terça-feira, 11 de março de 2008

Parte 09 - Yohana e Alex - Cinco perguntas e três fotos!

- Ai...
Sua face era de uma criança, com olhos arrendondados e em um tom de verde adorável, como se fosse uma floresta no seu olhar. Ela não sorria, embora qualquer um soubesse que seu sorriso era perfeitamente encantador.
Seus cabelos castanho-escuros estavam bagunçados, emaranhados. Seu vestido que outrora era perfeito e lindo agora estava amarrotado e sujo de terra.
Tossiu. Estava estranhamente cansada. Porque acordara? Parecia que tinha mergulhado em um sono profundo, onde sonhos não existiam e nenhum barulho a pertubava...
... até agora. Escutou somente um cri-cri de algum grilo por perto, e foi o suficiente para se remexer. E os pesadelos haviam voltado, e estranhamente todos eles eram confusos.
Fechou os olhos, sem saber o que dizer. Cada célula do seu corpo doía, como se não aguentasse mais.
- Ai...
As lágrimas vieram, irritantes, salgadas. Mordeu o lábio inferior, de dor. Seu corpo não estava evoluído...
... sua memória estava meio fraca, mas lembrava das coisas. E lembrava que já era uma mulher quando adormeceu... mas por algum motivo a trancaram em um corpo de menina. Peraí, já era mulher? Talvez fosse só sua consciência...
Droga pensou irritada eles vão receber o que fizeram comigo...

Por um instante, todos os bichos a volta daquela região se calaram. Alguma coisa muito, muito grande tinha acontecido.
Muito grande...

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- Acordou.
Disse uma mulher que estava junto com Loveh e Miih, reunidas em uma floresta.
- Sim, Sunny - disse Loveh - ela acordou.
- Vamos ajudar? - indagou a Sunny curiosa e apreensiva.
- Por mim? - disse Miih - não.
Sunny olhou para Miih com um olhar infantil, como se tivesse medo. Seus olhos eram muito claros, de um azul-pálido. Combinava muito bem com o tom dos seus cabelos, que eram de um loiro-quase-branco e a sua pele alva, como se fosse um fantasma. Seu vestido era amarelo-pálido, com algumas camadas de seda brancas. Ela estava descalça, e emanava uma luz estranha, como se fosse uma alma que veio de outro lugar.
- Cadê Alice, Elyon, Louise, Catherine? Elas estão atrasadas! - resmungou Miih.
- Eu já consigo vislumbrar o perfume de Elyon - sorriu Loveh aspirando o doce aroma da floresta.
- Você e sua mania de sentir perfume de todo mundo que está por perto! - Miih retrucou - e Alice? Sente o perfume dela também?
- Aqui na floresta não tem como - murmurou Loveh sem se alterar - Alice tem o mesmo perfume que uma floresta...
- Sim... - sorriu uma mulher entre as árvores.
- Está atrasada, Alice - disse Miih duramente. Alice somente sorriu.
Loveh tinha dito que as outras tinham medo dela, por ela manipular o pânico melhor que todas. Mas aparentemente Alice havia treinado para nunca ser derrotada pela Miih, e aparentemente podia confrontá-la sem medo.
Será que foi a mesma coisa com as outras?
- Você está bela, Alice - disse Sunny gentilmente, fazendo uma reverência.
- Obrigada, Sunny - sorriu Alice.
Realmente Alice era bela: sua face era morena, com os olhos castanhos e os cabelos também castanhos, em uma perfeita e ordenada rebeldia. A coroa de flores jazia na sua cabeça, e seu vestido tomara-que-caia era marrom com flores bordadas cuidadosamente, a bainha dourada, o comprimento que terminava nos joelhos.
- Alguém já pediu ajuda? - indagou Alice.
- Não - resmungou Miih - parece que nem sentiram quando ela acordou.
- E quem você acha que vai tentar barrá-la? - indagou Loveh.
- Uma tola fada metida a heroína, provavelmente - disse Miih - quem sabe a mando da Rainha.
Loveh ficou quieta por um momento. Logo falou, em um sussurro calmo e breve:
- Ela finalmente recuperou a memória.

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- Que tal estou? - riu Kibii mostrando seu curto vestido de batalha - bonita?
- Está ótima - Fer respondeu, amarrando as suas botas prateadas.
Kibii ajustou o arco nas suas costas - não se desgrudava das suas armas nem se o papa mandasse. Estava anoitecendo, a lua subia devagar e aparecia tímida entre as nuvens.
Em outro lugar, entre as nuvens, Yohana morria de nervosismo. Mordia o lábio inferior, enquanto os maquiadores cuidavam para que seus olhos ficassem deslumbrantes, os cabeleiros mexiam para que o seu cabelo fosse o mais bonito entre todos que existiam, os estilistas faziam com que a sua roupa causasse inveja a todas as mais belas que existiam.
- Não fique nervosa - resmungou Vê - o público veio em cima! Ingressos esgotados!
- Céus... - suspirou Yohana - e se eu cair do palco?
- Você se levanta e continua a cantar - responde Vê, imaculadamente maquiada, com os cabelos caindo em cima dos ombros, charmosamente.
- E se a minha voz falhar? - continua Yohana - o que eu faço?
- Você respira, bebe água e pronto - resmungou Vê.
Yohana suspirou impaciente. A cada segundo, ela estava cada vez mais deslumbrante. Seus olhos estavam com cílios enormes, o traço negro do delineador logo acima dos cílios e depois a sombra rosa-choque, com os strass nos cantos. As bochechas coradas, a boca rosada. O cabelo loiro estava solto, fazendo Yohana parecer uma dessas dos anos 60. O vestido solto, roxo com algumas flores desenhadas em rosa e prateado. As botas negras até o joelho, a meia-calça arrastão preta.
- Pronto... - disseram os cabeleiros se afastando. Os maquiadores também terminaram, com um sorriso no rosto.
- Está uma verdadeira estrela! - exclamou Vê, ao que Yohana sorriu desajeitada.
Eram seis, sete horas. O show começaria às oito horas, e Yohana resolveu esperar no camarim onde leria as cartãs de fãs para relaxar. Pelo menos lá não teria jornalistas insanos ou fãs fanáticos e tarados que gostariam de ter uma calcinha sua. Quer dizer, não poderia ter.
Mas tinha. E ele estava sentado na sua cadeira!
- Quem é você? - cuspiu Yohana, se esforçando para não acabar com a maquiagem.
- Eu sou um cara - riu o rapaz.
O rapaz era alto, moreno com o cabelo negro, caindo em cima do olho. Os olhos demonstravam sinceridade e alegria.
- Saia do meu camarim - Yohana se controlou - saia ou chamo os seguranças.
- Eu sou seu fã - o rapaz disse - eu me chamo Alex.
- Ótimo. Quer um autográfo? Eu dou. Uma foto? Ok. Mas saia - Yohana estava pouco se lixando em parecer antipática, ela só queria descanso! ù.ú
- Quero fotos e entrevistas - disse Alex. Mostrou uma câmera fotográfica e uma bloco de papel.
- Você é um jornalista - cuspiu Yohana - qual a revista?
- Você me descobriu - Alex riu - eu trabalho para a Gossip Girl. Poderia dar uma entrevista?
- Uma pergunta.
- Dez.
- Três.
- Cinco.
- Fechado! - finalizou Alex.
- Vá logo - retrucou Yohana. Repórteres era uma desgraça social.
- Você realmente está namorando o Principe de Kolumb, o Jack Mitt? - começou Alex com um sorriso maroto.
- Não! - exclamou Yohana - não respondo perguntas pessoais, e esse boato é uma bela de uma mentira! Ele está se casando!
- É verdade que você bebeu e dirigiu, e quase matou uma senhora grávida? E para se livrar da prisão, subornou um guarda?
- Não e não. E você gastou duas perguntas!
- O que diz a respeito da sua rival, a chamada Loanne Jumb?
- Não tenho medo dela - cuspiu Yohana - ela é uma tola ruiva que se acha a maioral com aquelas roupas vulgares. Definitivamente, não tenho medo dela! ù.ú
- Perfeito - sorriu Alex. Já imaginava a manchete na capa da revista, com a cobertura completa do show e cinco perguntas respondidas! - e a penúltima...
- Última...
- Eu fiz três perguntas... - fez Alex, quase que para irritar a cantora.
- Você fez quatro. Faça a última e saia daqui - argumentou Yohana, finalizando a frase apontando para a porta.
Alex levantou uma sobrancelha, sorrindo marotamente.
- Ok. Última pergunta. Bem... querida Yohana... é verdade que seu ex-empresário, Lup Omp, tentou abusar de você sexualmente?
Essa foi realmente invasiva. Yohana se enfureceu, mas não descendo do salto, respondeu sinceramente:
- Não, só tentou extorquir dinheiro de mim. Já esgotou suas cinco perguntas - abriu a porta - pode ir.
- Poderia tirar uma foto? Aliás, dez? - pediu Alex com aquele sorriso que tentava ganhar qualquer garota.
- Uma.
- Três? - implorou Alex - e nem precisa sorrir!
Yohana concordou por fim. Posou para três fotos, em duas delas aparecia séria. A primeira foi tirada com ela de lado, sem olhar para a câmera. A segunda, ela olhava para a câmera com um olhar mais divertido - o olhar fingido que todas as grandes musas do showbizz tinham para fingir que estavam só mentindo sobre estarem chateadas. O delineador em formato de gatinha, a sombra rosa, tudo combinava para que Yohana ficasse realmente bela naquela foto: um olhar sedutor, um meio sorriso, os cabelos jogados para cima do rosto, o decote do vestido que era ao mesmo tempo discreto para que nenhuma velhinha se sentisse ofendida e sexy para os homens sonharem à noite com o que havia dentro. Parecia uma musa.
A terceira foto era simplesmente Yohana sorrindo, mostrando seus dentes brancos e alinhados. E aí Alex se foi, para o alívio de Yohana. Ela odiava fingir para as fotos.
Trancou a porta, sentou na cadeira e tentou descansar até o show começar.



E no próximo capítulo...

Lembrava também dos poderes que corriam pelas suas veias. Era incômodo, era como se tivesse um bicho dentro. Antes era delicioso ter aquelas coisas dentro do corpo, aquele poder monstruoso, manipular quase tudo. Mas agora se incomodava, parecia uma doença. Os joelhos fraquejaram, mas não caiu. Olhou para a sua mão direita. Como era mesmo? Um gesto tão simples...
Sorriu. Os poderes agora pareciam mais agrádaveis, suas mãos belos instrumentos, seu cansaço? que cansaço? Agora podia até voar...

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