quinta-feira, 10 de julho de 2008

Parte 47 - A Dor

Lala tentava falar, mas não conseguia. Somente via a tudo em volta, lembrando das praças, ruas, bifurcações, o céu. Ela estava nervosa, com medo, embora Ophelia estivesse absolutamente tranquila.
- Eu gostaria de falar com Vossa Majestade - foi tudo o que Ophelia falou diante do palácio, para um garoto assustado, calças enormes e desajeitadas, o rosto pontudo e assombrado.
Ophelia não parecia ninguém poderoso. A blusa estava suja de sangue, os cabelos castanhos em desalinho e mãos sujas de terra. Mas ela não se incomodava com essas coisas, afinal estava prestes a tomar o poder. Não sorria, e Lala sabia que Ophelia estava simplesmente se concentrando em medir as energias possíveis em toda a região. As pessoas não estranharam nada, embora todos achassem estranho uma guria chegar lá e pedindo uma visita, mas ninguém a reconheceu. Ninguém sabia que Ophelia não tinha mais forma de criança, somente as Musas. Talvez a Siih soubesse disso, não tinha certeza. Mas as pessoas comuns? Sem chance.

- Siih! - alguém gritou arfante - tem-alguem-lá-fora!
Siih não entendeu o porquê do drama, mas resolveu descer as escadas muiiiito calmamente e verificar a surpresa. Seria as Musas vitoriosas? Ao chegar na porta, percebeu que estava errada. E que dar meia volta e fingir que morreu é uma ótima saída. Mas Ophelia já a tinha visto, já tinha sorrido cinicamente e algumas pessoas se amontoavam para ver as duas estranhas garotas, uma que tinha uma roupa suja de sangue e a outra contendo o choro de medo. E não demorou muito, a Miih foi a primeira a chegar. Seus cabelos negros refletiam o sol, os olhos demonstravam impaciência, raiva, talvez até um pouco de zombaria, mas nem um tiquinho de medo existia naquele olhar.
- Bom dia, Vossa Majestade! - Ophelia cumprimentou, a voz carregada de ironia, a expressão alegre.
- B-bom dia - Siih não pôde conter o cumprimento, só olhava para Ophelia, apavorada.
- Majestade? O que houve? - Alicia e Libby conseguiram alcançá-la e agora perdiam a voz diante da visão de uma garota de cabelos castanhos e a blusa suja.
- Nada de mais - Siih rosnou. Iria matar Ophelia nem que tivesse que pagar com a própria vida. Ajeitou as mangas do comprido vestido, que era extremamente trabalhado e belissímo, mas nada útil em uma luta, por ser demasiado pesado e limitava os movimentos. Mas Siih não se importou. Estava movida pela fúria, ódio que se estranhava na sua face, no seu sangue.

Mas raiva não ia fazer vencer Ophelia, e tanto ela quanto Ophelia sabiam disso.
- Está na hora de entregar o seu trono para mim, não acha? - Ophelia era uma garota que não gostava de rodeios nem de enrolação - não acho que tenha muito sucesso. Suas amigas não tiveram.
- Mentira - sabia que era uma atitude estúpida, mas ainda Siih ficou na frente de Ophelia, a fuzilando com os olhos - Mentira.
- Isso não é mentira - Ophelia deu um sorriso sutil, os olhos brilhando de excitação.
Siih tentou procurar apoio. Olhou para trás, Alicia tremia e Libby chorava, Lefi gritava para ela voltar. Mas ela não ouviu. O sol de meio-dia irradiava, e as pessoas se juntavam para ver a estranha cena. Tirem essas pessoas daqui... era só o que conseguia pensar.

Mas Ophelia não lhe permitiu pensar, erguendo as mãos. Não iria a usar a maneira mais comum, mas ainda assim usaria suas mãos.
- O que vai fazer? - Siih não estava acostumada com lutas, afinal nunca precisou pegar em uma espada. Não sabia como agir em um duelo.
Ophelia só riu. Era realmente patética a tentativa que Siih tentava de enrolar a Musa, e chegava a dar pena. Conseguiu obter um pouco de frio: o oxigênio é um elemento muito fácil de manipular. Era muito fácil, com uma certa dose de poder mágico, concentrar todo o oxigênio em uma simples e fria bola. E era ainda mais fácil jogar essa "bola", mirando-a cuidadosamente em uma Siih desatenta, de preferência, no seu estômago. Não lhe custava nada, era somente um passatempo. Siih recebeu a "bola" com bastante frieza, sendo jogada contra o castelo.
- SIIH! - gritou Lefi ao ver a irmã caindo de costas, mas sem se abalar uma única vez.
Siih se levantou com rapidez, ignorando as intensas dores que sentiu. Fora jogada contra uma parede de cristal, e isso doía. Pelo menos o cristal não quebrou: era enfeitiçado para ataques brutais como esses.
- É só isso que pode fazer? - perguntou Siih massageando os quadris.
Ophelia deu um sorriso de canto. Siih não era tão fraca assim, então precisava de algo mais forte. Mas não pôde fazer nada, pois se viu golpeada, como se alguém lhe desse um tapa. Siih estava realmente enfurecida e ela foi capaz de conjurar algo parecendo um chicote: um fio branco, cortante, que ela manipulava como quem manipula um chicote. Sim, de fato ela conjurou um chicote de quatro metros mais ou menos que alcançava a face de Ophelia e provocara um corte acima da sobrancelha esquerda. Ah, mas agora estava começando a ficar interessante! Muito interessante, pois Siih não ficava só falando e falando besteiras, sem se mexer. Caída no chão, se esforçou em conjurar algo também. Talvez uma espada, uma espada afiada. Qual foi a sua decepção ao lembrar que não tinha esse poder! Sim, o poder de conjurar coisas era como a telepatia: uma habilidade que não se pode adquirir, somente desenvolver. Habilidades raras e antigas, Ophelia nunca precisou conjurar coisas. Mas não era agora que ia precisar... Ophelia pode aumentar o braço direito e transformá-lo em uma lâmina cortante, uma lâmina maleável que manipulava de forma rápida e desesperadora, tentando cortar o chicote de Siih.

Siih recuou, o chicote branco subiu aos céus e estalou no chão ao lado de Ophelia, fazendo-a sentir a poeira que subiu e o choque que sentiu. Ophelia continuou mexendo o braço-lâmina sem parar, agora mirando os quadris de Siih. Cortaria-os, faria Siih cair e sangrar, morrer dividida ao meio.
- Siih! - Libby gritou, percebendo o que Siih não havia reparado: a lâmina indo em frente, ignorando o chicote, tão rápido que mal se podia ver - Siih!
E Siih percebeu. Mas Ophelia havia percebido a reação de Libby antes e desviou o rumo da lâmina: apontou para a porta do castelo onde os criados se amontoavam perigosamente.
- Libby!
A lâmina alcançou o estômago de Libby, rasgando seu vestido e rompendo a carne.
- Libby! - exclamou Alicia apavorada, vendo a colega ao seu lado, com algo a perfurando. Libby já não sentia mais nada, somente aquela dor que insistia em atravessar seu espiríto, somente a sua alma sendo dilacerada em pedaços. Ofegou, segurando a lâmina que a ergueu no ar, arrancando gritos desesperados de todas as pessoas que presenciavam aquilo, e Libby pôde ver o rosto borrado de Siih aterrorizada, recuando.
- É isso - Ophelia sussurrou exibindo uma Libby ferida na frente de Siih - que eu farei com você caso não saia do meu caminho.
Siih tombou de joelhos, murmurando desculpas a Libby que só conseguiu dar um sorriso machucado. Ela não resistiu quando foi largada no chão, um rasgo fatal no abdomên. Tentou respirar, buscar ar desesperadamente, mas se recusou a se sentar e procurar ajuda. Estava diante de Ophelia, podia ver seu rosto maldoso, e conseguia ver a garota de cabelos laranja que chorava desenfreadamente. Mas tudo se tornou borrado, ninguém conseguiu chegar perto de Ophelia tamanho o medo e Libby perdeu as forças e desistiu de respirar.

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Umrae ajeitou tudo o que comprara, e arrumara tudo com ajuda de Thá que insistia em receber uma aula sobre tudo: luvas de metal, de combate, a melhor armadura para todos os usos possíveis, venenos, antídotos, etc, etc, etc. Umrae não se incomodava muito em dar as aulas, afinal eram assuntos que ela conhecia bem e Thá era uma aluna agradável e paciente.
- O que faremos se Ophelia tomar o reino? - perguntou Thá calmamente, no meio da conversa.
- Não faremos nada - Umrae respondeu - faremos algo é se os demônios idiotas dela resolverem invadir as Campinas. sim é que faremos algo.
Thá ergueu as sobrancelhas, indicando que entendeu. Realmente todos agiam como se não dessem a mínima para Ophelia, Siih e cia. Siih cuidava das fadas, as Campinas cuidavam de si próprias. As pessoas se preparavam não porque tinham que lutar pelo Mundo das Fadas, mas sim por elas próprias, e viviam com medo de que fossem obrigadas a se submeter à Ophelia.
- Pronto - Umrae disse - está tudo pronto.
Umrae deu um leve sorriso, indicando que estava satisfeita. Se sentou em uma poltrona qualquer na sala principal do abrigo, onde podia descansar um pouco lendo algum livro ou jogando xadrez com Thá. Mas as pessoas haviam preferido sair do abrigo para trabalhar ali perto. No campo on de ficavam as plantações, ou na floresta treinando algum tipo de luta.
- Olá, Umrae! - Rafitcha saiu da sala - bem, comecei a fazer o almoço com Tatiih. Tenho que hmm... - pensava olhando para a porta principal do abrigo - um ensopado com vegetais, deixe-me ver... e quem sabe, arroz? Sim, um arroz! Que tal, Umrae?
- Serve para variar um pouco o cardápio - Umrae respondeu, sem nenhuma empolgação na voz - há quanto tempo que não comemos arroz?
- Sim, sim - Rafitcha concordou - bem, Tatiih já começou o ensopado e eu começarei o arroz. Cadê Thá? Ela ficou responsável pela sobremesa de hoje?
- Ela estava etiquetando os últimos frascos de veneno - Umrae respondeu.
O almoço no abrigo foi decidido por uma série de rodízio que foi bagunçado com a chegada de Raveneh e os amigos. Cada dia, um grupo de quatro pessoas é responsável por alimentar umas dezenas de pessoa. Naquele dia seria Tatiih, Rafitcha, Thá e Raveneh. Mas como sabemos, Raveneh ficou doente de repente e portanto só tinha três pessoas.
- Umrae... - começou Rafitcha com aquela expressão de "sabe como é..." que Umrae logo se adiantou:
- Ok, eu sei que Raveneh está de cama. Sim, eu ajudo vocês. Mas ela vai me pagar amanhã - Umrae avisou, o que fez Rafitcha dar um largo sorriso.
O "pagar" não é com dinheiro, mas simplesmente com trabalho. Como se fosse uma troca de tarefas.

Estavam compenetradas em trabalhar, fatiando legumes e verificando se o arroz estava pronto, cuidando de tudo para que todos pudessem comer, quando a porta do abrigo se abriu de repente, e Alex estava exasperado:
- Ophelia chegou!
Alex era o jornalista que resolvera mudar para as Campinas, mas continuava indo para o Mundo das Fadas todo dia já que tinha que continuar trabalhando no jornal. Passava os dias visitando eventos beneficentes, achando tudo aquilo uma tremenda chatice. Mas nem ligou para o jornal quando por acaso presenciou a luta de Ophelia, e se usando de algumas magias que aprendera na faculdade de jornalismo ("Como viajar de Mundo das Fadas até o Oriente em dez minutos"), deu uma passada nas Campinas só para dar a notícia. Não que alguém entendesse porque Alex não era exatamente o cara preocupado em servir à terra onde vivia. Mas ele avisou do mesmo jeito:
- Está lutando com Siih! - continuou noticiando exasperadamente, fazendo as quatro mulheres pararem e só ficarem olhando com uma expressão de espanto com incredulidade - e matou a Libby!
- Quem é Libby? - perguntou Thá depois que Alex foi embora, se utilizando dos mesmos poderes para voltar à cena do crime.
- Uma empregada da Rainha - Rafitcha respondeu - tipo... você sabe, aquelas duas assistentes que ficam trabalhando para a rainha durante uns... seis meses?
- Sete meses - corrigiu Umrae - sete meses de escravidão.
- Ah - Thá levantou as sobrancelhas, enquanto Tatiih voltava a atividade de jogar os legumes vagamente - aconteceu.
- Será que Ophelia quer invadir as Campinas? - Tatiih perguntou em um murmúrio, como se não quisesse saber a resposta.
- Com certeza - Umrae respondeu friamente - temos magia, comida e a melhor seda da região. As Fadas quiseram dominar essa região por anos, só tivemos uma trégua durante os últimos cinquenta anos que ficamos independente de Heppaceneoh. E Siih, bem, a Siih é inocente demais. A mãe dela era um diabo, mas a filha é inocente demais, mal tem noção do que a raça dela já fez.
- Eu tenho pena da Siih - declarou Rafitcha - ela estudou no mesmo colégio que eu.
- Você foi colega dela? - se surpreendeu Tatiih.
- Não, porque ela é um ano mais nova que eu - Rafitcha respondeu - e eu estava sendo educada para a área jurídica desde criança, e ela estudava administração.
- Ah - Tatiih voltou a atenção para as cebolas, pensativa.
Ninguém se preocupou em avisar o restante do pessoal, pois Alex já deve ter feito o suficiente. E logo não pensavam mais em Ophelia, somente em amenidades.

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- Libby...
Siih não conseguia sequer se mover. Somente estava ajoelhada, diante do palácio de cristal, as fontes com água sendo jorrada ao redor, um grupo de pessoas na porta como Lefi e Alicia, e os curiosos se ajuntando de forma confortável e segura para presenciar a luta. Ophelia se aproximou de Libby que estava deitada diante dela, os olhos ainda abertos.
- Sim - Ophelia deu um olhar triste - ela morreu, Majestade.
Siih não chorou. As lágrimas até queriam sair, mas ela se recusava a chorar, se lamentar, admitir a derrota. Porém podia escutar os passos de Ophelia que se aproximava mais e mais, sentir que Ophelia se preparava para mais um golpe. O braço-lâmina continuava inteiro, funcionando a pleno vapor.
- Majestade - Ophelia sussurrou - não fique assim. Não vou te matar.
- Quem garante? - Siih conseguiu perguntar, desafiadora.
Ophelia deu um leve sorriso.
- Onde fica a coroa? - perguntou como quem pergunta se quer bolo de banana. Siih ergueu os olhos, estarrecida.
- Eu não vou lhe dizer!
- Ah, não vai? - Siih baixou os olhos, percebendo que a lâmina se envolvera em torno de si, apertando mais o círculo e ameaçando dividir seu corpo ao meio. E seu medo era tamanho que ela não conseguia sequer conjurar um chicote como havia feito.
- Então - Ophelia continuou, a voz soando muito doce - eu terei que--
- Ophelia! - Lala havia conseguido se levantar depois de todo o pânico, se ajoelhando diante de Ophelia - por favor, poupe a Majestade...
- O que isso quer dizer, Lala? - Ophelia estreitou os olhos, afrouxando o círculo de lâmina em torno de Siih - você quer salvar essa dama?
- Sim.
O sol estava quente, de meio-dia e o palácio refletia lindamente os raios de sol. Mas o espetáculo que se desenrolava diante do palácio, com um corpo de uma mulher que outrora servira a Rainha e a própria Rainha tão apavorada que teve que depender de uma reles fada para sobreviver a aniquilação completa, chegava a ser grotesco. As pessoas não conseguiam sequer imaginar os motivos. Sabiam da lenda de Ophelia, sabiam dos feitos horríveis, mas aquilo era muito além do que elas imaginavam.
- Onde está a coroa? - Ophelia perguntou sem dar atenção a Lala que estava completamente fria.
Sim, pois Lala resolvera se controlar e parar de ficar se lamentando. Não podia ficar impedindo Ophelia de prosseguir com os planos, que pelo menos fosse habilidosa para conseguir as coisas que queria. E não queria que Siih fosse morta, tinha boas lembranças do primeiro e único caso no qual trabalharam juntas.
- Por favor, Siih, responde - suplicou Lala, a voz carregada de preocupação - responde com a verdade. Ophelia não vai lhe poupar...
- Eu prefiro morrer a deixar você assumir o império! - gritou Siih furiosamente, conseguindo se levantar.
A lâmina se agitou novamente, a ponta mirando perigosamente na garganta da Rainha, mas essa deu um riso de zombaria:
- Não vai conseguir me assustar com isso de novo! Você vai pagar pela Libby!
- Ah, o nome dela era Libby? - Ophelia deu um riso cínico - oh, pobre Libby, foi rasgada por mim! Uma vida muito desinteressante, aliás.
- Cala a boca - Siih rosnou, tentando juntar suas forças em conjurar algo. Não importasse o "algo". Até se fosse uma espada ridícula, serviria. Algo para não ficar totalmente vulnerável. Com o canto dos olhos, percebeu que Miih havia chegado. Só havia quatro garotas atrás: Louise, Elyon, Alice e Catherine. Onde estariam Loveh e Sunny? Será que foram mortas? Percebeu que o grupo observava a luta sem saber como ajudar, visto que Ophelia poderia acabar com elas facilmente.
- Ninguém me manda calar a boca! - Ophelia conseguiu empurrar Siih sem erguer um dedo sequer. Siih foi jogada de novo contra o palácio, e assim todos os esforços para conjurar algo foram perdidos. Siih desistiu de tentar conjurar algo.
- Siih, caso você lute, você não pode se apegar a somente uma coisa. E caso você não possa fazer essa coisa? E aí? - seu pai lhe disse, lhe proibindo os esforços para conjurar. E logo Siih se viu sem poder conjurar qualquer coisa.
Siih se levantou, reparando que ao bater a cabeça contra o cristal que aguentava bravamente todo golpe, um corte se abrira acima da sobrancelha direita. Maldição.
- Ainda está de pé, criatura? - Ophelia rosnava.
Logo se calou, percebendo que Siih não era simplesmente uma Rainha só porque tinha o poder de conjurar e tinha o sangue real. Era também resistente, podendo aguentar ser açoitada a todo instante e se levantar logo em seguida. Era uma caracteristíca muita boa e útil, e Siih tinha de dobra. Percebeu que com a força que empurrara a garota, era para ela se manter inconsciente durante uma boa meia hora. Mas ela já estava de pé logo que foi jogada.
Lala reparou que Lefi estava na porta do palácio, e logo saiu correndo para ver se trazia a Siih para dentro do palácio. Uma boa tentativa, mas Ophelia não podia reparar nos esforços de Lefi para salvar a irmã.
- Ophelia! - gritou Lala - deixe Siih viva, por favor!
- Que justificativa você tem para tal absurdo? - Ophelia sibilou - eu só poderei ser a Rainha caso ela morra...!
- ...ou se ela renunciar - Lala completou, os olhos completamente secos e os cabelos laranja desarrumados - não precisamos derramar mais sangue. Já foi demais, Ophelia. Quem vai ousar ir contra seu reinado depois dessa pequena demonstração de poderes? Que foi ridícula, convenhamos?
Ophelia olhou para Siih. Reparou que havia mais um rapaz de cabelos negros e olhos azuis que ajudava a irmã, tentando pará-la de ir em frente.
- Pare, Siih! Ela vai te matar! - gritava ele com bom senso na voz - não quero uma irmã morta, muito obrigado.
- Lefi, me deixe ou vou ter que... - Siih tentava se desvencilhar de Lefi - vou ter que...
- Você não tem coragem para isso - Lefi sibilou quase carinhosamente.
- Eu acho amor fraternal tão lindo! - Ophelia sorriu, deixando Lefi apavorado - querida, onde está a coroa?
- Não direi - insistiu Siih, a mão direita tentando controlar o sangramento no corte que se abrira acima da sobrancelha.
- Ah, é?
Ophelia não precisou usar o braço-lâmina, pois ele voltara ao normal. Os dois braços normais fizeram o trabalho de forma absolutamente eficiente: as mãos se moveram até o braço direito e desprotegido de Siih e com somente um golpe, o braço de Siih ficou completamente quebrado, em um ângulo estranho.
- AARGH! - Siih ofegou, a dor crescendo no braço a cada instante, ao mesmo tempo que Lala gritava apavorada:
- Ophelia!
- Conte ou posso mandar o seu querido irmão pro inferno - Ophelia rosnou, a voz alcançando os ouvidos atordoados de Siih.
- Argh - Siih tentou respirar, e enfraquecida, murmurou: - Sala de Ouro, quarto corredor na Segunda Torre.
- Obrigada, querida - Ophelia sussurrou - obrigada.

3 comentários:

Anônimo disse...

EXPLODE TUDO DE UMA VEZ, OPHELIA! <33

PollyQueiroz disse...

uui!

morte à ophélia já!

Anônimo disse...

Ophelia maldosa ;-;