quarta-feira, 23 de abril de 2008

Extra.01 - Mais especial que nunca!

Todos os anos se faz uma festa comemorando o aniversário das Campinas, desde que Heppaceneoh acabou aceitando (depois de muita luta) se separar das Campinas. É um lugar jovem, de apenas algumas décadas.
- Umrae, pagou a provisão de comes especiais? Ly, você armou os detalhes para o espetáculo, né? - Maria dizia, nervosa, correndo pra um lado e outro, há uma semana da festa - Kibii, pare de estragar essas árvores com suas flechas! Fer, você também! Tatiih, ainda não terminou a colcha de retalhos? Raveneh, a provisão de batatas tá boa? Johnny, chame Rafitcha que eu quero falar com ela a respeito da decoração!
Era muita festa e nervosismo, e os preparativos começavam um mês antes, no final do inverno, quando a neve se desfazia.
Raveneh era casada com Johnny há apenas um ano, e ela estava feliz: convivia com as pessoas que amava, vivia em um lugar lindo e gostava de trabalhar.
Continuou a cortar as batatas apressada, apesar de estar distante da grande festa há uma semana.

Acontece que a festa é somente o grand finale, porque a grande festa está nas preparações: as mães deixam os filhos brincar até noite, toda a região fica iluminada
de noite com luzes coloridas, as pessoas dançam mais e dormem mais tarde pois ficam conversando em volta da fogueira, meninas ficam ensaiando passos de dança e espetáculos teatrais, garotos se vestem melhor e se sentem mais encorajados para convidarem meninas a dançar, as noites são sempre estreladas, tudo é mais colorido.

- Crianças! - Raveneh chamou, sorridente - querem doces? - mostrou uma cesta repleta de chocolates em forma de morangos, laranjas, abacaxis e outra frutas.

Riu.
Uma semana faltando para o grand finale.

- Quanto tempo que as Campinas existe, Maria? - perguntou Raveneh, olhando para o céu estrelado.
- Fará 50 anos agora - respondeu Maria, com visível orgulho na sua voz - lindo o céu, né?
- Sim, perfeito.

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

A grande noite, na lua cheia da primavera. As crianças correm de um lado pro outro, mascaradas. Adolescentes sorriem, tímidos.
- Morangos em calda de chocolate *-* - fez Raveneh ao ver a mesa repleta de coisas absolutamente deliciosas que faria um faquir encher a boca d'água: morangos mergulhados em caldas de chocolate, pães de todos os tipos, bolos enormes decorados com cerejas, licores de todos os sabores, a carne a fartar perfeitamente suculenta, milho verde em todo o canto, sorvetes decorados com confeitos, caldo de carne com batatas.
Johnny sorriu:
- Quer ver o espetáculo?
- Sim - Raveneh sorriu - agora são as crianças menores, não é? Um musical...
Johnny concordou, a levando pela mão, até um espaço aberto, ainda meio vazio. Mas em quinze minutos, o lugar encheu e as luzes ao redor se apagaram, somente deixando as acesas no palco, montado há duas semanas.
Uma garotinha de aproximadamente cinco anos entrou, vestida com alguma coisa que lembraria um quimono, de tecido vermelho com bordados dourados, em forma de flores. Seu cabelo preto estava amarrado em um charmoso coque, mostrando seu rosto perfeitamente oval:
- Boa noite. Essa é uma peça representando a independência das Campinas - disse em uma voz infantil, sorrindo. Se afastou, e puxou as cordas, o que fez as cortinas se abrirem.
Sete crianças enfileiradas, todas vestidas de preto e usavam máscaras horrorosas, parecendo as faces de um lobo insano e cruel. Elas andaram de um lado pra outro, fazendo barulhos altos, como se tivessem rindo irritadamente.
Olu-Olu
A história aqui começa


O cântigo começou, as crianças dançando de forma inocente e esforçada, todos apreciando aquele puro espetáculo, relembrando as origens das Campinas.

Oh-Oh
Antes tudo isso era um só
Livving, Campinas e Heppaceneoh
Mas as pessoas não queriam mais isso


Nesse passo as crianças se deixaram ficar no canto, enquanto sete crianças entraram vestidos de branco e máscaras em forma de bonitos lobos da neve. Todas as quatorze crianças começaram a cantarolar juntas:

Era fome, seca, guerra, destruição
As pessoas não tinham mais o chão
E a esperança, aonde ela foi? Aonde ela foi?
E elas desejaram que tudo acabaram!

Mas veio a revolta separatista!
Para separar todo o reino em três!


Todos se concentravam naquilo, como se fosse a coisa que sustentava suas vidas. As crianças continuaram cantando, a lua continuou no céu, as pessoas felizes. Mas logo o espetáculo terminou, e outros vieram. E todos assistiram felizes, se fartando da comida e da alegria.
As horas se arrastaram, a lua começou a descer, as pessoas começaram a sentir sono.
- Foi bom - Umrae murmurou.
- Sim... - Tatiih concordou, já morta de tanto trabalho no final.

Dormiram em paz, dormindo sobre a terra que permanecia independente há 50 anos.

Homenagem especial ao Helpá *-*

Nenhum comentário: