sábado, 6 de outubro de 2007

Parte 53 - Renegada e Rei contam um segredo.

- O que foi, Johnny? - indagou Lych.
- Eu preciso lhe contar uma coisa - disse Johnny - pois eu não sei mais o que fazer.
Lych deu um sorriso e disse:
- Conte-me! Doceh foi passear um pouco, tomar ar fresco - se esticou na espreguiçadeira - onde está a Raveneh?
- Ela foi passear com Rafitcha e Fer - respondeu Johnny em um tom bastante sombrio - e é melhor que ela esteja longe.
- Céus! - exclamou Lych - quem te ouve assim pensa que você pretende matar-la! O que houve?
- Eu a beijei. - disse Johnny rapidamente.
Lych olhou estupefato para Johnny. Logo seu olhar de surpresa passou a ser de divertimento, e ele começou a rir.
- Era só isso? - riu Lych - um beijo! Não é motivo para tanta...
- Se ainda assim fosse só um beijo! - suspirou Johnny.
Lych riu ainda mais:
- Ooow... Não me diga que vocês... arãam... - hesitou - hein?
- Meu Deus, Lych! - exclamou Johnny bastante vermelho - não foi nada disso! O problema é com Raveneh!
- Ela não quer assumir o romance? - indagou Lych.
- Pior... - disse Johnny sério - ela tem dupla personalidade.
Aí Lych parou de rir imediatamente.
- O quê?
- Uma dupla personalidade - revelou Johnny - ela tem pesadelos durante a noite. E assume uma moça muito esquisita no lugar. E céus, parece que tudo se encaixa... Ela não se lembra de como saiu do castelo. Ela não se lembra de como resgatou Arthur em meia hora! Ly... Não era ela. Não era mesmo... E agora eu descobri o nome dessa "outra" Raveneh...
- E ela se chama... - fez Lych surpreso.
- Catherine - completou Johnny - pelo que sei, ao que parece, Catherine foi uma irmã de Raveneh. Aquela irmã mais velha, que é mais bonita, melhor em tudo... mas não sei o que houve na infância dela... Ao que parece...
- ... Essa coisa de irmã melhor em tudo se tornou tão forte a ponto de criar uma dupla personalidade? - completou Lych hesitante.
- É. Acho que foi isso - disse Johnny olhando para o céu inexpressivo - a Catherine que assume o controle de Raveneh... ela é extremamente invocada. Ela disse que odeia Raveneh. Odeia mesmo.
- A mãe dela deve ser sido cruel - murmurou Lych - porque deixar uma criança ser humilhada pela própria irmã, é no mínimo, cruel.
- É - concordou.
Os dois ficaram calados, pensativos.

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Lala, prevendo monstruosas confissões, resolveu se servir de um pássaro treinado, que falava. Era utilizado como um gravador, devido a sua memória especialissima e capacidade de repetir tudo o que memorizou depois.
- Bem. - iniciou Lala - em que situação vocês se conheceram? E qual era a relação entre vocês?
Nem Renegada nem o Rei pretendiam ocultar... Compartilhavam o mesmo pensamento de que tudo estava perdido mesmo, então botar mais lenha na fogueira não iria fazer nada de mais.
- Eu era no Norte - começou a Renegada com um suspiro - íamos resolver o problema das fronteiras do Norte, e eu era uma empregada somente. Devo admitir que eu sou uma fada, é verdade. E nasci neste Reino das Fadas, mas não lembro dele... Minha mãe saiu daqui após eu nascer e se mudou para o Norte. Mas eu tenho sangue de fada... Bem, não é sobre isso que falo...
Renegada respirou fundo e continuou:
- Aí eu conheci o Rei. Eu tinha que servir-lo, e nós nos conhecemos assim. Ele passou a ser gentil comigo, e eu passei a ser gentil também. Mas essa gentileza... ela foi... foilongemdemais.
- Quê? - fez Lala.
- Acabamos por virar amantes - admitiu o Rei em uma voz séria, sem olhar para Lala.
A Renegada mordeu o lábio inferior, dizendo mais para si mesma do que para os outros: "não sei quando foi que o amor virou ódio..."
- Amantes? Céus... e por que não ficaram juntos? - indagou Lala pasma com o que ouvia. E claro, ela ainda não sabia da missa a metade.
- Kycci era de Norte - contou o Rei - e uns quatro meses depois da Conferência, o Norte declarou guerra. E todos os nortistas que fossem envolvidos com alguém do meu reino seriam mortos... Tinha uma guerra declarada. Norte versus Heppaceneoh.
- As Campinas ajudaram Calvin - disse Renegada - eu não sabia com o que estava me metendo.
- Perdão - interrompeu Lala - uma perguntinha básica: qual seu nome, Renegada?
- Mycil D'illyne do Vale Norte - respondeu Renegada com um sorriso.
- E porque o Rei de Heppaceneoh lhe chama de "Kycci"? - indagou Lala.
- Por que "Kycci" significa "aquela que veio para ficar" - explicou o Rei - em um idioma estrangeiro. Foi um apelido que lhe dei há uns dez anos, um apelido só dela...
Lala estava com o queixo até o chão, dada as confissões que escutara. Peraí!, pára tudo: a Renegada foi AMANTE do Rei? AMANTE?? E... OOOOOHHH MYYYYYYY GOOOOOOD!!!!!!!!! Arthur!! O_________O. Porém fingi (mal) uma cara desinteressada e continuou:
- Certo. Por que se separaram?
Um olhou para o outro. O Rei tinha um olhar inseguro, já a Renegada estava mais confiante.
- Porque - contou Renegada - eu engravidei. E a Majestade de Heppaceneoh não podia ter filhos como uma qualquer do Norte no começo da Primeira Guerra...
Lala mordeu o lábio inferior, antes de realizar a fatídica pergunta:
- Arthur é o seu filho, Renegada?
Renegada deu um sorriso.
- Sim, ele é o meu filho - respondeu - Calvin o tomou de mim. E eu o quero de volta.
O Rei apenas suspirou impaciente.

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