terça-feira, 24 de junho de 2008

Parte 41 - Realmente... expectativa assassina.

- Pelas Virgens de Madalena! - gritou Lala - tem uns seres matando todo mundo lá embaixo! O que você fez, Ophelia?
- Criei o caos - disse Ophelia - eu não te disse que faria isso?
Lala mordeu o lábio inferior. Foi uma coisa tão de repente... nem vira Ophelia se mexendo, dando ordens ou algo assim. Somente estavam ali, em cima de uma montanha, lá embaixo uma cidade enorme, repleta de pessoas infelizes ou não. E do nada, essa cidade se viu cercada de demônios de quatro, seis metros de altura, gananciosos, dentes pontiagudos, aquela fúria quase assassina. Uma cidade que não via demônios há centenas de anos se via agora aniquilada por eles, um cenário que era muito comum até os demônios serem combatidos pelo governo.
- Vai matar inocentes? - gritou Lala tentando se recompor - céus, inocentes, Ophelia!
- Isso é uma guerra - Ophelia disse mordendo o lábio inferior - gosto disso tanto quanto você. Mas não posso simplesmente invadir o castelo sem dar uma amostra do que posso fazer...
- Como conseguiu mandar os demônios atacarem sem dizer uma palavra? - perguntou Lala apavorada.
- Você não entenderia, é fraca demais para entender - Ophelia finalizou a conversa.
Lala engoliu em seco, tentando desfazer aquele nó na garganta. Podia sentir o desespero, podia ouvir os gritos, podia ver os demônios urgindo. Era uma guerra, uma guerra insana...
- Te odeio, Ophelia.
Ophelia não respondeu, os olhos se fechando e seu rosto se contorcendo como se sentisse dor. Sabia que um dia Lala a odiaria... sabia que um dia seria necessário Lala lhe odiar, sabia que para ser a Rainha do Novo Mundo, precisaria sacrificar a sua piedade... odiava o fato de que a melhor amiga lhe odiava, odiava ainda mais quando lembrava que vidas estavam sendo perdidas por sua culpa...

Naquele momento, Ophelia se odiou.

----------------------------------

- Uia! - gritou Zidaly - vieram aliados?
- Sim! - disse um homem alto, de cabelos quase ralos e finos - somos do Mundo das Fadas e viemos ajudar Grillindor.
- A Rainha não brinca em serviço - Zidaly riu como um vencedor sorri - podem se espalhar por aí.
- Sim!
Zidaly viu tudo à sua volta, se perguntando onde estava Crazy. No Fórum, provavelmente pensou ele sempre quer todas as honras... os assassinatos mais importantes...
- Segunda-oficial! - disse um soldado energicamente - preciso fazer um pedido!
- O que foi, homem? - perguntou Zidaly do alto do seu cavalo - desembucha!
- Achei um grupo de forasteiros encantados! - disse o soldado - uma caçadora de demônios, uns humanos de Campinas... eles são forasteiros e procuram abrigo como amigos de Grillindor!
- Deve ser os amiguinhos de Crazy - Zidaly sussurrou em um tom baixo - tragam-no!
- Está bem! - disse o soldado e logo depois sumiu de vez na multidão.

----------------------------------

- Estou indecisa - admitiu Raveneh por fim ao ver Jorge tentando chutar a porta - eu realmente estou indecisa. Mas...
Ela suspirou. Não era da sua personalidade desejar a vingança, não era boa em imaginar castigos terríveis. Tudo isso era coisa de Catherine, e acabou engolindo o orgulho e se permitir ser Catherine. O sorriso aflitivo e fingido deu lugar a um outro sorriso, este verdadeiramente terrível.
- Acho que eu tive uma idéia - Catherine disse.
Não é necessário dizer que Jorge gelou quando ouviu a mudança no tom de voz: a medida que a voz de Raveneh era sempre doce, terna e calma, a de Catherine sempre era fria, controlada, cruel. Mesmo quando Catherine dizia palavras de bondade, o tom de voz não mudava.
- Maldita... - Jorge mordeu o lábio inferior e chutou a porta com mais força, desta vez estava realmente com medo.
Catherine abriu o sorriso, andando calmamente. Cada passo era uma tortura para os ouvidos de Jorge, cada centímetro a menos entre ele e a meia-irmã era um verdadeiro convite ao inferno.
- Será que você sente dor se eu atingir aqui? - perguntou Catherine em um sussurro, muito próximo ao ouvido de Jorge, a pergunta sendo acompanhada por uma dor aguda, alguma coisa perfurara seu abdomên. Se virou, e constatou, com surpresa e pavor, que o que perfurara sem abdomên foi o dedo indicador de Catherine: sim, ela tivera força o suficiente para rasgar a pele de Jorge, fazendo ele sentir dor, sem usar uma faca ou qualquer coisa. Ela só queria machucá-lo bastante, mas seus sentidos estavam confusos...

Catherine se afastou, a mão manchada de sangue. Os sentidos embaralhados, a visão turvada. Nunca uma vingança levara tanto tempo, tanto trabalho... porque se sentia tão tonta? É... falta de comida e bebida. Não comera nada faz quanto tempo? Pouco antes do julgamento, comera um pedaço de pão. Desde o julgamento não sabia o que era comer, rejeitara todos os pratos lhe entregue na prisão. Devia ser isso, com certeza... se apoiou na mesa, focalizando o Jorge. Ele havia desabado no chão, de joelhos, pasmo. O ferimento não fora tão grande, mas a arma utilizada fora suficiente para paralisar o meio-irmão de pavor.
Escutou passos.
- Deve ser Crazy - sussurrou.
Catherine não estava com medo, só tentava se recompor. Pegou o tecido da cortina que estava largado no chão, limpando as mãos, enquanto alguém chutava a porta do lado de fora. Chutou Jorge como quem chuta uma lata de refrigerante, ficando ao lado da porta. Estava totalmente despreocupada, e definitivamente não estava com pressa.
BAM.
O terceiro chute foi mais forte, a porta veio abaixo. Atrás da poeira que subiu na queda da porta de madeira, Crazy apareceu. Não ficou surpreso ao constatar que Raveneh o esperava pacientemente.
- Boa noite, Raveneh - cumprimentou Crazy sorridente - veio finalizar a vingança? Então porque Jorge está vivo?
- Estou um pouco fraca - admitiu Catherine com um suspiro - e não consigo ter idéias boas.
- Ah - Crazy compreendeu imediatamente - bem, acho que não precisarei matá-lo, então.
- Oh claro que não - Catherine sorriu forçadamente - ele vai estar morto de qualquer maneira.
Crazy sorriu, e resolveu sair do quarto. Ele não era um homem vingativo ou que se preocupava em torturar as pessoas. O seu trabalho era matar as pessoas mais importantes do governo de Istypid. Se um homem já seria morto por uma garota, ótimo, menos trabalho para ele. Deu adeus com a mão e saiu em caça da próxima vítima.
A noite se tornava mais escura. As horas passavam despreocupadamente. Até Catherine simplesmente se decidir...

----------------------------------

- Você me parece útil, mulher com espada - começou Zidaly olhando de cima para baixo para a garota de roupas negras, a espada de prata embainhada nas costas, sua expressão séria - gostaria de lutar conosco durante algumas horas? Sabe, já estamos no final da tomada dessa cidade ^^
- Não, obrigada - respondeu Bia com frieza - embora muitos desses homens que estão sendo mortos sejam verdadeiros demônios, ainda prefiro os fisicamente demônios.
- Uma resposta inteligente - Zidaly disse, também com frieza - para dizer que odeia guerras entre humanos. Não é?
- Absolutamente, senhorita - Bia concordou - a raça de humanos é uma raça desinteressante e fraca.
Zidaly riu. Revirou os olhos com um sorriso torto, e disse para um soldado qualquer:
- Proteja todas essas pessoas, entendeu? - continuou - eles são amigos de Crazy.
- Sim, senhora! - gritou o soldado, fazendo uma retinência.
O grupo se viu seguindo um soldado, entraram num lugar estranho: uma casa que mais parecia um galpão abandonado. Por todo o lado, havia armaduras cinzentas, por todo o lado homens guinchavam da dor. Aparentemente era um hospital improvisado para acolher feridos na guerra, e eles eram poucos, em comparação com os humanos.
- Oh céus! - gemeu Rafitcha olhando para o bebê e para os homens - isso aqui é um hospital?
- Sim - disse o soldado - é uma área protegida, podem ficar aí...
- Oh sim - Bia acabou por suspirar. Realmente queria saber onde estava Raveneh.
Fincou a espada no chão, e se sentou, apoiando as costas na espada. Fechou os olhos.
- O que está fazendo, Bia? - perguntou Tatiih quase escandalizada.
- Descansando, ora essa - respondeu ainda de olhos fechados - deviam fazer isso também. Estão todos muito cansados...
- Mas e Raveneh? - perguntou Johnny escandalizado com a tranquilidade de Bia.
- Ela vai ficar bem - afirmou Bia tão categoricamente que ninguém conseguiu contradizer.
E todos suspiraram, torcendo para que Raveneh ficasse bem...

2 comentários:

PollyQueiroz disse...

só pra dizer que estou lendo :)

Anônimo disse...

Há, bem feito pro Jorge u_ú

Meio sumida do Helpá mas sempre venho aqui ler *-*