domingo, 13 de abril de 2008

Parte 20 – Êxodo e Desespero

Eu, quem narra a história, poderia passar episódios e episódios narrando a semana que se seguiu. Acontece que esta semana não teve nada de interessante. O pessoal das Campinas treinaram arduamente para a futura batalha, Maria vivia preocupada. Raveneh e seus amigos passavam os dias enrolando na feira da cidade, esperando o dia do julgamento e contando os dias para o parto. Siih ficava conversando com Dahes, cada vez mais um apreciando a companhia do outro. Lefi, atarefado, cuidando de tudo como se Ophelia não existisse. E quanto a Ophelia, ela percorreu todo o reino das Fadas com Lala (isso aí que você leu) convocando demônios. Sim, porque Ophelia sabia voar e levava Lala junto ('uma incompetente que mal consegue se manter no ar!'). De modo que em uma semana, demônios começaram a se mexer e Siih sentiu. E começou a armar estratégias. Pedira a Lefi que chamassem todas os caçadores de demônios do país inteiro, e o encontro acontecera há dois dias. Foi simples e prático: pouca gente veio e escutou sobre Ophelia e os demônios. Foram alertados para estarem sempre prevenidos porque o número de demônios aumentaria mais do que nunca, e Siih (através de Lefi) pediu para avisar os colegas da profissão.

Ophelia estava no sul do Mundo das Fadas, muito distante das Campinas. Era onde se concentrava a maioria dos demônios, pois estes preferiam o calor. Lala já nem aguentava mais o ritmo intenso de viagem, do norte ao sul, leste ao oeste e depois ao sul, aonde se demoravam agora.
- O que essa garota tá querendo? - zombou um Jaken, aparentando preguiça.
- Não sei - respondeu um Ollimpi - mas devo dizer que ela me entusiasma! Salve a Ophelia!
- SALVE! - rugiram todos.
Eram grandes, médios e até tinha uns pequenos. Alguns tinham duas, três cabeças. Outros com corpo de serpentes, algumas com corpo de aranhas enormes. Tinham os demônios que simplesmente pareciam amebas gigantes, cujas presas eram do tamanho de um elefante. Olhos grandes, maldosos. Outros que eram cegos, também. Tinham os que alcançavam o tamanho de um prédio muito alto de Nova York, e estavam somente sentados.
E todos eles estavam ali, reunidos, com suas expressões assustadoras e terríveis. Até mesmo as Musas sentiriam medo daquela reunião.
Mas Ophelia estava tranquila. E Lala também, pois sentia que podia contar com a "mestra" para ser protegida.
- Bem - murmurou Ophelia. Ela não ria histericamente nem era tirana como a maioria dos vilões. Ela estava somente séria, e não dava para saber se ela gostava ou desgostava daquela história toda. - em uma noite qualquer, uma cobra de fogo subirá aos céus e ficará durante alguns segundos. Quando isso acontecer, poderão sair das sombras e fazer o que lhe convierem. Só não esqueçam: crianças e mulheres serão poupados. Quem matar uma criança ou uma mulher, principalmente as donzelas e as grávidas, será morto. O resto... façam o que quiser.
Ophelia deu as costas para os monstros, em sua maior parte, furiosos pela proibição. Mas ou era se esconder nas sombras e se alimentando de pouca carne ou se juntar e fazerem a arruaça pelo mundo, deixando poupar uns seres frageis.
Lala a acompanhou, com um leve sorriso. Aqueles monstros rugindo lá embaixo não pareciam exatamente uma boa visão do mundo que viria, mas tinha certeza que ao terminar tudo, Ophelia não deixaria tudo destruído. Ela mesma admitira que odiava um sistema ditadorial em que grande parte era escrava. O mundo seria melhor sob o governo de Ophelia.

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- Que admirável esse rio, Raveneh! – exclamou Rafitcha, admirada com a beleza do bairro.
- Sim, ele é um dos rios mais bonitos que eu já vi – murmurou Raveneh – embora eu tenha visto poucos.
- Ah, qual é! – exclamou Tatiih – você viajou a pé daqui para as Campinas! Como pode ter visto poucos rios? Tem tanto rio nessa região!
- Eu fugi, Tatiih – Raveneh disse – eu fugi desesperadamente, sem ver para onde estava indo. Só respirei de verdade quando encontrei a Renegada.
Renegada. Se ela não tivesse se matado, como estaria ela? Viva? Cuidando de Arthur ou ainda lutando para escapar das chantagens do ex-amante? Como estaria? Será que estaria feliz? Ou...
- Raveneh, quer um sorvete? – indagou Johnny, a interrompendo dos seus devaneios.
- Ah. – Raveneh não respondeu, somente olhou para o rio. Se andasse mais um pouco, chegaria a área onde passava os feriados com a família. Também era onde quase se afogava, por culpa da própria mãe. Durante dezesseis anos, tentara se convencer de que sua família era boa: achava que seus irmãos a adoravam, que Catherine era somente uma irmã chata, a mãe somente meio relapsa. Realmente foi preciso que Gika, a psicóloga que cuidou do seu caso, Johnny e Catherine lhe mostrassem a verdade? Precisara criar uma segunda personalidade para agüentar os seus problemas? Já havia alguns meses que Catherine se conformara em se esconder, pacificamente. Não lutara com Raveneh, afinal Catherine era a metade de Raveneh. Um pedaço de mulher.
- E aí, quer um sorvete? – perguntou Rafitcha – estou indo comprar! Tatiih pediu um de morango, eu quero um de chocolate e Johnny quer um de manga. Bia não quer tomar sorvete, ela gostou dessas bebidas tradicionais ^^” Mas... e você?
- Eu? Ah, eu quero um de chocolate com limão... – disse Raveneh vagamente, perdida nas próprias lembranças.
Rafitcha concordou, e disse que voltaria logo.
Ela foi até a beira do rio, onde a casa que vendia sorvetes ficava.
- Bom dia, senhora! – disse a mulher, com todos os dentes faltando – que deseja?
- Manga, chocolate, morango, chocolate com limão. Um pote de cada sabor...
A velha sorriu:
- Ah, claro! É pra já!
Rafitcha sorriu e se virou para o rio: a vegetação era magnífica, a grama verde, flores minúsculas e perfeitamente amarelas, a água cristalina correndo veloz. Sorriu. A cidade não era tão ruim assim, era até boa pra viver. Mas se permitissem os seres mágicos, ficaria melhor... pensou que o motivo que Raveneh odiava aquela cidade era simplesmente porque a cidade foi o cenário da sua infância desgraçada.
O céu era perfeito. Deslumbrante, perfeitamente azul. Parecia um dia bonito em um bairro nobre. Andou um pouco mais para a frente, admirada com as profundezas das águas. Sentou-se bem na beirada, esperando a mulher terminar de servir os sorvetes.
- Que bonito. – suspirava, admirada.
Sorria.
- Lindo, né, dona – uma voz masculina disse, em tom de zombaria.
Rafitcha levantou a cabeça, assustada. Era um homem grande, de olhos grandes. Quem seria? O que queria?
- Sabe, esse rio é lindo – disse o homem – e a correnteza é forte. Ninguém suspeitará se você simplesmente cair nele... mesmo os que sabem nadar não podem ir contra o Rio Yani...
Rafitcha abriu a boca em espanto, antes de perceber que simplesmente fora chutada e caíra no rio. Sentiu a água doce invadi-lhe a boca, sentiu as vestes se molharem e o desespero surgir. Tentou voltar a superfície, mas a água lhe empurrou, levando seu corpo.
Acenou com os braços, mas sem sucesso. Começou a se desesperar e lhe faltar ar.

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- Querido! – suspirou Maria – ah, olá, Alex!
Era um grande grupo de pessoas que chegaram de uma “carruagem”. Várias pessoas saíram, meio perdidas, meio felizes.
- Querido! – Maria suspirou de novo – como está?
- Ele é um ótimo aluno – uma moça alta, de cabelos castanhos e expressão amável disse – tem sorte de ter um filho como ele, Maria.
- Claudia! – exclamou Maria contente – obrigada por cuidar do meu filho!
A moça sorriu, abraçando Maria. Claudia era uma jovem de uns dezoito anos, com os olhos verdes bondosos e um corpo esbelto, perfeito para uma dançarina: sim, de fato, ela ensinava música aos garotos e balé às garotas na escola interna que foi fechada por alguns tempos, até baixar a poeira sobre Ophelia.
- Tem mais gente que o normal esse ano – comentou Maria – sempre temos imigrantes, mas esse ano superou... tudo isso por causa de Ophelia?
- Sim, tudo isso por causa de Ophelia e os boatos de que ela estaria convocando os monstros para dominarem as colônias das fadas – respondeu Claudia – e como a escola fica bem numa área em risco... você deve imaginar o pânico da diretoria e dos pais.
- Sim, claro! – Maria sorriu – mas agora meu filho está junto comigo, e ele vai ficar seguro. Sempre temos o navio da Capitã, caso precisemos de abrigo ^^”
Claudia sorriu.

Alex, Thá, Lynda estavam ali: pegaram carona com os imigrantes que acharam que ia encontrar segurança nas Campinas. Mas infelizmente estavam errados. Muito errados.



Nota da Autora: sim, de novo sem aquela parte legal porque não escrevi o cap 21 ^^" Me perdoem xD Só uma curiosidade: no Word, até aqui, deu 68 páginas :O

Um comentário:

Clau disse...

dançarina..sou eu? *o*
ameeeei,luna! ^^
está de paarbéns,a história está perfeita,como sempre!
bjuus!