quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Parte 45 - Quarto de Gelo & Raveneh =D

Siih logo recuperou a compostura, e abriu a porta da Sala Escura, que tinha o nada singelo apelido de "Quarto do Horror" devido as torturas que aconteceram há mais de dois séculos, numa guerra lendária.
Dentro da sala, uma mesa de madeira e várias cadeiras. As paredes escuras, mas limpas. Reinava no aposento um clima de mistério. Uma fada de cabelo preto logo ergueu o nariz, e disse serenamente:
- O Rei de Heppaceneoh foi capturado em condições imploravéis, Vossa Majestade.
Siih olhou mais atentamente: quem falava era a Gika. Bem, fazia sentido: Gika tinha uma graduação excelente em Medicina, e era a Médica do Conselho. Nada mais justo que designar-la como a médica responsável pelo Rei de Heppaceneoh.
- Continue, srta Gika Branca - disse Siih gravemente.
- Ele está preso, e sendo bem-alimentado. Encontraram-no perto das Colinas do Diabo (que nome O___O" Imagino o motivo xD), mais exatamente na Taberna do Joè (N/A: se pronuncia "Joéé") tentando negociar a vigésima segunda caneca de uísque fervente com o dono do estabelecimento, Lue Joè Mêndelêh. Estava sem dinheiro algum, e ofereceu como pagamento a capa real que usava. O dono ficou chocado com a suavidade da capa, e viu o brasão da família real bordado. Achou que fosse algum ladrão, e denunciou as guardas. Logo foi reconhecido como Rei, e as fadas que lá estavam o trouxeram hoje, há exatamente quarenta e sete minutos, e err... dezessete segundos...
- Entendo... Quero interrogar esse Rei. E ai dele se tentar alguma gracinha ò_ó - disse Siih em um sussurro maldoso.
- Wow - disse Vê - ele está a sua espera, Vossa Majestade.
Siih somente deu um sorriso frio, e disse:
- Quero que Gika Branca, Vê G., Lefi e as duas fadas Guardiãs Reais acompanhem-me! - acentuou seu sotaque forte - agora!
Todos se puseram de pé, atrás de Siih, que estava toda chique na frente vestida de azul bem escuro, quase preto. Usava também um broche de prata em formato de estrela. No Mundo das Fadas, quando se morre alguém querido, é hábito usar roupas escuras. E a filha/o filho do falecido tem que usar, durante sete dias e sete noites, um broche em formato de estrela simbolizando saudades e iluminação. E era o que Siih estava fazendo.
Lefi vestia um manto negro muito bonito, Gika Branca um vestido amarrado com uma faixa clara na cintura e o vestido era da cor do mar. Vê usava um vestido que tinha a mesma tonalidade que a casca das árvores de uma floresta encantada. E as duas fadas Guardiãs Reais usavam o mesmo uniforme: um vestido branco e pouco volumoso, e um manto por cima, sempre branco de borda dourada: lembrava um poucos os gregos de antigamente, quando se conta sobre mitos gregos.
Atravessaram um comprido corredor, muito limpo, muito branco, muito... errr... muito frio. E chegaram a uma porta gigantesca, feita de gelo. Gika e Vê ficaram boquiabertas: construções feitas de gelo que não derretem não existe em qualquer lugar do mundo... São muito difíceis de fazer e exigem um bocado de magia: fadas com mais de cinqüenta anos de idade vestidas de amarelo, flores raras vindas do Oriente, e água da chuva...
- Rüeeh Min Ik Okï! - disse a Rainha Siih com rispidez.
Esse foi o máximo que consegui escrever as palavras em caracteres humanos, pois a língua é muito antiga. E como já disse aqui, a história se passa em tempos remotos antes de vir os homens das cavernas e o sol e a lua concordarem em não falar com humanos. E como estava contando, depois de Siih dizer os enunciados, a porta de gelo se abriu. Vê e Gika soltaram um múrmurio de surpresa: então as lendas eram verdadeiras!
O grupo entrou no aposento. Enorme, feito de gelo. Todos tremeram menos as fadas Guardiãs Reais, porque elas são pagas para se manter paradas e leais, e não para tremer em um quarto feito de gelo. Um quarto cujo teto tinha formato triangular, claro. O gelo não se derretia mesmo com o sol queimando lá fora. E no centro, uma única mesa, feita de vidro. E nesta mesa, estava sentado o Rei, de cabeça baixa, olhar sem expressão e mãos atadas com cordas brancas.
Gika se aproximou e percebeu que as cordas que atavam as mãos do Rei não eram cordas.
Eram cobras finas, de olhos vermelhos e maus.
O Rei estava sendo submetido ao pior tipo de tratamento psicológico que existia no Mundo das Fadas.

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Nath estava sentada ao lado de Raveneh, vestida de branco, lendo um livro grosso quando Raveneh se mexeu.
- Nath? - disse Raveneh em um tom tão fraco, que parecia estar a beira da morte.
- Raveneh! - exclamou Nath largando o livro de lado - como você se sente??
- Mal - murmurou Raveneh - eu... eu vim pra cá? Quando?
- Johnny te trouxe - Nath respondeu - você estava tão cansada! Desmaiou assim que Rafitcha te viu...
- Nossa - Raveneh suspirou - minha cabeça dói, Nath. Como está Rafitcha? Maria? Renegada?
- Todos bem, todos bem! - exclamou Nath - quer água, comida, qualquer coisa?
- Quero... bem, chamem Rafitcha, Maria, Umrae, essas pessoas primeiro. Faz muito tempo que não os vejo e tenho tanta saudade, Nath! - exclamou Raveneh dando um fraco sorriso - e depois quero falar com Johnny a sós.
Nath deu um sorriso.
- Sim, chamarei todos! - exclamou ela sorridente. E saiu pela porta afora.
Raveneh suspirou feliz. E olhou para o teto de madeira, dando um alegre sorriso. Estava em casa. Em casa.
Ela estava em casa.

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