domingo, 18 de novembro de 2007

Parte 65 - Ruronna, a muijiid.

Noite de domingo.
- Jantar! - exclamou Raveneh - venham comer!
Era o último dia no navio, afinal já não tinha mais a ameaça de algum exército invadir as Campinas. De modo que no dia seguinte, ao raiar, todos se mudariam de volta para as Campinas.
- Você fez macarronada! - exclamou Raven - e qual é a sobremesa?
- Deixa de ser guloso, Núbo u_ú - repreendeu Maria - coma primeiro a macarronada.
- Aham. - disse Raveneh - a macarronada é uma delícia, acrescentei salsichas!
- Perfeitamente! - concordou Umrae - você cozinha muito bem!
- Obrigada, Umrae! - agradeceu Raveneh - e preparei também um suco de laranja. Alguém quer?
Todos levantaram as mãos, contentes.
- Pra Fer, Kibii, Doceh, Lych, Raven... - Raveneh ia contando - Johnny, por que está assim?
Johnny ergueu o olhar, surpreso.
- Assim como?
- Distraído - respondeu Raveneh em um sussurro - já faz um tempo que você anda no mundo da lua. Perguntei quem queria um suco, e você sequer se manifestou! Estou ficando preocupada.
- Decerto. - concordou Johnny - nada, só são coisas minhas. Eu quero o suco sim.
Raveneh pôs o suco, mas não estava convencida da desculpa de Johnny. Ela sabia que tinha algo a ver com ela, e Raveneh já imaginava sobre a segunda personalidade.
Mas ela não tinha realmente idéia do que a segunda personalidade fizera.

--------------------------

- Então já chegou a minha hora. - concluiu Renegada pensativa. A noite veio arrasadora, e um pouco menos entediante que o normal.
- Sim, Mycil.
Renegada não estava só. Nas suas costas, havia um ser maior que a Renegada, de seis braços brancos e pernas sedutoras, também brancas. Vestia um longo vestido negro, repleto de detalhes sutis. O seu rosto era oval, com uma boca pequena e vermelha, além de um par de olhos negros, quase felinos. E seus cabelos negros, lisos e longos que chegavam ao chão, mesmo que este ser ficasse flutuando graças as suas pequenas asas parecidas com asas de morcegos, eram sedosos.
Era uma muijiid (N/A: pronuncia-se muírridê), seres que acompanham fadas das trevas desde que nascem. Toda fada das trevas era acompanhada por uma muijiid, e podia ou não dispensar a companhia desta.
- Bem - disse Renegada - já sei o que fazer. - sorriu - eu não vou poder realizar meus planos... Infelizmente... mas é a vida.
- Sim, Mycil - concordou sua muijiid - é a vida.
Renegada mordeu o lábio inferior. Com a chegada de Ruronna, sua muijiid, todos seus planos estavam acabados. Tudo se acabou. Agora era só esperar e esperar, até chegar o momento final.
Tola!
Fadas das trevas não choram, Mycil.

As palavras de sua mãe ecoavam na sua mente.
- Deixe ela sozinha, mãe. Deixe ela chorar.
- Ela é uma vergonha para a nossa família.
- Ela não sabe nem matar humanos.
- Ela sempre foi assim! Deixe-a em paz!
- Por que você sempre defendeu a sua irmãzinha querida? O que será que acontece se eu matar-la?
- Você morre, simples assim.
- Ah! - um riso que rasga o céu de insegurança - veremos!
- Sim, veremos.


Renegada chorou.
- Bem, Ruronna - disse - enfrentemos nossos destinos.
- Sim, Mycil - disse Ruronna admirando o teto.

Quando não se vive feliz.
Quando não se nasce feliz.
De que diabos adianta viver
Se já não começou bem?

Nenhum comentário: