sexta-feira, 6 de junho de 2008

Parte 35 - Um capítulo lento e desimportante =)

Jirä deu o primeiro movimento: ergueu vários tentáculos tentando esmagar Ophelia, que escapou dando um salto para trás, pousando de forma suave em um galho de árvore. O demônio assumiu um olhar presunçoso.
- Então realmente não é uma qualquer - disse - são poucos os que conseguem escapar desse golpe tão rapidamente... sempre se machucam.
Ophelia também sorriu, em pé, as folhas atrás.
- Eu sou a Musa mais poderosa que todos os demônios e Musas - disse Ophelia - eu não sou qualquer uma que se usa de palavras para fazer um exército.
Jirä reprimiu um riso, movendo mais tentáculos tentando alcançar Ophelia que se movia: um salto, um pulo, um ziguezague que nem mesmo Jirä conseguia acompanhar. Cada tentáculo que ia pra direita, Ophelia a confundia indo para a esquerda. E quando corrigia, Ophelia ficava bem ao seu lado. Seus reflexos eram tão bons, sua rapidez em escapar era tão surpreendente que Jirä preferia desistir. Mas era questão de honra: a luta só acaba com a morte de uma das duas.
Ophelia nem estava suando, nem estava ficando descabelada com os movimentos rápidos que fazia. Só meio tonta. Era hora de atacar.
Um. Dois. Três.
Não doeu muito, e se a dor existia, era porque não estava acostumada com isso. Mas suas pernas mudaram de forma, transformando-se em tentáculos idênticos a da Jirä. Seu corpo se mudava pouco a pouco, como se tivesse mudando de pele. Fez aumentar os órgãos vitais, o coração bateu mais rápido, o sangue acelerou, as células se multiplicaram a mil por segundo.
O que é isso? Essa coisa monstruosa...
Ophelia passou a ganhar tamanho, esticando os ossos por vontade própria. Estava ficando ainda mais alta, os tentáculos ganhando espessura e força o suficiente para sustentar o corpo. Jirä recuou, engolindo em seco. Quem era... não!, o que era isso?
O que eu estava pensando na hora de lutar com ela... essa energia...

E o toque final que Lala já havia visto: os braços aumentaram de tamanho, modificara a espessura deles e a maleabilidade: eram perfeitos para circundar a floresta.
- Está gostando do seu fim, Jirä? - perguntou Ophelia - sou Rainha o suficiente?
Jirä era até um ser honesto quando está vencendo. Mas a um passo da derrota absoluta, se viu diante da humilhação. Em um golpe tão rápido que nem Ophelia pôde visualizar direito, moveu-se para atrás de onde Lala estava e dois dos seus tentáculos enrolaram Lala, quase esmagando seu frágil corpo.
- E agora, Ophelia? Você é Rainha o suficiente para esses casos?
Ophelia fechou os olhos, se vendo em uma difícil situação: Jirä não hesitaria em matar Lala.

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O sol estava frio.
Mas Catherine não se incomodava: estava protegida por uma capa que roubara de um dos soldados. Do telhado, via o corpo de Raveneh suspenso, morto, sem vida. Tolos, pensou. Mal sabem com quem estavam lidando. No momento que recebera a consciência de Raveneh, ela que tinha todas as lembranças e poderes integralmente, sabia o que agir.
Sorriu.
Deu as costas, nem se incomodava que começassem a xingar o corpo de Raveneh. Era apenas um boneco, uma marionete manipulada a custo de muito poder. Mas Catherine não se sentia cansada, somente revigorada. Nunca usara tanto poder de uma vez só, e essa sensação era amada, adorada: se sentia a mais poderosa. Agora podia exercer a vingança, junto com Raveneh. Mas primeiro precisavam cuidar de Maytsuri, precisavam contar com o apoio dos amigos. Deu um salto do telhado, pousando suavemente no chão, sem levantar poeira nem despertar atenções.
Andou no meio da multidão demonstrando repúdio ao corpo de Raveneh, lançando pedras. Odiava aquela praça: lembrava-se dela, dos dias que sua mãe lhe levara.
A praça estava lotada, cheia.
- Aqui - disse a mãe - é onde gente vagabunda feito seu pai se ferra, entendeu?
- Mamãe, está me machucando...
- Pare de choramingar!
Alguém era apedrejado no palanque. Um homem alto. Provavelmente algum amigo do seu pai, pois ao ve-la, ele sorriu. Ele morreu com um sorriso no rosto...

Catherine conseguiu achar Rafitcha e seu grupo. Mas não podia se encontrar com eles agora, tinha que protege-los primeiramente. Deu uma olhada em volta, achando os soldados com facilidade. Com certeza estavam na pista de Rafitcha & Cia.
Jorge... você me paga.

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Existem certas coisas que acontecem na vida que dizemos que achamos que são possíveis de acontecer, mas sabemos lá no fundo que é impossível. Era o Crazy achava em relação a condenação de Raveneh. Jamais acreditou na morte dela e jamais acreditou que Raveneh realmente passara pela tortura. Raveneh era o tipo de pessoa, acreditava Crazy, que jamais deixaria se humilhar de uma forma tão inútil. E acabara de ser mãe, estava mais que na hora de ir embora dali. Seus olhos estavam vazios na execução, e Crazy se lembrava bem do olhar de Raveneh: um olhar decidido, penetrante, orgulhoso. Mas Jorge estava tão feliz, tão exultante que ele não falou nada. Jorge iria ver a própria ruína logo, logo...

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Catherine decidiu preservar Raveneh da existência de um dia. O sol subiu, aqueceu um pouco, e Maytsuri chorava querendo o leite que já não estava ali. O grupo vivia em um clima tão tenso, tão arrasado, mesmo sabendo que tinha alguma coisa errada.
- Catherine nunca deixaria Raveneh morrer - murmurava Johnny sem parar - isso não pode ter acontecido.
- Era o corpo de Raveneh - disse Amai tentando relembrar aquela cena fatídica - mas... mas como? Não parecia Raveneh.
- Ela está viva - confirmou Bia - não sei como, mas ela sobreviveu.
Todos abaixaram a cabeça, sentindo lá no fundo que Raveneh de fato estava viva. Sabiam sem saber, como se sentissem um cheiro que não soubesse definir o que era nem de onde vinha. Ela estava viva. Era uma esperança invisível, onde o grupo se apoiava sem certeza nenhuma.
Tem pessoas que fazem isso: jogam todas as esperanças em algo que não dá para se provar.

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Ophelia não recuou. Nem um tiquinho. Não era mulher de recuar, ora bolas! ù.u

Simplesmente se curvou serenamente, dando a Jirä a falsa impressão que a oponente estava se rendendo, mas era um engano horroroso: Jirä baixou a guarda, afrouxou os tentáculos em volta de Lala, o que permitiu Ophelia deslizar pelo chão tão velozmente que mais pareceu um borrão meio marrom. Em questão de um ou dois segundos, metade dos tentáculos de Jirä estavam despedaçados: cortados em fatias, o sangue tingindo o chão, Jirä sentindo aquela dor aguda e perdendo o equilíbrio, tentando se apoiar com a outra metade.
- Vadia... vadia... eu te mato, sua vadia! - resmungava, tentando engolir o sangue que insistia em ir para a garganta, para fora. Estava perto da morte.
Ophelia só sorriu, com aquele sorriso belo e enigmático, aquela expressão indecifrável, a Lala sendo cuidadosamente manuseada pelos próprios tentáculos. Lala estava grogue com a força dos tentáculos: se esforçara demais para sair deles, embora fosse inútil.
- Prefere viver e ser minha escrava - começou Ophelia calmamente - ou prefere a morte?
Jirä, caída no chão, ofegante, o sangue descendo pela boca, a olhou com fúria.
- Prefiro... - disse - ah... prefiro uma luta honesta...
- Não foi honesto você se servir de Lala como refém - Ophelia retrucou com toda aquela sua calma característica - e foi inútil. E 'luta honesta' não está entre as opções, sinto muito.
Jirä provavelmente se odiaria por ter dito o que ela vai dizer agora, mas seu desespero e amor pela própria vida era tão alto que simplesmente optou pela saída que lhe permitiria respirar.
- Não serei sua escrava - disse - mas servirei no seu exército, Ophelia, a Musa Adormecida, Rainha do Novo Mundo.
- Isso é bom - Ophelia disse, seus olhos brilhando - isso é muito bom. ;)
Jirä engoliu o sangue, se regenerando aos poucos, derrotada.

Um comentário:

. L disse...

CofcofEuDisseQueRavenehEstavaVivacofcof!