domingo, 16 de setembro de 2007

Parte 46 - Rei e Siih, malvados e irônicos

- Eu não consigo me lembrar ;_; - disse Raveneh tristemente - eu não sei como saí de lá...
- E o Arthur? - perguntou Maria - ele...
- Sim, é o filho adotivo do Rei - confirmou Raveneh - eu nem sei por que o trouxe. Ele é um menino chato, mimado, um pirralho qualquer. Mas... não sei, eu não sabia o que estavam fazendo com ele... E sem contar que o menino vale chantagem...
- Você tem uma mente sombria, Raveneh - riu Rafitcha. Ela estava bem mais leve agora que Raveneh podia conversar normalmente com ela e com todas as outras pessoas. Sim, Johnny ainda não contara sobre a segunda personalidade de Raveneh. Ele roía as unhas de preocupação, porque pressentia que esta Raveneh era perigosa. Ele não tinha certeza de nada, mas tinha medo do que poderia acontecer. E queria contar para Maria depois de conversar com a Raveneh "normal".
- Sim, estou bem... - Raveneh deu um suspiro.
- Bem, Johnny quer falar com você - disse Nath - vamos nos despedir aqui, você conversa com Johnny e dorme, está bem?
- Ok, Nath...
As pessoas foram saindo da sala, e entrou Johnny. Nath deu um sorriso malicioso e saiu da sala, juntamente com os outros.
- Olá, Johnny - cumprimentou Raveneh.
- Olá, Raveneh - respondeu Johnny admirando a face pálida de Raveneh - o que você vai fazer assim que sair dessa cama?
- Não sei - disse Raveneh - Johnny, eu tenho medo de dormir sozinha.
- Eu posso pedir a Rafitcha ou a...
- Não... Deixe elas - interrompeu Raveneh mordendo os lábios - eu... Você pode ficar naquela cama.
Johnny agradeceu em silêncio por a sala estar escura, sendo iluminada por umas poucas velas, porque assim Raveneh não viu que seu rosto ganhava uma tonalidade avermelhada muito interessante.
- Raveneh...?
- Não fala nada - disse Raveneh - eu só tenho medo de ficar sozinha. Por favor, não seja que nem Paulo e o Raven com mentes sujas...
- Rarã... O.o
Raveneh deu um sorriso e voltou a dormir.

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- Soltem-no - disse Siih - quero conversar com um Rei que saiba falar uma frase inteira com coerência.
As cobras que atavam as mãos do Rei chiaram, e caíram no chão, se contorcendo. E logo se desfizeram em chamas. Gika deu um múrmurio de surpresa, Vê chiou de nojo. O Rei deu um fraco sorriso, admirando suas mãos. Seu olhar que estava vazio logo assumiu uma expressão feliz.
- Não pense que está livre, Rei de Heppaceneoh - sibilou Siih - eu quero que me explique o desrespeito ao Tratado. Será que eu devo mandar você a falar com a Maria Jhujhu?
- Odeio a Maria Jhujhu ò.ó - disse o Rei.
- Eu não entendo seu ódio por ela - disse Siih - mas eu sei o que posso fazer para resolver seu problema de não se comunicar...
E logo duas cobras brancas e finas apareceram sibilando na mesa. O Rei assumiu uma expressão de medo e sussurrou:
- Eu digo...
Siih deu um sorriso. Virou-se para o séquito que a acompanhava e disse muito séria:
- Vocês estão dispensados. Muito obrigada.
Lefi abriu a boca para protestar, mas se calou ao ver a expressão segura de Siih. Se conhecia bem a irmã, ela iria intimidar o Rei até a morte, se for possível. Literalmente.
Todos saíram, deixando a porta fechada. Siih deu meia volta, e disse:
- Por que você desrespeitou o Tratado?
O Rei não respondeu.
- Por que você tentou raptar Raveneh?
Nada de respostas.
- O gato comeu a sua língua, Vossa Majestade?
O Rei levantou o olhar.
- Sabe, você está em baixa. Se eu te entregar ao povo das Campinas, você está morto! As pessoas têm raiva, sabem, quando alguém não cumpre uma promessa...
- Eu quero a vingança... - o Rei disse quase num sussurro.
- Vingança? Com quem? - Siih retrucou - eu era pequena na época, mas não quer dizer que eu seja burra.
- Você não sabe a história toda, menininha.
- Menininha? Aqui eu sou a Rainha, e é pra me tratar por Vossa Majestade ò_ó - sibilou Siih com raiva.
- Da missa, você não sabe a metade - riu o Rei.
- Você prefere morrer envenenado, fuzilado ou enforcado? - indagou Siih de costas para o Rei.
- Acho melhor envenenado, sem ninguém observando - respondeu o Rei com um suspiro.
- Você não é um bom pai - afirmou Siih.
O Rei levantou o olhar, furioso.
- Por que diz isso?
- Que tipo de pai não pergunta pelo filho? - indaga Siih voltando-se para o Rei, com um olhar sarcástico.
- Eu sei que Arthur está bem, Vossa Majestade. Ou você achou que eu ia deixar meu filho sem garantias?
- Ele tem a proteção de uma fada, por acaso? - ironizou Siih que sabia que bem poderia ser verdade.
O Rei deu um sorriso.
- Melhor que isso, minha cara. Mas melhor não falar muito... É segredo - finalizou a fala deixando o mistério no ar.
Siih mordeu a língua para conter o desejo de perguntar o que isso significava a resposta.
- Bem - disse o Rei - então vai ser difícil fazer você abrir a boca...
- Com certeza - disse o Rei.
- Você pode me dar uma pista, Vossa Majestade - perguntou Siih com uma ironia malvada.
- Perfeitamente, Vossa Majestade - respondeu o Rei com um sorriso - existe uma certa pessoa que sabe de tudo... Ela sofre, coitada.
- Ela? Quem é ela?
O Rei deu um sorriso ainda mais maldoso e respondeu sibilando:
- Eu não devia contar, mas pra uma moça tão bonita, quem resiste?
Siih bufou de irritação, e somente sussurrou um "fala logo, otário" em voz muito baixa. Mas o Rei ouviu e disse com uma maldade inconfudivel:
- Conhece uma tal de Renegada, das Campinas? Pergunte a ela sobre mim...

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