terça-feira, 4 de março de 2008

Parte 06 - Ela está sofrendo.

A floresta era fria, gélida. E por mais estranho que possa parecer, era habitada. Entre a floresta escura e gélida e as montanhas com seus picos rodeados por neve, havia uma minúscula vila chamada Cherllaux.

Havia umas cinquenta casinhas ao redor da clareira, e em cada uma delas, morava pelo menos uma pessoa {dã}. A maioria eram famílias mortais descendentes de fadas das trevas, que viviam no norte. Por isso preferiam viver no frio, era como viver em casa. Apesar de seres humanos, ainda assim tinham magia no sangue.
Outros habitantes eram normalmente feiticeiros, como uma certa mulher.
Ela era feiticeira, e muito hábil nas artes. Ela não era a mais especial da vila, nem a mais poderosa entre as feiticeiras que existiam. Também não era a mais bela, apesar de ser extremamente bonita e conseguir fazer um trânsito parar com a sua face. E nem era a mais especial porque tinha um aprendiz na sua cola, e nem era a mais má entre as do seu tipo. Também não era conhecida porque era extremamente boa.
Thá simplesmente era fora do comum devido a sua família: a maioria das feiticeiras ou vinham de uma família de magos ou tinham um passado nebuloso. Thá não era descendente de nenhum mago, também o seu passado era claro: nascera de uma família das elfos. Aparentemente seu pai, um elfo habilidoso e lindo de morrer, pulou a cerca com a mãe, uma bela fada das trevas. A mãe, após ter a Thá, passou a viver como empregada do próprio marido e o elfo passou a criar Thá.

Quando Thá alcançou cinco anos de idade, a mãe morreu por uma infecção fatal. Aos dez anos, conheceu a verdade sobre o seu nascimento. Aos quinze, sendo absurdamente poderosa para a idade, seu pai morreu. E ela passou a controlar seus poderes. Seu poder nunca mais cresceu, desde então e hoje é somente um pouco acima do normal.
- Bom dia, Thá - murmurou uma criatura pequena.
Thá abaixou o olhar. Uma criança sorrindo para ela.
- Ah. Bom dia - respondeu dando um frio sorriso.
A criança fez uma reverência simples e se afastou. Thá seguiu em frente.
Ela era morena, com olhos profundos e reveladores. Os cabelos estavam ocultos pelo capuz marrom, mas dava para perceber que os cabelos eram em algum tom de castanho.
Abriu a porta de uma bonita casa, feita de pedras perfeitamente quadradas e cinzentas. Havia um pequeno jardim a frente, assim como havia em todas as outras casas: um jardim com algumas flores, uma entrada de pedra ou madeira.
A casa estava escura. Aparentemente seu aprendiz ainda não havia voltado.
Tirou o escuro manto, deixou no cabide. Quando andava pela casa, as velas se acendiam como se mãos invisíveis riscassem um fósforo e pusessem em cada pavio.

Quando passou pela cozinha, as mil velas ali se acenderam e mostraram o aposento limpo e funcional.
Sorriu.

NHEEEEEEEEEEEEEC.
Alguém havia entrado na casa, fazendo a porta ranger. Thá não se virou, sabia. O cheiro já denunciava.
- Bom dia, Vinicius - disse.
Vinicius sorriu desajeitadamente.
- Bom dia, mestra - murmurou - eu trouxe... trouxe comida - mostrou uma sacola repleta de queijo e outra cheia de pão.
Thá sorriu.
- Que bom! Conseguiu com a senhora Dommie? - perguntou - o pão é do padeiro Juppie?
- Sim! - Vinicius disse, pondo as sacolas na mesa - o senhor Juppie cobrou apenas meio gm' por cada pão! E quanto ao queijo... Bem, convenci a senhora Dommie me vender queijo a um preço bastante barato, até!
- Meio gm' por pão? Parabéns - disse Thá - que bom que está aprendendo a pechinchar. Não podemos nos dar ao luxo de gastar sem controle...
- Como anda a situação, mestra? - indagou Vinicius.
- Bem... - Thá olhou para todo o pão que havia dentro da sacola, sem expressão, como um gato confuso - mas preciso arranjar mais dinheiro. Creio que logo preciso começar algum trabalho...
- A venda das ervas não foi o suficiente? - alertou-se Vinicius.
- Rendeu os 45 gm's habituais, não se preocupe - disse Thá bondosamente - as ervas são garantidas... Mas a minha herança está acabando.
Vinicius se entristeceu, Thá não viu. Somente olhou para a porta, como se esperasse alguma visita.
Mordeu o lábio inferior, curiosa. Alguma coisa estava acontecendo...
Talvez não fosse nada...
Talvez...

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Eu não descreverei tudo aqui sobre os Encantos porque foram demasiados elaborados e dá muito trabalho descrever tudo. Só posso dizer que no final, todos aplaudiram o belissímo "espetáculo" assombrados por tanta beleza.
As fadas estavam muito cansadas, mas não demonstrava. Passaram anos acostumadas a terem sobre o rosto uma fina máscara, sempre imutável e achavam vergonhoso demonstrarem seus sentimentos a pessoas que mal conheciam.
- Está com sede? - indagou Tatiih erguendo uma garrafa repleta de algum refresco para uma bonita encantadora, de olhos da cor de um céu quando anoitece.
A encantadora não mudou a sua expressão, somente fitou para a garrafa inexpressiva. Seriamente, disse:
- Sim. Obrigada.
Tattih sorriu com aquele rosto jovem e animado, e logo entregou uma taça repleta de refresco de uva, dava para saber pelo cheiro.
A encantadora fez uma reverência em respeito, e sentou-se no chão, bebericando o refresco.
Tatiih não foi embora. Somente ajoelhou-se diante da garota, e com aquele sorriso mais animado que conseguia dar.
- Você parece ser muito jovem - comentou Tatiih - se me perdoa a intrusão, quantos anos tem?
- Dezesseis - respondeu a encantadora.
- E qual seu nome?
- Bia Premy.
As respostas eram tão afirmativas e curtas que Tatiih se sentia constrangida em abrir uma brecha e começar a conversar, mas não desistia jamais!
- Você é o quê além de ser uma encantadora? - indagou Tatiih - porque, sabe, ser uma Encantadora não é algo seguro...
Bia ergueu o olhar, e sem sorrir, respondeu:
- Sou caçadoras de demônios - e bebeu o resto do refresco.
Caçadores de demônios não tinham o mesmo status de uma encantadora. Crianças podiam ser treinadas para Encantarem lugares, mas nunca uma criança ia ser treinada, educada e aprenderia para caçar demônios. Talvez nas lendas de antigamente, talvez em alguns lugares.
Mas demônios eram tidos como inexistentes, praticamente controlados pelas fadas. Há anos atrás existia doze dragões selvagens que aterrorizavam as noites de todos, eram ásperos, tinham asas e expiravam fogo pelo nariz, capaz de exterminar uma aldeia inteira em segundos. Havia a Medusa, com seu olhar que fazia carne virar pedra, e cada fio do seu cabelo era uma pequena e longa cobra, com dentes afiados e veneno mortal. Também existia as Mil Serpentes que viviam nas florestas tropicais, matando todo humano que encontrar somente com o encostar da língua. Nem no oceano, se tinha paz: sereias belas cantavam para os mortais, e com o sorriso mais maldoso e irrestístivel que tinha, arrastava homens para o fundo do mar onde era refeição garantida.
Mas dissem que todos esses demônios foram mortos, porque as fadas se esforçaram para isso. E hoje praticamente não tem demônios, portantos caçadores de demônios são tidos como ridicularizados e descrentes do governo.
Mas Bia era diferente. Não sabia direito porque resolvera caçar demônios, não lembrava. Mas ela sabia perfeitamente bem que essa história de demônios mortos era pura balela: nenhuma fada conseguiria conter nem a Medusa, que dirá dragões, enormes serpentes, sereias e outros menores.
- Que profissão diferente! - exclamou Tatiih admirada - eu nunca conheci um caçador de demônios, antes.
- Sim - disse Bia. Ela já começara a ter alguma simpatia pela garota - eles estão sendo extintos.
- Sim, imagino que sim - concordou Tatiih - as fadas sempre disseram que demônios não existiam mais...
- Pura mentira - disse Bia. Olhou para a taça vazia e entregou-a para Tatiih - obrigada.
E se levantou.
Tatiih também se levantou e fazendo uma reverência profunda, saiu de perto.

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- Quanto tempo falta? - Loveh perguntou.
Miih somente olhou para as suas mãos, iluminadas fracamente, embora já fosse noite. Sem erguer o olhar, respondeu:
- Muito pouco tempo.
Loveh abaixou o olhar, triste. Tolas fadas! Pensaram que tinham domesticado o mais poderoso dos demônios, que nada!... Demônios nuncam são domesticados, nunca são mortos por seres fragéis como fadas, nunca se rendem...
... somente ou se matam ou dormem a fio durante anos.
- Ela está se remexendo agora - murmurou Miih olhando para as mãos, sem fitar o lua como costumava fazer - ela está se mexendo, como se estivesse tendo um pesadelo. Ela está sofrendo.
Loveh não respondeu. Somente levantou o olhar.
- Provavelmente virão atrás deste castelo... - sussurrou - vão querer que nós auxiliemos para derrotá-la. Mas nós prometemos, não foi? Há tantos anos, quando ela foi posta para dormir, as fadas se ajoelharam e disseram que não pediriam a nossa ajuda novamente... E prometemos nunca mais ajudá-las...
- Vai manter a promessa, Loveh? - perguntou Miih colocando as mãos na beirada da janela, agora fitando a lua cheia e perfeitamente redonda - eu sei do que nós prometemos, do que as fadas prometeram. Elas são tão arrogantes, mas seria justo colocar inocentes em risco?
Loveh abaixou a cabeça.
- Não seria justo - murmurou por fim - mas o que fazemos. Eu não quero ajudar aquelas tolas fadas? Qual vai ser a jogada da Rainha agora para conseguir a nossa ajuda?
- Não pedir - respondeu Miih - ela não vai pedir a nossa ajuda. A mãe dela não, pediria, usaria vidas inocentes pra chantagear. Mas esta agora não. Ela é a Rainha Siih das Fadas dos Céus. Ela é uma jovem e ainda não compreendeu os jogos sujos da realeza. É inocente até demais.
- Então tá... - Loveh olhou para a lua também - ela está se remexendo em algum lugar longe e perto daqui.
Miih ficou surpresa:
- Está conseguindo sentir agora? Pensei que...
- Eu manipulo os ventos - respondeu Loveh sorrindo - e eles sempre trazem notícias.
- Então porque pedia a minha ajuda para saber como ela estava? - indagou fingindo que estava com raiva.
- Porque você consegue as notícias com mais exatidão que os ventos - Loveh murmurou.
Miih sorriu e fez uma breve reverência.




E no próximo capítulo...

- Sim, uma mimatta - riu Kibii - mas nada daquelas mimattas estúpidas que Ly adora com quase 100% de álcool ò_ó
- Hey! - protestou Ly furioso - não é isso tudo! O problema é que VOCÊ é fraca pra álcool!
- Bah! - fez Kibii - bobagem!
Ly se enfureceu, e pediu uma mimatta com 70% de álcool para Kibii beber. Kibii riu, e disse que podia beber o quanto quisesse, mas nunca iria ficar bêbada.
Umrae riu também, e disse que tinha que ter aposta.

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