ambiente era tenso: a enorme sala de gelo com toda a sua imponência e frieza que não ajudavam em nada a amenizar o clima de crescente nervosismo entre as meninas e o Rei. A Siih, vestida ricamente, sentava-se na ponta da mesa. Gika e Vê sentavam, cada uma a um lado (sim, quando se é iniciante como serva direta da Rainha, costuma-se viver juntamente com a Rainha durante sete meses - ou seja: acompanhar-la em tudo que é canto), Maria ao lado de Gika, Renegada ao lado de Vê diante de Maria e a Lala no meio entre Maria e Rei. Não, Lefi não estava na ocasião, apesar de requisitado. É que teve que sair correndo por causa de professores que estariam vendendo notas na melhor faculdade do Reino das Fadas.
- Nós temos uma série de perguntas, Rei de Heppaceneoh - disse Siih cerimoniosamente.
- Faça-as - disse o Rei - quantas quiser.
Siih deu um olhar crítico e perguntou muito séria:
- Como conseguiu escapar do castelo quando este foi tomado?
- Tenho sangue de fadas nas veias - disse o Rei - conheço alguns encantamentos.
- Todos já sabem que você tem um filho - persistiu Siih - como pôde abandonar-lo?
- Eu não o abandonei - respondeu o Rei - eu sabia que ele estava bem.
- Você não tem poderes para delegar proteção - afirmou Siih.
- Mas não fui eu quem concedeu proteção máxima ao meu filho - riu o Rei - pergunte isso para Renegada.
Pela primeira vez, a Renegada fez uma expressão ansiosa.
- Renegada?
- Errr... - fez a Renegada, sem saber o que falar.
- Rei de Heppaceneoh, como é que ficou tão perdido nas Colinas do Diabo? Não tinha poderes?
- Meus poderes só aparecem quando estou em perigo como teve na invasão - o Rei respondeu calmo - e eles não me garantem comida, água ou roupa lavada, Vossa Majestade.
Siih achou o tom utilizado para se referir a ela no mínimo muito baixo.
- Bem, eu tenho mais o que fazer - disse Siih - já vi que não conseguirei ter uma informação decente sua. Gika Branca e Vê G., venham comigo, por favor. Ainda falta seis meses e meio para se livrarem comigo :)
- E nós? - indagou Maria.
- Vocês ficam aí - respondeu Siih - Lala, agora é contigo. Torture-o, pode até tirar a pele dele. Mas eu quero todas essas perguntas - apontou para uma pequena pilha de papéis - respondidas com a verdade.
- E porque trouxe a Renegada? - perguntou Maria intrigada.
- Porque ela tem uma ligação com o Rei e ele só aceitou depor caso ela falasse também - respondeu Siih. E sem se escutar barulho nenhum de passos, ela saiu da sala acompanhada de Gika e Vê.
- Aham... - fez Lala.
Assim que a enorme porta bateu, a mesa se desfez magicamente. Logo Rei e Renegada se viram frente a frente, amarrados não com cobras finas e brancas mas com cordas finas e pretas.
- Mas isso é um absurdo! - protestou Renegada - agora eu sou uma interrogada também?
- Ao que parece, é - disse Maria - sinto muito, mas não posso lhe libertar...
Lala mordeu o lábio inferior, receosa. Ela nunca havia trabalhado com isso...
- Bem, a primeira pergunta é para Renegada - disse por fim - Renegada, você conhece o Rei? Err... as cordas são mágicas. Se você mentir, elas mudarão de cor.
A Renegada ficou boquiaberta. "Renegada, Renegada" disse para si mesma assustada "era melhor ter contado toda a verdade lá no começo. Agora você se ferrou e vai ficar sendo considerada uma falsa e provavelmente vai ser presa!". Renegada considerou as suas opções, olhou para o Rei. Bom, não tinha outra saída. Se iria se ferrar, iria levar-lo junto. O seu ódio pelo Rei estava quase a flor da pele, e ela não estava mais se importando se iria ser presa, morta ou sendo renegada pela segunda vez (de onde vocês acham que surgiu o apelido 'Renegada'?) contanto que o Rei ficasse sem o que mais amava na vida: o filho.
- Sim, eu conheço - respondeu Renegada por fim. O Rei deu um frio sorriso.
- De onde? Há quanto tempo? - Lala indagou sentada numa cadeira branca, ao lado de Maria.
- Há mais de dez anos... quando começou as medidas para escapar dos nortistas... - respondeu Renegada.
Lala assentiu com a cabeça.
- O Rei confirma? - indagou Lala virando-se para o Rei.
O Rei e a Renegada se olharam. O olhar de Renegada, vingativo e calculista, dizia tudo para o Rei: "você vai se ver comigo, otário". O Rei engoliu em seco.
- Confirmo.
- Que tipo de relação tinham vocês? - perguntou Lala lendo a prancheta.
A Renegada engasgou, o Rei olhou para o teto. Maria deu um olhar curioso, e indagou:
- Renegada... de onde veio este seu nome?
- Todas as minhas irmãs foram obrigadas a usar este codinome - respondeu a Renegada - viemos do Vale Norte.
- Mas qual é o seu nome de verdade? - perguntou Lala.
- Mycil. Das minhas irmãs, são Lynda e Kharën.
- E onde estão elas? - indagou Maria.
- Lynda está estudando a arte das trevas com as fadas renegadas no Vale Negro, e a Kharën se casou com um jovem alfaiate na Planície de Ouro e é mãe de duas doces crianças.
- Ahmm... - fez Maria - bem, voltando a pergunta...
- Qual era a relação entre vocês?
- Inimigos - afirmou Renegada, ou Mycil, enquanto o Rei respondia seguro:
- Amigos.
Lala e Maria ficaram muito confusas, e a Renegada e o Rei se fitaram cheios de ódio.
- Não fomos amigos, Calvin - disse Renegada, ao que o Rei retrucou:
- Mas também não fomos inimigos.
Mycil revirou o olhar, e Lala indagou mais uma vez - era visível a sua insegurança:
- Inimigos ou amigos?
Mycil revirou o olhar, e virando-se para Lala (apesar das cordas que a prendiam), disse em um tom desprovido de emoção:
- As duas coisas, Lala. Eu odeio-o, mas eu também o amo...
O Rei olhou para o teto, concordando com a Mycil/Renegada.

Um comentário:

Anônimo disse...

Weeee
Tô anciosícima *0*

Continua Lunática T_T