- Umrae!!!
- Ah, olá.
Kibii fez uma cara zangada.
- Sabe, eu vim te agradecer por ter salvado a minha vida ou algo assim - disse - mas já que não quer mais falar comigo, eu compreendo.
- Heeeey - Umrae exclamou - eu disse 'olá' o_o
- É pra dizer: 'OLÁAA KIBI-CHAN' - Kibii disse, sua expressão quase igual a de um cachorrinho sem dono.
- Palhaçada, viu - Nath disse - a paciente está descansando.
Kibii levantou uma sobrancelha, a expressão crédula. Nath respondeu da mesma forma, seus olhos verdes faiscando.
- Ah, legal - Nath disse depois de cinco minutos - vou me retirar. Mas se ver você se exaltando e Umrae nervosa, eu juro que você não vai conseguir andar por uma semana.
- Tá O_O - virou-se pra Umrae - Nath está na TPM?
- Parece - Umrae reclamou - ela me deu bronca ontem ;__;
- Deu bronca pra todo mundo - Kibii disse - veja só, eu trouxe chocolates, que tal?
Mostrou uma caixa repleta de chocolates nas mais diversas formas: frutas pequenas como morangos ou maçãs, ou então em forma de folhas e espadas. Umrae sorriu, e pegou um.
- Pois é, e agora - Kibii também pegou um e começou a comer - Maria está organizando uma Defesa Ultra-Especial Contra Demônios Selvagens.
- Defesa Ultra-Especial Contra Demônios Selvagens? O__O - Umrae repetiu, a voz de quem duvida.
- Sim - Kibii respondeu girando a cadeira giratória ao lado da cama - não com esse nome, claro. Mas é algo assim. Dobrou as horas de treinamento. Em suma, estamos todos ferrados.
- E como está aqui? - Umrae perguntou, divertida.
- Ah, eu fugi um pouquinho - Kibii respondeu - sabe, acredito que foi um caso de demônio que não quis esperar as ordens de Ophelia. Iria morrer de qualquer jeito.
As duas riram e continuaram a comer os chocolates.
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- Raveneh! - exclamou Johnny, contente.
Raveneh sorriu docemente, os olhos azuis sorridentes.
- Estava tão preocupado!... - murmurou - só fui passear um pouquinho... veja, o bebê chutou.
Johnny sorriu: era Raveneh, a Raveneh doce.
- E o Jorge? - perguntou Johnny preocupado - o que fez com ele?
- Eu? Oh, nada - Raveneh respondeu, a expressão curiosa - eu só fui passear, Johnny.
- Mas Catherine... - Johnny começou, ao que Raveneh interrompeu:
- Ela também não fez nada.
Rafitcha sorria, acompanhada das amigas.
- Bom dia - sim, era dia já: o sol sorria atrás das nuvens.
- Bem, passamos a madrugada fora, na rua - Bia disse - o que faremos com os corpos lá dentro? Aposto que acordaram, ouvi uns gemidos.
- Bem, aposto que estão mortos já tamanha a quantidade de sangue - Rafitcha lembrou - e não tenho pingo de vontade de voltar pra lá. Aliás, não quero mais ficar em pensão nenhuma.
- Ah, então vamos ficar onde? - Amai riu - na rua?
- Bem que podia ser... - Rafitcha também riu.
Era impressionante o espiríto dessas pessoas. Dentro do quarto onde costumavam ficar, haviam cinco corpos assassinados por uma das componentes, estavam todos sob o risco de morrer a qualquer instante e estavam rindo.
- Quanto dinheiro temos? - Johnny perguntou.
- Diremos que temos uns 600 golds - Tatiih respondeu, olhando a bolsa.
- 600 golds? É bastante coisa - Amai se surpreendeu - uma noite na pensão, por exemplo, é só 20 golds o_o
- Sim, muito dinheiro - Bia respondeu - é para o caso de precisar subornar alguém.
- Bem, a gente pode simplesmente pagar uns 50 golds pra alguém limpar a bagunça - Kitsune disse - sempre tem as pessoas que fazem tudo por segredo absoluto por dinheiro pouco...
- Vamos voltar à pensão - Rafitcha sugeriu - quem sabe a gente consiga algo com os donos da pensão...
Voltaram. Mal entraram, o homem que desmaiara por apanhar no dia anterior assumiu um olhar assustado:
- Não! - disse - nada de encrenca com o governo de novo! Deixem-nos!
- Só viemos pegar nossas coisas... - murmurou Amai, que falava com o típico sotaque e se trajava à moda da cidade.
- Você mora por aqui, não é? - o homem olhou para Amai - não sei o que pensa que está fazendo se metendo com eles... VOCÊ eu deixo. Vá lá, e pegue as coisas. E sumam daqui, vocês todos!
- Está bem... - Kitsune sorriu constrangida.
Amai subiu as escadas, relembrando do caminho: estranhamente apesar de ter passado algumas poucas horas desde a invasão, as escadas estavam limpas. Abriu o quarto: nem um rastro de sangue sequer, tudo limpo. Pegou as bolsas que havia, reparou que estava tudo limpo. Pelo menos a gente não teve que limpar...
Voltou, entregando as bolsas para todo mundo.
- Está tudo limpo - disse Amai - alguém limpou.
Todos deram as costas, e ficaram sentados na calçada, pensando.
- Não podemos ficar na rua - Tatiih disse - é divertido e sem compromisso, mas Raveneh está grávida de oito meses. Não dá pra fazer isso.
- Podem ficar na nossa casa - Kitsune disse - é meio longe, mas é perto do rio.
- Sim, sim - Amai concordou - que tal?
- É uma boa - Rafitcha - lá poderemos nos esconder...
- Sim sim - Raveneh concordou - aposto que será um bom lugar para eu ter o meu bebê.
Todos sorriram.
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Ophelia acordou depois de apenas algumas horas.
- Acorde, Lala - disse - estou cheia da vida.
Lala acordou, intrigada. Rapidamente calçou as botas e ajustou a capa, curiosa.
- Estamos perto de que cidade? - perguntou Ophelia - sabe, estou cheia dessa vida de governar o novo mundo. Quero um pouco de diversão.
- Acho que estamos no leste, perto de Luvingor - respondeu Lala, com admiração na voz. Ophelia era desencanada, mas nunca saíra pra se divertir ou algo assim.
- Vamos.
Ophelia saiu, seus cabelos castanhos esvoaçando com o tempo, o sorriso brilhando. E Lala não achou que era apenas impressão quando as raízes das árvores se retraíram para deixar a Musa Adormecida passar.
- Moço! - gritou Ophelia, batendo a mão no balcão furiosamente.
- Sim? - o moço veio prontamente.
Estavam em um bar, homens enchendo a cara logo de manhã cedo e mulheres sonolentas depois de se drogar.
- Eu quero uma mimatta - Ophelia disse - a mais forte.
- Ophelia! - repreendeu Lala - mas você!...
- E uma pra ela também, mas fraca, sabe - Ophelia disse. Aproximando-se do rosto do moço, sussurrou: - ela é fraca pra bebida, infelizmente.
- Oh sim, claro! - o moço assentiu, sentindo o nervoso - eu virei.
Ophelia sorriu.
- Você tem dinheiro? - Lala perguntou.
- Quem precisa pagar aqui?
A pergunta-resposta foi tão categórica que Lala nem perguntou como a amiga pagaria as mimattas.
Logo o homem veio, trazendo dois copos altamente repletos de mimatta, até a borda. Ophelia pegou a que mais parecia forte (quanto mais espuma, mais forte é) e deixou Lala ficar com a outra.
- Beba, Lala - disse - às vezes nós precisamos nos divertir, sabe.
- Uma Rainha do Novo Mundo não pode se prestar a isso - resmungou Lala, olhando para o cálice.
- Acontece que eu não uma Rainha qualquer, sou Ophelia, a Musa Adormecida - disse a amiga friamente - agora beba.
Lala bebeu, a sua expressão fechada. Mal bebeu o primeiro gole, sorriu e perguntou:
- Você mandou servir mimatta de maçã?
- Si, si - Ophelia riu.
- Estou farta da maçãs. Vai nascer maçã em mim de tanto que eu como maçã. E você manda servir bebida feita com maçã pra mim?
- Si, si.
Pronto, o tempo fechou. Lala pegou o cálice e jogou a bebida - quente - na cara de Ophelia.
Tudo parou. O pianista que tocava suas dores parou. O bêbado que balbuciava parou. Os dois homens que brigavam pararam de brigar. Até mesmo as prostitutas que estavam do lado de fora escutaram e pararam.
Todos sabiam que era a Ophelia, e ninguém a tratava diferente por isso: estavam ferrados de qualquer jeito, então tratar a Musa Adormecida de normal não mudaria em nada nas patéticas vidas dele.
Mas todo mundo achou que Lala iria se ferrar. Se não fosse morta, seria torturada só pelo absurdo de tacar uma bebida quente de mimatta de maçã na cara da Musa Adormecida. Se alguém fizesse isso com o dono do bar, seria morto, que dirá com Ophelia?
Mas Ophelia só fez rir. E riu. E mais um pouco.
- Pensa que é o máximo que pode fazer? - gritou, esganiçada.
- Err - Lala sentiu apreensão por um momento, quase sufocada de tanto medo.
Ophelia olhou para o teto de forma intrigada e somente disse:
- É. Acho que sou fraca pra bebida - e bebeu o resto da bebida - traz mais - pediu.
O homem arregalou os olhos e trouxe a taça como se fosse um fantasma, os lábios tremendo e o suor frio: Ophelia não iria reagir, tipo, explodindo tudo? Então ela não iria confirmar as lendas que corriam a respeito de Ophelia?
Bem, eu como narradora, devo parar a história e dizer uns fatos:
Fato Número Um: as lendas sobre Ophelia surgiram quando ela ainda era uma criança manipulada pela mãe. E todos pensavam em Ophelia como uma criança, mesmo quando as lendas voltaram a correr sobre a volta da Musa Adormecida.
Fato Número Dois: quando Ophelia destruiu o show de Yohana, ela só fez destruir. Mas como você sabe como é boato, logo surgiram "verdades" que Ophelia matara umas pessoas nesse fato. Mas Ophelia é inocente de todos as acusações de assassinatos desde que acordou.
Fato Número Três: e de novo as lendas fizeram seu trabalho de aumentar a importância e exagerar os fatos, então todo mundo pensava que Ophelia era uma pessoa explosiva. Acontece que Ophelia nunca foi o tipo de pessoa que explode ou que se irrita facilmente: ela somente tem uma visão diferente do que é se divertir. Vide a primeira luta com Lala em que quase a matou.
Agora volto a história.
Ophelia bebeu tudo e pediu. E mais e mais e mais. Aí Lala começou a se preocupar. Ophelia já estava tonta, a bebida correndo pelas veias, todo mundo tinha se despreocupado. Lala não falara mais, com medo de alguma reação.
- Como vai, Lala? Não bebeu nada? Oh-Oh - ria - estou com cheiro de maçã.
A pele do rosto de Lala ficava vermelho-tomate, combinando lindamente com o cabelo laranja. Lala queria achar um buraco e se enfiar nele. Melhor ainda, ela queria morrer.
- Ophelia, vamos embora... logo logo vai anoitecer.
Ophelia ria, de forma esganiçada.
- Ora, deeeixe de ster stúpiiida - cantarolou - o Novo Mundo... o Novo Mundo... sabe - respirou fundo e recomeçou - eu era bem criança. Sabe Elyon? Pois é, Elyon, aquela vadia... ela tentou me matar, você acredita? Ha-ha.
- Ophelia, vamos... você precisa descansar...
- Deixe-me, Lala, eu passei anos e anos presa na infância. Não podia beber, se drogar, namorar, sequer sair de casa! - ria - mas eu bebia, oh yeah... eu fui uma criança rebelde. Lala, a minha adolescência só está começando...
- Ophelia, deixe disso, você está bebâda.
- Nada disso - Ophelia se afastou - vou dançar um pouco, música está divertida. Vem dançar também, querida, você precisa se divertir um pouco.
- Ophelia...
- Ah, então tá. Deixa eu te contar... sabe, eu tinha um vizinho. Ele era alto e terrivelmente narigudo e sardento. Oh, mas eu gostava dele, oh sim eu gostava - Ophelia se deliciava com as lembranças - qual era o nome dele? Zu? Ze? Zaaa?... Alguma coisa com Z, não importa...... só sei que... err, nossa estou tonta! Mal consigo ficar em pé, mas sinto como se fosse voar... enfim o vizinho gostava de mim. Um dia, sabe o que fiz? - arregalou os olhos, tentando dar suspense à história - eu botei remédio pra dormir no chá de mamãe, assim que ela dormiu, eu ó: PUF e sai pra casa do vizinho. Fiquei com ele a tarde inteira... eu nunca contei isso pra ninguém...
Lala ficou ainda mais vermelha:
- Ophelia, venha - disse tentando não gaguejar de tanta vergonha - venha... você é de uma desgraça quando bêbado, fica contando tudo. Já deixou se revelar que é Ophelia, ora essa.
A amiga riu e logo começou a ficar sonolenta, tendo que ser carregada por Lala até o jardim. Esta suspirou, resignada.
Estavam diante de um pequeno rio (sim, o Mundo das Fadas é repleto de rios o_o), Ophelia toda molhada e dormindo, Lala acordada e sentada em ângulo reto, as duas debaixo do céu que entardecia devagar.
Lala nunca contou sobre o acontecido, Ophelia não tentou relembrar, os homens que assistiram à cena lamentaram por Lala ter impedido a decadência total de Ophelia (queriam muito que ela tirasse as roupas e dançasse. Ou algo assim) porém também nunca contaram a alguém que haviam assistido a Rainha do Novo Mundo completamente bêbada. Mas estes homens foram os primeiros humanos que influenciaram vários outros para guerrearem a favor de Ophelia.
2 comentários:
Lala jogou bebida nela!! O_o''
4 dias sem postar capítulo novo :o
q falta de absurdo Luna! :K
*lol**lol*
by Rafinha (esse email aqui é do meu primo :P)
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