sábado, 5 de julho de 2008

Parte 45 - O Primeiro Ataque.

- Vamos - Ophelia teve que dizer para fazer Lala se levantar - temos uma viagem longa pela frente.
Lala engoliu o orgulho e acabou por perguntar:
- Aonde vamos?
- Já ouviu falar de Mividell? - perguntou Ophelia com aquele sorriso torto, tão caracteristico - é pra lá que vamos.
- Mas... - Lala ergueu as sobrancelhas, cética - Mividell não existe. É só uma lenda que foi...
- Que as fadas disseram que era mentira? - Ophelia cortou, olhando para o céu ficando cada vez mais claro - mentirosas.
- Mas Mividell? Não existe! Nunca foi comprovado que existia! As pessoas só vêem os escombros! - gritava Lala sem parar, correndo atrás de Ophelia que andava depressa demais - como você vai conseguir atacar um lugar que não existe?
- Só funciona se a pessoa quer ver - Ophelia sussurrou - o que acontece com gente do meu tipo...
- O-Ophelia?
- Vamos! - aparentemente Ophelia já conseguira identificar para que direção Mividell ficava, e pegou a mão de Lala, para logo em seguida, correr tão depressa que voava. Em meia hora, chegaram. Sim, era muito, mas muito longe. Mas Ophelia era estranha, conseguia vencer longas distâncias em um tempo tão curto. Ninguém estava brincando quando alguém dizia que Ophelia era um verdadeiro monstro e Lala tinha sérias dúvidas se Ophelia realmente era fada. Nenhuma fada era tão poderosa assim.
- Não vê? - Ophelia perguntou.
- Nada - Lala respondeu. Realmente, estavam no alto de uma montanha (sim, o império das fadas é composto de muitas e muitas montanhas) e lá embaixo, só via escombros de uma cidade muito antiga e destruída. Ruínas decadentes, é o que diria a respeito daquele lugar.
- Pois eu vejo um castelo muito bonito e negro - murmurou Ophelia - ali. E na frente, várias colinas de ferros, com várias cabanas de madeira enfileiradas. Vejo Glombs e humanos trabalhando, lá. Tem uma mina lá, um Glomb acabou de perder o pé.
Lala ficou boquiaberta. Não conseguia enxergar nada! E a um gesto de Ophelia: desta vez Lala pôde ver a amiga erguendo um dedo, um dedo só. E demônios saíram de seus esconderijos, atacando as "ruínas". Agora sim, Lala podia ver. Na primeira vez que um demônio encostou em uma pedra qualquer, Lala conseguiu ver casas se erguendo, gente correndo. Cinquenta, cem demônios de todos os tipos que você imaginar estavam ali. Estranhos, de anatomias complexas e confusas, com fome e sede. Havia alguns com tentáculos, outros que abusavam de poderes mágicos, outros de línguas parecidas com cobras, aqueles que lambiam o beiço a cada vez que viam um Glomb correndo para lá e para cá.
- Meu Deus... - Lala sussurrava, pasma - eu... eu nunca causaria esse caos todo.
Ophelia a ouviu, e dando um leve sorriso, disse:
- Já está causando. Você vai ganhar por estar comigo, certo?
Lala se perguntou que tarefas a aguardariam no final da jornada.

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- É isso - Siih estava toda animada, achando que finalmente faria algo certo - veja bem... é isso.
Sunny deu uma olhada nas anotações, erguendo as sobrancelhas e tendo uma leve expressão de ceticismo.
- É o melhor que podemos fazer, certo? - Sunny sussurrou, mas Siih ouviu e ficou bem ofendida, embora guardasse o aborrecimento para si mesma.
- Sim - retorquiu - aceitam?
- É o jeito - Miih murmurou - pelo menos não sou eu que tem ficar fazendo o papel de palhaça, francamente conversar com a Ophelia!
- SIIH! - Alicia irrompeu pela sala, os cabelos loiros desarrumados e soltos - oh desculpe, M-Majestade...
- O que houve? - perguntou Siih exasperada. Ah não!
Alicia engoliu em seco:
- Ataque de demônios novamente... M-Mivi...
- Oh meu Deus! - Siih olhou para as Musas novamente, antes de sair - agora! Entenderam? Por favor!
Miih reprimiu um riso de zombaria, Siih realmente achava que podia mandar nelas? RÁ! Nem sonhando! Siih saiu, exasperada, ela mesma mandando todos os caçadores de demônios nas redondezas irem até o local. Era suicídio, claro. Mas que tipo de Rainha pensa nisso quando se vê prestes a perder 40% dos rendimentos anuais? Mas sabia que não tinha muitas esperanças, aquele dinheiro e todas aquelas vidas se perderam...
Teve que se controlar para não cair no choro, seria demais!
- Siih? - Lefi chegou, tentando acalmar a irmã, mas estava complicado: Siih estava histérica.
- Estou a ponto de desistir de tudo - admitiu - odeio Ophelia, odeio essa coisa dela de tentar atacar! Esse reino, esse império não foi construído por mim. Por que EU que tenho que ser a herdeira disso? Eu odeio ser Rainha! Não, não, e não tem nenhum herdeiro além de mim... tirando você, é claro...
- Cala a boca - Lefi murmurou - você não sabe o que está dizendo!
Siih mordeu o lábio inferior, ficando mais branca que o normal.

- E aí? Vamos? - sussurrou Loveh - eu não presenciar uma rainha histérica e queria acabar com essa história logo, vocês sabem.
- É o jeito, certo? - Louise concordou - céus, proteger essas fadinhas...
- Vamos logo - Sunny disse - eu não desejo ficar aqui acalmando Siih. Ela está em um estado de histeria completa.
As Musas suspiraram, impacientes. É, é o jeito. As sete logo saíram, tentando identificar Ophelia. Estava complicado, pois ela estava longe demais e suprimia a energia. Mas baseada pela informação de Alicia, não fora tão difícil deduzir: todas as sete conheciam o chamado reino Mividell.

- Por aqui... - Alice sussurrava, muito baixo - céus...
As sete Musas reprimiam a energia para não serem notadas por Ophelia, mas a não ser que Ophelia fosse capaz de identificar uma energia a mais naquele bando de demônios, não havia muito perigo.
- Você acha que Ophelia está deste lado ou do outro? - perguntou Catherine admirando o verdadeiro estrago que os demônios faziam.
- Por aqui - Miih respondeu de forma hesitante, indicando que não havia certeza no que dizia. Mas Loveh logo sanou a dúvida:
- Se caminharmos para ali - indicou - a acharemos. Vamos andar, arriscamos-nos demais ao voar. Mas estamos apenas a uns... dez minutos caso andemos.
- Ok - fez Sunny.
As sete andaram devagar, tomando cuidado para não quebrar cada ramo, pelo menos não de forma "forte". Elyon, Miih e Louise subiram nas árvores, se escondendo perfeitamente nas copas da árvore. Conseguiam enxergar Ophelia sentada, admirando a destruição. Ao lado, uma garota de longos cabelos laranja...
Quem é ela? perguntava Elyon meio surpresa.
Uma aliada ou escrava respondeu Miih sabiamente, se ajeitando em uma árvore logo acima de Ophelia. Qualquer passo que desse em falso, poderia cair em cima de Ophelia. E ela cairia e quebraria o pescoço. Talvez não fosse má idéia.
Estão a postos? perguntou Alice apreensiva. Ela estava atrás de Loveh, e esta podia visualizar Ophelia através de uma frestra entre árvores. Realmente era uma sorte que as árvores fossem tão coladas e não era de se admirar que a garota de cabelos laranja estivesse cheia de arranhões: provavelmente fora um suplício atravessar essas árvores tão próximas uma da outra.
Alice controlava o tremor, se sentia sufocada pelas sensações da floresta: toda floresta que Ophelia passava parecia apavorada. E uma floresta apavorada não é legal.
- Sim... - foi um sussurro baixo, meio trêmulo. Mas Alice não se importava, suas ações seriam mais corajosas que o tom na sua voz.

- É fantástico - Ophelia murmurou.
- S-Sim...
Lala tremia. Não conseguia sentir beleza por tudo aquilo como Ophelia conseguia ver. Só conseguia pensar nos prejuízos incontavéis que aquela destruição causaria... Siih era uma boa pessoa e provavelmente estava se sentindo apavorada e sufocada por Ophelia...
Ophelia se virou bruscamente, olhando cada árvore com um olhar muito atento e penetrante.
- O que foi? - perguntou Lala apavorada.
- Alguém... - Ophelia relaxou a expressão - deve ter sido impressão minha.
- Com certeza - Lala concordou. Ela não sentira nada e se Ophelia achava que era impressão, então era só impressão. Nunca encontrara alguém com tanta capacidade de identificar uma energiazinha sequer.
- Bem, deixe pra lá.

Ela viu a gente! gemeu Loveh preocupada, ao que Sunny tentou tranquilizá-la:
Não, ela não viu! Só sentiu um pouco! E calem a boca, todas vocês...
Elyon estava a direita de Miih, enquanto Louise estava mais distante, à esquerda de Miih.
Preparadas? perguntou Catherine que estava atrás de uma árvore, se aproveitando de um espaço minúsculo entre duas árvores. Ela não conseguia enxergar a garota de cabelos laranja, mas podia ver Ophelia perfeitamente. Em suas mãos, uma espada se materializou, espada essa feita de muitos materiais estranhos que vinham do oceano, o punho adornado de rubis e esmeraldas e safiras, a lâmina gelada e prateada.
Todas as outras Musas também usavam armas, espadas na preferência. A espada de Louise era quase como uma cimitarra, porém com a pequena diferença de que a lâmina era feita de labaredas de chamas, chamas quentes e cruéis. Loveh e Sunny, por terem temperamentos pacíficos, não portavam espadas. Mas elas não eram incompetentes na luta, muito pelo contrário: Loveh, resignada, usava punhais de prata (e duvidar que ela seja capaz de usar os punhais não é uma atitude boa) e Sunny era excelente no manejo de arco e flechas e melhor ainda em usar lanças para atravessar qualquer material, seja vivo ou morto. Naquele momento Sunny usava uma lança leve, feita de prata e estava a postos, conseguindo visualizar os ombros de Ophelia. Se o ataque de Miih/Elyon/Louise falhasse, ela teria que entrar mirando naquela área. Não tinha como Ophelia escapar...

AGORA!

Foi em segundo: Miih foi a primeira a descer, a espada pousando exatamente sobre a cabeça de Ophelia. Elyon e Louise estavam lado a lado, desceram um décimo depois de Miih, a espada na horizontal. Não tinha como falhar o ataque. Ophelia somente ergueu os olhos para cima, surpresa.
- OPHELIA! - gritou a garota de cabelos laranja.
- Ora, ora - Ophelia murmurando, vendo três espadas próximas, a um centímetro dos olhos.
- Que di... - Miih começou, mas a sentença não foi terminada: Ophelia levantara os braços, segurando as três espadas com as mãos, e o sangue começou a escorrer.
- Tolas.
E riu.
O plano dera errado.

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