quinta-feira, 10 de abril de 2008

Parte 19 - A Estratégia.

- Acorde - Ophelia sussurrou - acorde.
Lala se levantou rapidamente. Tentavam evitar a vila de Cherllaux e Lala não imaginava qual era o destino da viagem. Ophelia já estava vestida e de pé. Seu rosto era estranho: as feições no momento eram sérias, como as de uma mulher madura. Mas Lala sabia que muitas vezes quando Ophelia sorria, parecia uma criança que se tem vontade de apertar as suas bochechas e quando estava irada, daria medo até mesmo no Drácula.
- Pra onde vamos agora? - Lala perguntou.
Ophelia não sorriu, somente moveu a cabeça para a esquerda e respondeu:
- Já estamos chegando. Ele mora por aqui. Dormiu bem?
- Tirando uma pedra que ficou me espetando nas costas, tudo be--
Ophelia já andava para a frente, impassível.
- Hey! - Lala exclamou - Hey! Me espere!
- Cale a boca e me siga discretamente.

- Às vezes - começou Ophelia quase cochichando, enquanto seguiam pelos bosques - mesmo o mais poderoso dos seres tem que se curvar aos inferiores. Pois um superior não é nada, caso não exista aqueles que a apóiem. Afinal ninguém é tão superior que possa superar a força de milhares inferiores.
Não demorou muito e Lala percebeu que Ophelia falava de si mesma.
- Esse foi o meu erro. Achei que eu e minha mãe bastávamos. Achei que éramos mais poderosas que todas as outras juntas. Minha mãe foi uma tola, minha irmã mais ainda tentando conter nós duas - suspirou - mas agora será diferente. Meu objetivo é o mesmo de anos e anos atrás, mas agora usarei táticas diferentes. Não quero que nem mesmo humanos me odeiem, mas vidas serão sacrificadas. Talvez a gente possa começar em Heppaceneoh, pertinho do Mundo das Fadas. Eu poderia começar em algumas colônias élficas no sul, mas as fadas iriam se unir e derrotarem quando avançarmos. Melhor acabar com o ponto vital de tudo de uma vez só.
- É uma boa tática - Lala sussurrou, mais para si do que para Ophelia ouvir.
- Sim... - Ophelia sorriu suavemente - mas preciso de aliados. E é atrás deles que estamos aqui... veja, chegamos.
Era uma caverna enorme, escondida pelas árvores. A caverna tinha uma boca escura e meio pequena, mas dava para as duas pessoas entrarem numa boa.
- Este é um demônio jaken, e este come fadas e absorve a sua energia.
Lala não falou nada.
- Venha. Lupi... Lupi...
GRRR...
Dentro da caverna, era um breu absurdo. Não se enxergava um palmo diante do nariz, e o cheiro chegava a ser irritante: lembrava algum laboratório repleto de compostos fedorentos misturados. O piso era estranho, feito de pedras moles. Lala queria sair logo dali, mas dava para perceber que Ophelia não deixaria.
Ophelia.
Como era escuro, não enxergava a mestra. Mas sabia que ela estava ali: treinara um pouquinho e conseguia se guiar pela energia que Ophelia emanava, fracamente.
GRRR...
Finalmente conseguiram ver algo. Era um par de olhos felinos, amarelos, maldosos. Quando Lala se aproximou, percebeu uma penugem castanha em volta dos olhos, com presas fenomenais. A luz aumentou, e viram que era um grande felino. Seu pêlo era maravilhoso, sedoso e castanho. Suas patas eram enormes, com as unhas pontiagudas.
- Ophelia - rosnou a fera.
Ophelia sorriu, com aquele seu rosto de criança.
- Oh, meu doce Lupi - suspirou - vejo que viveu dormindo por aqui, comendo uma fadinha de vez em quando. Veja, trouxe carne. Vai querer?
Lala abriu a boca, assustada. Ophelia a havia trago como comida?
- Não seja tola, Ophelia - Lupi respondeu, interrompendo os pensamentos desenfreados da Lala - sua escrava não me serviria. Sei bem o que você faria se eu tentasse algo com ela.
- Oh! Vejo que não esqueceu de como se trata as minhas amigas - Ophelia deu seu sorriso dissimulado - mas vive escondido, comendo carnes fracas e desavisadas... medo de ser descoberto? Bem, mas quase não existe caçadores de demônios...
- Medo dessas criaturas? Hah! Desde que a Lia se foi, ninguém entre os caçadores de demônios é páreo para mim... Eu, Lupi, A Besta de Cherllaux! Que ofensa, menina!
- Pois dou-lhe uma razão para não ter medo - Ophelia ignorou o discurso - veja bem, você é tão inimigo das fadas quanto eu. Mas... você podia acabar com Cherllaux, sem problemas, não é?
A criatura rugiu.
- Claro que sim! Desconfia da minha força? Quer provar dela?
Ophelia não sorriu, somente disse:
- Então jure lealdade a mim. Convoque as criaturas semelhantes a ti e diga para todas se mexerem, porque eu vim. Comigo, nada poderá fazer mal a vocês.
- Jura por quem? - Lupi zombou - que vai nos proteger?
- Pela Deusa Lilith dos Demônios.
Não demorou cinco segundos, a grande fera ficou ajoelhada (bem, da melhor forma que poderia ler. Tente imaginar um grande leão ajoelhado), com um sorriso disfarçado no semblante. Se Ophelia jurava pela própria Lilith que foi a primeira esposa de Adão, a rebelada de Deus e gerou os demônios...

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- Então, Crazy, está tudo ok? - alguém disse.
Crazy ergueu a cabeça, sacudindo a juba.
- Claro, chefe. Está tudo nos conformes, perfeitamente preparado.
- É bom mesmo. Sabe que caso haja um erro sequer, eu e você seremos enforcados e darão a nossa carne para os cachorros!
- Sim, chefe. Está tudo ok.
- Bem, estou indo nessa - disse o outro - vê se consegue se disfarçar direito! Com esse povinho mágico que chegou agora, você não foi descoberto?
- Quem sabe, mas eles serão meus aliados.
- Ah! Não seja tolo e não confie em qualquer um! Aliás, volte logo. Se está tudo bem, só preciso voltar no dia.
- Sim. Adeus.
- Adeus.
E logo o outro viu o Crazy se afastar, sacudindo a enorme cauda. E quando já estava muito, muito longe, viu a enorme criatura felina se desfazer e no seu lugar surgir um homem.

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- O que está acontecendo? - Loveh odiava essa incerteza que vinha com as notícias que os ventos traziam.
- Não sei. Não parece algo familiar? Essa sensação, esse cheiro... parece que tem algo a espreita... - Miih lembrava, o seu rosto não demonstrando nenhuma emoção.
- Na época dos demônios! Mas demônios se esconderam e os atuais caçadores de demônios mais se preocupam em achá-los... Como...?
Não deu cinco segundos, as duas assumiram um olhar de compreensão. Estavam assustadas.
- O-Ophelia? Mas então o plano dela não é só se vingar? - os lábios de Loveh tremiam.
- Continua sendo, provavelmente - Miih disse - mas ela quer algo mais elaborado. Ela já não é mais uma criança e pensa por si própria. E a mãe dela era bastante imatura...
- Aiai... - Loveh se indignou - e ela sozinha não achou que era páreo e resolveu convocar os demônios?
- Não, ela simplesmente resolveu atacar a todos com a mesma eficiência. Afinal ela pode ser a mais poderosa, mas não pode estar em todos os lugares ao mesmo tempo - lembrou - e não pode se dar ao luxo de deixar os outros se defenderem.
- Ai. E em quanto tempo ela conseguirá reunir, convencer e unificar uma estratégia com todos os demônios?
- Calculo que dentro de dez dias, ela consiga convencer. E mais uns três dias e ela informa o dia e a hora do ataque.
- E não vamos fazer nada? - Loveh suspirou - então veremos esse mundo destruído.
- Sim... veremos esse mundo destruído. Mas o que há pra fazer?

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Siih não conseguia respirar direito. Estava meio tonta e tentava falar. Sabia que Lefi estava governando o reino, e sem querer ofender o irmão, achava-o incapaz de assumir uma responsabilidade tão grande, ainda mais numa situação tão tensa. Mas não tinha forças para se levantar, então só lhe restava torcer que o irmão fosse capaz de tomar conta de tudo.
- Está tudo bem, Majestade? - Dahes cuidava dela como se fosse a própria mãe. Sim, nos primeiros momentos, Dahes estava de cara fechada e odiava cuidar da Rainha. Mas agora achava moleza: só tinha que cuidar para que a Rainha não se sentisse mal-cuidada.
- Sim... - Siih ofegou - d-dói...
Sim, doía. A cabeça pesava como chumbo, e o corpo parecia estar ardendo.
- Quer um chá, Vossa Majestade? - perguntava Dahes - água? Que chame Alicia ou Libby? Que chame Lefi? Que chame os sacerdotes para se confessar?
Siih riu.
- Ah, seu tolo! Não vou morrer! - se sentou com dificuldade, mas aí começou a respirar melhor - fique tranquilo. Não morrerei...

Dahes estava ao seu lado, sua expressão estava estranhamente simpática. Na mesa, água e chá, além de toalhas e toalhas brancas e um sino pequeno e branco. Sorriu, ao ver que a Rainha conseguira se sentar.
- Ora, ora - Siih suspirou - o que acontecerá caso Ophelia destrua essa cidade?
De repente diante de Siih, havia uma maquete. Não uma maquete pesada, feita de pedra ou então essas de escolas que é feito com isopor. Talvez você já tenha visto filmes sobre o futuro, em que aparecem imagens holográficas. Tipo Star Wars, quando aquela princesa Léia manda a mensagem de socorro. Então, era uma maquete do Mundo das Fadas, com todas as suas árvores, seus rios, suas casas e suas pessoas. Uma por uma.
- Essa é Ophelia... veja, Dahes - disse Siih mostrando uma bonequinha minuscula caminhando.
- Então você pode saber onde eles estão? - Dahes se surpreendeu - em tempo real? =o
- Não, é só uma simulação - murmurou Siih - só posso dizer que Ophelia está por aqui - mostrou um pequeno bosque rodeando uma vila - pois consigo sentir a sua energia. Mas é só. E a energia dela está tão fraca... se dissimulando, com certeza. Bem... se ela vier pra cá - fez o bonequinho andar até a grande cidade - e destruir tudo... - soprou nas casas tal como o Lobo Mau fez com a casa dos três porquinhos no conto de fadas. - então tudo vai cair. Essa Era vai terminar. E vai começar outra. Talvez seja boa ou ruim, não conheço Ophelia e não sei como seria seu governo. Mas eu não vou deixar! Entendeu, Dahes?
- Perfeitamente, Majestade, perfeitamente! E o senhor Lefih vai evitar isso! Com a ajuda das suas leais servas, Alicia e Libby!
- Eu que vou evitar. Lefi não vai conseguir deter Ophelia. Não conseguiu me deter, e eu não posso sozinha com Ophelia. Preciso de ajuda. Chame Lefi aqui. AGORA!
- Sim! Sim!
Dahes saiu correndo porta afora, enquanto Siih refletia. Não queria pedir ajuda das Musas, embora fosse a única solução possível. Mas tinha outros caminhos, outros atalhos. O fato de Ophelia ser imbatível em uma guerra não quer dizer que não possa ser vencida... até porque não precisa necessariamente lutar com Ophelia...
Existem outros meios...



Nota da Autora: não, hoje não "E no próximo capítulo" porque não escrevi ainda. Só quero avisar que como a escola tá exigindo muito de mim, meu tempo para atualizar o blog ficou escasso. Tentarei sempre, claro! Mas por favor não fiquem achando que abandonei vocês, oks? Afinal quando não estou on, não é culpa minha :D

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