sábado, 14 de junho de 2008

Parte 39 - E para o deleite de vocês... senhores e senhoras, reapresento-lhes o maior covarde, bundão e maricas de todos os tempos!! *-*

- Grillandos! - gritava Crazy montado a cavalo. E infelizmente a Zidaly também estava montada no mesmo cavalo, atrás dele - Grillandos! Hoje vai ser a vitória, a revanche! Vamos retomar a NOSSA terra! Vingar nossos pais, nossos avós! Vamos vingar quem morreu e quem foi banido! Vamos vingar a nossa terra!
- HUHUU!!! - gritava os soldados.
- Então vamos!
O que se seguiu foi uma confusão generalizada: soldados se confrontaram (Jorge denunciou a traição de Crazy, jurou que ele ia morrer decapitado e mandou a tropa ficar de prontidão. Em um espaço de menos de dez minutos), sangue se derramou de ambos os lados. Crazy somente sorriu. Havia matado uns cinco oponentes em um espaço de três minutos. Bundões.
Lutava com maestria como se não fizesse outra coisa da vida, coisa que fazia Zidaly ainda mais apaixonada.
- Ah meu herói! - ela gritava esganiçada - meu herói!
- Não devia estar na luta também em seu cavalo, senhorita? - Crazy se irritava com aquela "donzela" atrás.
- He-He - Zidaly resmungou.
Quando viu mais um adversário cair do cavalo, tomou o seu cavalo e a espada do adversário.
- Quem disse que eu sou incompetente mesmo? - riu.
- A espada inimiga é desprezível - riu Crazy - melhor pegar de um dos nossos mortos.
- Como você é deprimente, Crazy! - Zidaly gritou e sumiu no meio, provavelmente defendendo-se e procurando uma espada boa.
Zidaly era uma completa vagabunda e péssima em missões de espionagem para onde só era mandada porque subornava os oficiais com dinheiro e corpo. Mas quando se estava em uma luta, uma batalha como era, Zidaly era uma das melhores, quase igual a Crazy. Foi em cima dessa habilidade que ela construiu a fama no início, como a melhor mulher para lutar.
- Maldita Istypid! - gritou Crazy - que morram!
- Mulheres e crianças? - perguntou um soldado caminhando para a cidade.
- Protejam as mulheres e crianças - ordenou Crazy - e não toquem nelas! Quem ousar machucar uma donzela ou criança vai morrer nas minhas mãos! Mas quanto aos homens... matem-nos!
- Sim! - gritou o soldado. Aparentemente era um comandante subordinado de Crazy, pois foi seguida por uma tropa que seguiu ferozmente para a cidade.
E Zidaly estava no meio dessa tropa, como Segundo Oficial.
No meio da cidade, as pessoas se atropelando, apavoradas e as casas sendo trancadas (embora seja burrice em uma guerra se trancar na casa: todo mundo sabe que em guerras, uma das coisas que mais se faz é queimar casa), Zidaly gritou:
- Mulheres e crianças! Mulheres e crianças, fiquem fora de casa! - avançava com o cavalo em cima de um homem desprotegido - quem estiver dentro de suas casas vai morrer! Aviso dado! Podem começar, soldados!
- E quem estiver fora vai morrer também! - gritou uma mulher que estava pendurada na janela. A sua voz ecoou e conseguiu sobressair entre outros gritos - está dizendo um absurdo!
- Queimem a casa dela - Zidaly disse em uma voz baixa e fria.
Apesar de toda a sua vulgaridade, Zidaly podia ser a mulher mais intimidante quando quisesse. E foi naquele momento, quando mandou incendiar a primeira casa com uma mulher e uma criança dentro. A criança escapou, mas a mulher morreu queimada, gritando freneticamente, reduzida a cinzas.
Você pode pensar que isso tudo é uma barbaridade tamanha. Que não se paga violência com mais violência. Que pensava outra coisa a respeito de Crazy. Que achava que Zidaly era somente uma mulher estúpida, não cruel. Mas ninguém tem tempo de pensar em idealismo no meio da guerra. Em uma guerra, você pensa em sobreviver. O resto que se arranje. Zidaly podia ser uma mulher cruel quando mandou incendiar uma casa com gente dentro. Crazy podia ser perverso quando mandou soldados matarem todos os homens inimigos que encontrarem. Tão perversos como Jorge, mas é assim que a vida é. Se for para analisar a maldade do humano só pelo que faz, então sinto muito, terá que classificar todos de Campinas como malvados: Raveneh matou a própria mãe e não socorreu a irmã, os seus amigos mais ainda, sendo veteranos de batalha. Todos eles serão classificados como cruéis? A raça humana é uma coisa estranha, onde tudo tem que ser analisado. Talvez a crueldade não seja uma característica sempre marcante... somente em situações extremas como uma guerra.

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- Vão matar todos os homens que encontrarem - disse Bia - e queimar as casas.
- Mas como queimarão? - Raveneh estava meio tonta com a gritaria - não estava chovendo?
- A chuva parou - disse Rafitcha - temos que sair daqui. Vamos!
- Pela porta ou janela? - indagou Johnny - vão pela porta!
- Como assim? - gritou Raveneh indignada - você vem com a gente!
- Ele não pode - lembrou Bia - vão matar todos os homens e não acho que vão saber que Johnny não mora por aqui... só se Crazy estivesse aqui.
- Ai que raiva - resmungou Raveneh - vá pela janela, Johnny e fique no telhado!
- Ai céus - Johnny subiu pela janela com destreza, alcançando o telhado da casa vizinha. Visualizou as casas queimadas, as crianças gritando, as mulheres tentando proteger seus filhos.
Amargou a sensação de desemparo, de solidão. E se uma daquelas mulheres que choravam fosse Raveneh? E se uma daquelas crianças procurando o pai fosse Maytsuri? E se... não queria mais se perder no "e se...". Aquilo já estava ficando desesperador demais.

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- Está havendo uma guerra na Terra Seca - disse Ophelia olhando fixamente para algum lugar de repente como se escutasse algo.
- A Terra Seca é absurdamente longe daqui! - surpreendeu-se Lala - como consegue saber que há uma guerra?
- Não acredito que você não sabe! - indignou-se Ophelia - olhe... fogo e fumaça está subindo aos céus...
- É tão longe! Mal consigo enxergar! - reclamou Lala - só você consegue!
- Não tem jeito, continua um fracasso ¬¬
Lala ficou embirrada, ao que Ophelia ignorou, se levantou e seguiu para a frente. Estavam em cima de um vale.
- Lala, daqui você consegue ver - disse - venha!
Lala continuou embirrada.
- Você me chamou de fracasso. Não vou.
Ophelia bufou impaciente.
- E o que você é? Um sucesso de pessoa que não é. Agora venha ou vou ter que te arrancar daí?
Lala se levantou resmugando muito, até ficar ao lado de Ophelia. Nunca tinha percebido em como estava em um vale tão alto. Aliás nem vale, era uma montanha! Por isso o frio absurdo que estava sentindo... essas viagens com Ophelia estavam fazendo Lala perder a noção de localização, tamanha era a facilidade de Ophelia em alcançar os cumes das montanhas.
- Por todas as Virgens de Madalena! - exclamou Lala - como isso é ALTO!
Era realmente muito alto, tipo pareciam que estavam no topo de um arranha-céu de Nova York. Lá embaixo, podiam ver todo os reinos: o Mundo das Fadas lá longe, uma nuvem arroxeada... as Campinas, Heppaceneoh, os reinos ao lado, as florestas, estradas, tudo! E lá longe, muito longe, se podia ver a Terra Seca. Realmente como Ophelia havia dito, havia fumaça.
- Uma guerra... - Lala murmurou - realmente tem cara de uma guerra. Mas porquê?
- Ou uma tentativa da Liga Seca acabar com Grillindor ou o Grillindor está retomando a sua terra - sugeriu Ophelia - qual você acha mais provável?
- A segunda opção - Lala respondeu refletindo seriamente sobre o assunto - Grillindor sempre quis... sempre se preparou para esse momento.
- E quem está ganhando? Feche os olhos e sinta - Ophelia perguntou, ficando atrás de Lala.
Lala fechou os olhos, tentando ignorar a própria energia. Ignorou a de Ophelia que irradiava perto de ti, ignorou todas as outras. Tentou se concentrar em uma terra árida, uma terra que ardia sob as estrelas, uma terra onde a vingança era alimentada. Doía. Ah, sentiu a dor de um soldado ferido... aparentemente foi apunhalado no peito, o sangue jorrou.
- Dói! - gritava Lala - dói!
- Não abra os olhos! - ordenou Ophelia - quem está ganhando?
- Dói! - Lala continuou - dói! Um soldado foi apunhalado... Uma mulher...
- Obviamente está sentindo a energia dos mágicos - Ophelia continuou sussurrando - continue.
- Dói... - Lala mordeu o lábio inferior tentando ignorar a dor - dói demais. Um grito de vitória... Grillindor está ganhando.
- Boa menina - Ophelia sorriu - pode abrir os olhos.
Lala abriu, se sentindo imensamente aliviada, pois agora a dor lhe parecia apenas uma lembrança muito, muito distante.
- Por que doía tanto, Ophelia? - perguntou ainda tremendo - por que a dor?
- Porque ao fazer isso - Ophelia disse - você sente como se fosse um deles. É assim que fadas sabem como está a situação longe... e às vezes existe dor.
- Por que você não sentiu dor? - Lala insistiu - eu sou iniciante... é isso?
- Garota esperta - Ophelia beijou a testa da aprendiz e amiga.
Lala não pôde sorrir pois ainda sentia medo daquela terra que ardia tanto. O fogo iluminava a escuridão, e Lala ainda podia sentir aquela agonia de pessoas que não sabiam mais se iriam sobreviver.

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- Eu tenho que matar Jorge - decidiu Raveneh no meio do caminho - segurem May.
- Sua louca! - exclamou Bia - você não vai a lugar nenhum! Primeiro vamos garantir que a gente viva.
- Mas eles vão matar o Jorge - rosnou Raveneh - e quem tem que matá-lo sou eu!
- Você pirou? - gritou Rafitcha se interpondo na frente de Raveneh, impedindo que ela passasse - ou você e Catherine se juntaram de uma vez? ora essa, você não era tão psicopata! Como você vai se garantir?
- Não é psicopatia - Raveneh continuou a rosnar - é vingança. Eu quero matá-lo e vou matá-lo!
- Ótimo! - exclamou Tatiih sempre buscando a paz - quando a gente encontrar o povo de Grillindor, a gente pede esse favor, ok? Agora vamos procurar abrigo seguro...
Raveneh não deu ouvidos à Tatiih. Se desfez de Maytsuri que mais uma vez não entendeu o porquê de se separar da mãe, entregando o bebê nas mãos de Amai de uma forma que Amai não teve como recusar, e sumiu na escuridão.
- Aquela louca! - gritou Bia - mil vezes louca! Uma tremenda de cabeça-dura!
- Não dá pra dizer que ela está errada - disse Amai acolhendo a menininha nos braços carinhosamente - ela quer isso há muito tempo. E agora é a oportunidade ideal.
- Sim, eu entendo... - Rafitcha disse - mas tenho medo por Raveneh. Da última vez que ela tentou, foi presa. E depois... isso não é comum em Raveneh! Quem deseja vingar é a Catherine...
- Agora Raveneh também quer... - murmurou Bia - aquela louca está querendo duas vezes...
As meninas engoliram em seco, com medo. Não medo do que aconteceria com elas, mas sim medo de que Raveneh fizesse alguma besteira enorme e nunca mais se recuperasse.

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- Como está indo aí, segunda-oficial? - gritou Crazy, marchando de volta à cidade. Estava no meio da praça circular, onde soldados morriam e seus cavalos eram feridos com ódio injustamente.
- Bem, comandante! - gritou Zidaly, sua voz se sobressaindo sobre os gritos - as mulheres e crianças estão ficando na rua e aparentemente, estão sobrevivendo.
- Ótimo! - gritou Crazy - temos que acabar com a cidade inteira hoje! Mande seus soldados continuarem na área leste, enquanto os meus ficam na área sul.
- Ok! - Zidaly concordou, se voltando para o próprio exército, não sem antes apunhalar um dos inimigos no lado esquerdo do peito, o sangue jorrando como água.
Crazy engoliu em seco, mas não de medo ou apreensão: guerra era seu habitat natural. Engolia em seco porque era a hora mais legal de uma batalha, a hora que iria para onde os bundões riquinhos se refugiam e mata todos eles, assim destruindo o governo do país. A tomada decisiva de um país.
Deu mais algumas ordens, levantando a espada para o céu várias vezes e outras vezes matando inimigos, até finalmente seguir ao Fórum, um prédio alto, resistente e repleto de luxos.

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- Raveneh! - gritou Johnny sob as estrelas - o que faz aqui?
Raveneh sorriu, suas pernas subindo no telhado íngreme como se fosse a coisa mais fácil do mundo. Seus cabelos loiros começavam a secar, sua enorme camisa branca também. Seus olhos sempre inocentes piscavam docemente.
- Raveneh! Cadê Maytsuri? - gritou Johnny novamente sem entender. O que Raveneh estava fazendo ali? E as outras?
- Não se preocupe com o nosso bebê - murmurou Raveneh - ela está bem, com as meninas. Só estou aqui porque é um belo atalho para o Fórum :)
- Não seja louca! - Johnny disse - para quê?
- Adivinha - Raveneh sorriu, ficando na frente de Johnny, face a face, os narizes quase colados - adivinha, meu amor.
- Raveneh... - odiava quando Raveneh fazia isso, ficando com o rosto tão próximo que era impossível ficar com raiva da esposa. Ela sorria, e ele achava seu sorriso tão encantador que quase esqueceu o que estava acontecendo. Podia se perder eternamente nos dois olhos da cor do céu...
- Eu já volto, meu amor... - Raveneh disse, encostando seus lábios nos deles, de forma tão suave que Johnny mal sentia. Aquele leve beijo que se tem que lutar para manter a lembrança - eu já volto.
- Raveneh...!
Exclamara tarde: mal piscou os olhos, Raveneh já estava no outro lado do telhado, saltando como uma pena sobre cada muro, não se intimidando pela multidão chorosa e enfurecida na praça. Pois logo ali estava o Fórum e o motivo da sua tragédia.

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Jorge tremia feito vara verde. Tremia de covardia, de medo, de apreensão. Tremia porque não queria morrer, tremia porque tinha medo do inferno, tremia por tudo e todos. E pior, não só tremia como suava. E frio. Para ver o estado do homem.
De fato parecia que só naquele momento estava começando a se dar conta do que fizera, do que fora. Sim, os verbos no passado porque não tinha muita esperança de viver. E nem deveria, afinal dois seres muito perigosos estavam a caminho.
- Aimeudeusaiminhasantaaimeusantinhoaimeudeusdocéu - exclamava sem parar, não tendo fôlego para fazer algo mais do que rezar. Olhava o tumulto por uma fresta da cortina, tinha medo daquela mulher que berrava, céus não era uma mulherzinha muito bonita que vivia ao lado de Crazy? Traidora, até havia cogitado pagar um drinque para ela... traidora! E Crazy era outro traidor, podia vê-lo berrando. Cruz credo, olha como ele mata os homens! Imagina se Crazy quisesse matá-lo, ai céus, como é que ia ser? Ai céus, tremeu mais um pouco.
- Vadia Raveneh! Ou Catherine! - cuspia como se quisesse jogar na pobre coitada todos os dramas da sua sórdida vida.
Havia trancado a porta mais de mil vezes, havia checado cada entrada do quarto (como se tivesse mais outra, além da porta ou janela), preocupou-se com a posição da mesa, das cadeiras, verificou todas as "armas" que tinha (maldição desde quando uma pena serve de arma? O.o), pensou no que poderia fazer depois: lutar até a morte? abandonar o país? virar hippie? arrumar uma coroa rica e dar um belo golpe digno de Ferraço nela? aicéusoquefazer?

Não sentia amor nenhuma pela esposa nem pelos filhos (ele tem? acho que sim =o), nem sentia interesse em como saber como estavam as outras pessoas. Os riquinhos que tanto adoravam o Jorge fugiram todos com o rabo entre as pernas, espertos e malvados, isso sim!, é de fato, todos que lhe davam dinheiro sumiram. aiai. Queria se ver com escapatória, mas o medo lhe paralisava e não deixava a abrir a porta (covarde). Não queria ver se o corredor estava vazio ou não (bundão). Não sabia decidir se pediria clemência quando fosse morrer ou agiria como um verdadeiro guerreiro e morrendo friamente em nome da pátria (maricas).
BLAM.
- Boa noite, Jorge.
Era uma voz feminina, e facilmente reconhecível e odiada. Virou-se. Ai céus, a menina chegou de novo. Que indecência era aquela, sem uma saia ou calças, só a camisa branca que mal tapava a bunda? Mas não teve muito tempo de meditar sobre a falta de moralidade nas vestes da meia-irmã, porque aí só teve uma preocupação: como escapar à Raveneh?

3 comentários:

. L disse...

É agora, Jorge... FOOOOOGE, CAMPEÃOOO!!!

Anônimo disse...

Fugir? Nao, tem que morrer mesmo :K

Anônimo disse...
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