sábado, 1 de setembro de 2007

Parte 37 - Velório de Fada

- Tive péssimas notícias - anunciou Lych - fui a cidade disfarçado, e descobri que os nortistas tomaram toda a cidade e aprisionaram os súditos do castelo.
- Raveneh está no castelo - observou Rafitcha desconsolada - o que faremos?
- E o Rei? - perguntou Maria.
- Não se sabe - disse Lych - não sei do menino, ele era segredo... somente alguns servos do castelo sabiam. Lembra que Raveneh teve que conquistar a confiança do Rei para conhecer o garoto? Então.
Renegada mordeu o lábio inferior, tremendo. Todos atribuiram isso ao temor pela Raveneh, afinal a Renegada era bastante ligada a Raveneh, afinal eram amigas desde antes de chegarem as Campinas.
- Meu Deus - murmurou Maria - estou me sentindo culpada.
- Porque? - indagou Nath que estava servindo os chás para acalmar.
- Eu que a mandei para esta missão! Agora ela está em perigo e... - Maria exasperou-se - nós nem sabemos se ela está viva!
- Faça algo! - exclamou Johnny - vá lá!
- Mas é perigoso! - retrucou Umrae.
- Então vou eu - Johnny decidiu - eu vou lá e buscarei Raveneh, dane-se o Rei ou o príncipe. Depois vocês fazem um tratado qualquer e...
Alguém bateu na porta.
- Entre - todo mundo disse olhando para a porta.
Fer e Kibii entraram juntas, ofegantes.
- Maria... - começou Fer.
- Errr... - Kibii disse.
- A Rainha das Fadas... - disse Fer, mal podendo respirar direito.
- Fale logo! - mandou Maria, ficando de pé, dramática.
- Ela morreu - anunciou Kibii.
Raveneh desaparecida e a Rainha das Fadas morta.
O que mais faltava acontecer?, pensou Maria.

--------------------------

Era tudo muito bonito, cheio de nuvens, luzes estranhas e um cheiro de jasmim no ar. A Cidade das Fadas é um lugar excepcional para se visitar, onde se compra livros que mordem, espadas de fogo e de água ao mesmo tempo ou flores que cantam Jinglle Bell. Mas Maria não estava ali para ver a peça do teatro do momento, como gostava de fazer. Estava ali porque todo o Reino de Fadas estava numa situação que só vinha de tempos em tempos: a morte da Rainha das Fadas.
O palácio principal, normalmente cor-de-rosa e lilás, estava mais cinza e uma bandeira negra tremulava triste, entregue ao vento. As fadas caminhavam de cabeça baixa, com jornais amassados contra o peito. As escolas não funcionavam, e os opositores da Rainha controlavam as línguas: não era legal falar mal de alguém que acabou de morrer.
Maria se dirigiu ao Palácio de Gelo, que na verdade era somente uma mansão maior do que o costume e construída com os fins de ter todos os eventos importantes da realeza local. Logo havia um crematório: sim, as fadas eram cremadas. Certamente não iriam ser enterradas, pois elas vivem em nuvens. Não custa muito lembrar disso u_ú
Maria estava conversando com uma fada ou outra, quando encontrou uma menina que não via há tempos.
- Lala? - chamou.
- Maria!... - exclamou Lala com um tímido sorriso - há quanto tempo!
- É...
- Céus, estou arrasada... Gostava tanto da Rainha! - comentou Lala - agora vai ser a filha dela...
- Sim, eu sei quem é - Maria disse - a Siih e seu irmão adotivo, o Conselheiro.
- Ah, o Lefi! - exclamou Lala - bem, estou pensando em morar de vez nas Campinas. O que acha? Ouvi dizer que você está entrando em guerra...
- Sim, você poderia me ajudar - afirmou Maria - você é uma estrategista militar, não?
- Oh, yeah - Lala disse com seu sotaque carregado.
As duas se calaram.
Logo se iniciou a cerimônia. Não vou perder meu tempo descrevendo a cremação enquanto Raveneh está tentando fugir do inferno. Portanto escreverei apenas que foi tudo muito triste, as fadas tinham a maior cara de miséria e tudo o mais. Não era exatamente um lugar agradável, e Maria, por mais que ela ficasse triste com a morte da Rainha, estava muito preocupada com Raveneh. De modo que assim que pôde, chegou as Campinas.

--------------------------

- Vamos dar um jeito de tirar Raveneh de lá! - exclamou Maria, ainda com as roupas da viagem - Lala veio comigo, ela pode nos ajudar e...
Rafitcha, Lych, Doceh e Umrae estavam com uma expressão apreensiva.
- O que foi? - indagou Maria, lentamente.
Rafitcha mordeu o lábio inferior, hesitando antes de dar a notícia:
- Johnny... ele... - fechou os olhos e continuou: - ele foi atrás de Raveneh.
- Oh, meu Deus! - exclamou Maria - mais um que vai para aquele inferno, não...

Nenhum comentário: