segunda-feira, 14 de julho de 2008

Parte 49 - Você perdeu, Siih.

- Isso dói!
- É para sentir o que posso fazer!
- Eu já falei que dói!
- Lala, ora essa! Ora... - a voz falhou.
As mãos largaram o corpo frágil de Lala, que desabou no chão, que se contorceu de dor. Os cabelos laranja estavam despenteados, e os olhos cor-de-mel não verteram nenhuma lágrima ou assumiram alguma expressão de arrependimento ou ódio.
- Já entendeu que eu não tenho escrúpulos? - Ophelia sibilou maldosamente.
- Como se não tivesse entendido desde o começo! - Lala gritou, se pondo de pé, gritando na cara de Ophelia.
Estavam em um dos quartos que Alicia arrumou rapidamente e medrosamente. Era grande, todo branco e cristalino. A janela dava para ver as Campinas lá embaixo, o sol se derramando sobre o verde contínuo. E não havia nada no quarto, exceto por uma estátua de marfim que retratava uma mulher com asas. Esta estátua brilhava devido ao sol, de olhos muito penetrantes. Uma estátua que estava exatamente no centro da sala, que aliás era circular. Um cenário interessante para Ophelia castigar Lala.

Ophelia não pareceu, mas se sentiu irada ao se ver diante do "poupe a Majestade". Mesmo que Lala estivesse completamente submissa naquela hora, ainda assim Ophelia odiou se ver diante de um pedido tão... ridículo. E era por esse motivo que castigava Lala, desferindo alguns golpes na costa, como se fossem chicotadas. E Lala não havia chorado, pedido perdão ou nem mesmo desafiara Ophelia. Simplesmente aguentara os golpes (ela sentiu um arrepio e evitou ver qual a arma que foi usada) com disciplina espartana. Lala somente se irritara.
- Me desculpe, Lala - Ophelia deu um olhar bondoso e Lala realmente teve muito medo de perdoar Ophelia, guiada pela aparente bondade e ternura naqueles dois olhos castanhos.
Lala tocou as próprias costas, tendo que contorcer seu braço. Sentiu apenas um machucado, e percebeu que não sangrava. Mas ardia ao simples toque.
- Você vai me arranja roupas decentes - Lala somente disse - chame Alicia e mande-a trazer roupas para mim.
- Ora - Ophelia comprimiu um riso - eu não me curvo a você! Quem é a escrava aqui?
- Mas, mestre - Lala disse em um tom perigosamente baixo - você vai recusar um pedido da sua querida... amiga?
Ophelia a fitou com os olhos castanhos, admirando a serenidade e o orgulho contido nas feições definidas da escrava. Vacilou, e resolveu aceitar o pedido da "escrava".
- Alicia! - abriu a porta, meteu a cabeça para fora e gritou - Alicia!
Silêncio.
- Alicia! Não tem ninguém aqui que trabalhe?
- Você matou a outra assistente - Lala alfinetou - agora quer que Alicia dê conta do dobro que tem que fazer?
- Cala a boca, Lala - Ophelia disse com rispidez - ei, você! - disse para um Glomb qualquer que passava - você. Pegue roupas! Anda!
- Sinto muito - o Glomb disse - nós somos enfeitiçados para obedecer somente à Rainha. E Siih ainda é a Rainha, e não podemos obedecer a qualquer pessoa que Siih seja inimiga!
- Ah entendo - Ophelia mordeu o lábio inferior. Com certeza aqueles malditos feitiços para controlar um povo inteiro - então, por favor, chame Alicia?
O Glomb engoliu em seco, avistou a garota de cabelos laranja que por acaso estava de costas. E conseguiu ver os cortes feios, que não sangravam, mas pareciam bastante doloridos. E achou uma excelente idéia chamar Alicia.
- Claro, senhora!
E sumiu.

- Você é uma idiota, Ophelia - Lala disse, a voz muito casual. Ophelia se virou, parecendo bastante irritada:
- Tem noção do que está dizendo, Lala? Se alguém escutar você dizendo assim...
- ... perdem todo o "respeito" que tem por você - Lala completou sem um mínimo de temor - já chorei demais, já me humilhei demais.
- É fácil ser destemida quando se está ganhando, né? - Ophelia alfinetou, fechando a porta rapidamente - você sequer ajudou quando foi sete contra um. E só chorou pedindo que eu poupasse a Majestade. Por que chora tanto em momentos cruciais e é uma idiota tola destemida a sós?
- Por que é mais fácil mentir, Ophelia - Lala deu um sorriso de canto - minha amiga, não quero que você morra. Mas se você morrer, não quero ser perseguida em todos as colônias de fadas como traidora, entende?
- Você é uma safada mentirosa - Ophelia deu um sorriso cínico.
- Absolutamente - Lala sorriu.
- Quando foi que perdeu o medo por mim? - Ophelia quis saber, curiosa.
- Quando você extinguiu uma vila inteira - Lala respondeu friamente - não quis sentir o medo que todos sentiam. Sabe, dá para ver as Campinas aqui. O que fará com elas?
Ophelia ergueu o olhar, tentando achar uma resposta. Nem sabia. Mas que diferença fazia? Era tudo a mesma coisa, pessoas que tremiam só de ver uma Musinha sequer. Hmpf, gente tola e insignificante.

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Grillindor era um reino fantástico, como uma pérola em meio a lama. E com a derrota de Istypid e o orgulho restaurado, estava ainda mais lindo. O verde da grama era vivo, as flores fabulosas, o céu de um azul tão puro! E o palácio que se erguia acima de todas as casas, vitorioso, com a bandeira tremulando no alto.
- Ouvi falar da sua atuação - disse o rei, um homem muito baixo e de olhos pequenos - foi simplesmente esplêndido, Crazy.
- Obrigado, Majestade - Crazy disse, a voz fria.
- Então eu o nomeio General - o rei deu um sutil sorriso - e você receberá todas as honras devidas.
Crazy havia se levantado e fitado o rei nos olhos:
- O que significa - disse - receber mais folgas e poder manter Zidaly longe de mim?
- Posso garantir a respeito de mais folgas - o rei deu um sorriso mais aberto - mas não a respeito de Zidaly. Por que quer tanto que ela fique longe? Ela te adora, General.
- Porque ela é uma vagabunda - Crazy respondeu sem rodeios e se afastou, logo atravessando a linha que separava a sala do trono do sol brilhante. Era apenas mais um dia. Conhecia a história de Ophelia, e imaginava o que estava acontecendo lá longe. Mas isso não importava mais, pois Grillindor era completamente independente. Estreitou os olhos, evitando olhar diretamente para o sol.

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- Eu... a odiava.
Alicia estava sentada, bastante pálida e trêmula, olhando para o vazio. Não estava na cozinha ou na enfermaria onde Siih repousava, nada disso. Estava no quarto onde Libby dormia, admirando cada móvel.
A cama com o lençol branco e desarrumado.
As cortinas da cor de marfim que se mexiam de acordo com a mais leve brisa.
As paredes cristalinas e frias.
O armário feito de mármore, pesado. E as roupas que eram enfileiradas de acordo com o tipo. A maioria era branco e de tons pastéis, Alicia reparou.
A escrivaninha de mármore, com papéis, canetas. A cadeira reta, de madeira clara.
- Eu a odiava.
A voz saia rasgante, quase cortante. E as lágrimas rompiam as bochechas da garota, fazendo-a se sentir desesperada. Não queria recordar do corpo ensanguentado da colega, não queria lembrar as risadas cínicas de Ophelia. O quarto era praticamente idêntico ao seu, com somente a diferença da cor da cortina e obviamente, das roupas e itens pessoais que costumam ficar guardados nas gavetas da escrivaninha.
- Libby, você se lembra do nosso primeiro dia? - Alicia sussurrava para o vazio, não se incomodando pelo céu lindo que aparecia pela janela - a gente se odiava.
Abriu as gavetas, procurando algum parente vivo a quem avisar. Não que tivesse esperanças, pois se lembrava com perfeita clareza que toda a família morrera por causa dos demônios, por causa de Ophelia. Maldita Ophelia, como você conseguiu destruir uma família inteira?
Fotos, fotos e mais fotos. Fotos de Libby criança, de Libby adolescente e outras na escola, com colegas. Algumas com mãe, pai, irmã, prima. Vasculhou mais, não se preocupando em bagunçar o quarto de Libby. Suas mãos trêmulas acharam rapidamente envelopes. Cartas.
Querida Libby dizia uma delas. A letra era perfeitamente redonda e pequena, sem um mínimo tremor Aqui está tudo bem. Que bom que está contente aí! indica que todo o pouco dinheiro que eu investi em você foi bem investido! Que orgulho, servindo à própria Rainha!
Alicia largou a carta. Será que Ophelia tinha noção do que significava cada pessoa morta por Ophelia? Mesmo que odiasse Libby, nunca desejaria a sua morte. Será que... odiava? Céus, não era somente uma briguinha infantil? Rixa entre duas colegas? Uma disputa mesquinha para ver quem seria a favorita?
Kallipta engravidou pela quarta vez, e ela jura que será a última. Claro, eu farei questão de que seja a última, vou castrar aquele maldito Alicia respirou fundo e voltou a ler a carta Sua irmã não toma jeito, Libby, vive aí vadiando e sempre tendo um filho daquele homem, e já falei que ele não presta, mas quem me ouve? Ah, Libby, que bom que você existe!
Alicia verificou a data. A data fora enviada um mês antes, provavelmente a última ou penúltima carta enviada. Então Libby tinha uma irmã que estava grávida, uma mãe que se preocupava... seria uma mãe? Sim, era, podia ler o "De sua querida mãe" no final da carta. Remexeu os envelopes, a procura de outro endereço. Mas decididamente todos os endereços escritos eram sempre de uma única cidade: a vila destruída por Ophelia.
Tentou juntar os envelopes e controlar seu tremor. O medo crescia e envenenava seu coração, sufocava seus pulmões e comprimia a sua garganta, emprestando torpor a Alicia que já não sabia mais o que estava fazendo.
- Alicia! - era um Glomb.
Pequeno, meio esverdeado. Sua expressão estava quase chorosa, embora isso seja muito difícil de dizer devido a estranha junção dos olhos miúdos e maldosos.
- Alicia - o Glomb repetiu.
- O que foi? - Alicia perguntou, secando as lágrimas rapidamente, tentando parecer furiosa por ser indignada. O Glomb respirou fundo e sussurrou, com a voz falhando várias vezes:
- Ophelia quer falar com você.
Alicia gelou.
- Como é?
- Perdoe-me, eu não pude evitar, perdoe-me! Eu não pude seguir as ordens dela, mas ela me mandou chamar você e é o que estou fazendo e...
- Cala a boca! - Alicia exasperou-se, tentando respirar direito.
- ... E ela torturou a criada dela, de cabelos laranja e eu...
- Ela o quê?
Alicia se levantou, ignorando todas as fotos e cartas que largara no chão. Não se incomodou em praticamente atropelar o Glomb que quase chorava de tanto pavor, só tentava lembrar onde era o quarto que Ophelia estava. E agora? Libby morrera simplesmente por tentar avisar Siih sobre o perigo de uma arma. Alicia não gostava de passar por covarde, mas não tinha a mínima vontade de morrer. Se ficar viva significasse servir a Ophelia, se pondo fora da linha de fogo, então era o que ia fazer. Dane-se. Ideais de lealdade são lindos e maravilhosos, mas quando isso implica a vida de outras pessoas, não a própria. Como diz um ditado mentiroso e vulgar: não existem ateus quando o avião está para cair. Talvez isso se aplique a situação: não existem valentes quando se vê com um punhal na garganta. Algumas raras pessoas cedem suas vidas de forma honrada.
E Alicia não era esse tipo de pessoa.
- Ah, chegou, Alicia - Ophelia sussurrou - é esse o seu nome, né? Ouvi algo assim.
- Sim - Alicia respondeu, fria. Apesar de ter optado em salvar a própria vida, isso não queria dizer que ela amaria Ophelia e seguiria todas as suas ordens amavelmente.
- Preciso que arranje roupas decentes para Lala - Ophelia disse simplesmente - e quero que avise Siih para se preparar para a cerimônia fúnebre de sua amiga, a Libby.
- Ela não era minha amiga - corrigiu Alicia secamente.
- Já foi?
Alicia não respondeu, somente andando pelos corredores mandando uns dois Glombs levarem roupas para Lala e procurando a enfermaria. A encontrou no final de um corredor, onde a porta branca era decorada com uma margarida.
- Majestade - Alicia sussurrou.
- Oh, Alicia - Siih a viu entrar na sala - entre, por favor.

- Ela torturou Lala? - se surpreendeu Siih.
- Sim - Alicia estava muito abalada, e evitava olhar nos olhos de Siih - acho que foi porque Lala pediu que te poupasse - supôs Alicia.
- Então corro tanto risco como... - Siih não conseguiu dizer o nome da assistente - ela vai ser queimada hoje.
- Eu sei - Alicia ergueu os olhos para Siih - Ophelia pediu para que você se arrumasse.
- Pediu? - Siih deu um sorriso de canto, de uma forma muito cínica.
- Ok, mandou - Alicia disse sem se incomodar pelo tom zombateiro de Siih - o que importa é que ela tem a minha vida nas mãos.
- Com medo, Alicia? - Siih sorriu levemente.
Alicia a fitou friamente. Siih reparou pela primeira vez na cor dos olhos de Alicia: um cinza apagado, como um céu nublado. Eram bonitos e profundos, e cintilaram quando Alicia respondeu muito secamente:
- Querias!
Claro, era uma resposta mentirosa, mas Alicia não queria admitir o medo crescente dentro de si. Achava que caso negasse o tempo todo o medo que sentia, conseguiria derrubá-lo.
Ah, como ela estava errada!
- Bem, Ophelia ainda não é a Rainha - Lefi disse - torturou Lala, e quer a coroa. Sabe onde fica a coroa. E... bem, tudo indica que estamos completamente ferrados!
- Cale a boca, Lefi - Siih disse, ao que Lefi retrucou:
- Eu não estou mentindo. E acho que você deve abrir mão do seu orgulho e pedir ajuda às Campinas.
- Não vou pedir ajuda à ninguém - Siih retorquiu - você pediu as Musas e veja no que deu.
- Mas... - Lefi tentou se justificar, ao que Alicia interrompeu:
- Você não precisa se arrumar para a cerimônia?
Siih olhou feio, mas não falou mais nada. Somente se levantou, resmungando algo contra o braço quebrado que fora posto em uma tipóia de pano.
- Onde está a enfermeira? - rosnou Siih quando viu o braço frágil e doendo.
- Eu que cuidei do seu braço - Alicia respondeu prontamente - não sei se você sabe, mas os criados estão se pelando de medo, sabe. E a equipe médica foi toda dispensada para cuidar dos queridos órfãos de Ophelia.
- Você... - Siih ficou pasma. Nunca imaginara que Alicia tinha dons médicos - obrigada.
- Não tem de quê - Alicia deu um sorriso torto e frio - agora vá se arrumar. Também me retirarei. Não vou parecer uma mendiga na frente de Ophelia, sabe. E a sua serviçal, Lala.
- Lala é uma escrava - defendeu Siih, ao que Alicia disse:
- Duvido que Lala realmente odeie Ophelia.
Siih não se incomodou nem um pouco pela interrupção de Alicia. Afinal se as coisas tomassem o rumo provável, em breve Siih seria reduzida as mesmas condições de Alicia. Seriam colegas somente.
- Bem, preciso me vestir. Que horas são? - Siih perguntou, e Lefi respondeu distraidamente:
- Três e quarenta.
- Ao pôr-do-sol, foi o que ela disse, não? - Siih olhou pela janela, pensativa e tristonha - Libby...
- Você não vai poder vingar Libby se ficar assim - lembrou Lefi.
- Cala a boca - Siih retorquiu, e sem dar uma única palavra, saiu da enfermaria deixando um irmão cabisbaixo e uma assistente completamente perdida. Todos estavam perdidos. A quem deviam a lealdade? E Siih, como ficaria?

Como poderiam respeitar alguém que era tão... perversa? Como podia matar pessoas inocentes, pessoas que não tinham feito nada, pessoas que tinham vidas, famílias, histórias? Como?
E Siih não tinha as respostas. Ela bem queria as respostas, ela bem que queria saber de tudo.

Me afastei de tudo.
O vestido branco balançava com o ritmo crescente dos passos.
Me permiti ficar na ignorância.
Não ligou para a dor no braço quebrado.
E Ophelia se aproveitou da minha inocência.
O vestido branco estava sujo, completamente rasgado em ambas as mangas.
Eu podia ter conhecido alguma magia proibida, uma magia poderosa.
Os corredores pareciam todos iguais!
E eu podia ter usado como uma Rainha e vencido Ophelia!
Pronto, estava agora no corredor certo. E ele era todo cristalino.
Se eu não fosse tão burra...
As lágrimas estavam quentes.
Se eu não fosse tão idiota...
A visão estava borrada.
OPHELIA NÃO TINHA VENCIDO!

Era tão difícil admitir! Tinha que repetir calmamente duas palavras que eram muito perigosas: Ophelia venceu. Tinha que repeti-las devagar, repetidamente, não querendo admitir a verdade. Palavras confusas, palavras que eram faladas a esmo, sem serem compreendidas completamente. Um sussurro maléfico.

Tantas portas. Tantos corredores. E tantas janelas no final de cada corredor. Tanta beleza.
E tanto frio. As paredes eram geladas, constrastando terrivelmente com o azul lá fora, o calor que irradiava lentamente, o verão dando adeus.
Apertou o vestido com força, tentando identificar qual porta. Quarto corredor, não era isso? Três portas, todas do mesmo aspecto: um azul-gelo, como se fosse gelo. Nenhuma inscrição indicando que sala era qual. Sala de Ouro, Sala de Prata e Sala de Bronze.

Ela se lembrava. Tinha sete anos de idade quando se perdeu naquela torre, e resolveu abrir todas as salas, procurando uma saída. Fora punida terrivelmente depois, por simplesmente ter quebrado algumas coisas. Não se lembrava, mas as coisas ficavam em uma das salas naquele corredor. Mal encostou a mão na dourada maçaneta, desistiu.

Iria ver tudo aquilo mesmo, não se importava. Não queria mais.
Nem mesmo se lembrava do que queria, somente fora impelida pelas lembranças e mágoas para chegar naquela torre. Escorregou pela parede lentamente, e abraçou os próprios joelhos, tentando se controlar.
Estava tudo acabado.

As nuvens brancas começaram a ficar ainda mais espessas e se unir cada vez mais mais.

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