terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Parte 04 - Frieza.

- Doceh... - Ly cutucava a esposa - Doceh...
- Que foi? - resmungou Doceh sonolenta. Os dois estavam na cama, e Ly tentava acordar Doceh - eu fiquei até tarde ontem fazendo doces que duvido que as Encantadoras vão comer ò.ó
- Primeiro: coloque uma roupa - retrucou Ly se debruçando sobre Doceh - segundo: acorde, o sol já subiu.
Doceh empurrou Ly para fora da cama com fúria, fazendo ele cair sobre o tapete felpudo. Ela riu.
- Hola-Hola - disse - vá trabalhar, querido. Já saio.
Ly se levantou, todo dolorido. Era comum Doceh o empurrando na hora de acordar, afinal ela odiava que ele ficasse debruçado daquele jeito, com os cabelos caindo em cima dela. E ela empurrava, e ele caía, e ela ria, e ele se machucava e concordava com a pequena tortura matinal.
- Bem - gemeu - te espero para o café.
- Oooh - exclamou Doceh se levantando e empurrando o marido para a porta - fez o café? Que surpresa! Agora vá, vou trocar de roupa.
- O que eu não posso ver? - protestou Ly indignado - eu sou o seu marido ò.ó
- Tchau.
E a porta foi fechada na porta de Ly, o que o fez se indignar, resmungando que era marido, que já tinha visto de tudo mesmo, que Doceh estava muito fresca, parecendo criança.
Enfim.

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- Dormiu bem, senhorita Bia Premy? - indagou Alicia antes de levar a bandeja.
- Sim - respondeu Bia friamente.
Bia Premy não era somente Encantadora. Quase nenhuma Encantadora costuma ser encantadora. Encantadoras poderosas ganham muito bem, mas só existem oportunidades de tempos em tempos.
Bia, além de Encantadora, era caçadora de demônios. Talvez por isso seu olhar frio. Talvez por isso a sua frieza capaz de cortar o entusiasmo de uma criança. Talvez por isso sua baixa classe B para a sua média: caçadores de demônios não eram bem vistos na sociedade, em que todos tinham certezas de que demônios estavam controlados e não precisavam ser caçados.
Mas Bia Premy sabia não ser verdade. Sabia que existiam demônios perigosos, por aí. Não estavam controlados nem nunca foram controlados. Eram selvagens, de poderes inimagináveis.

Bia Premy não vestia um vestido, saia, túnica como as outras. Vestia uma blusa de frio, com calças. Botas até os joelhos, luvas de couro de dragão. Tudo da mesma cor: preto. Até mesmo o manto que usava para se proteger do frio era negro. Se ela estivesse andando de noite, qualquer um juraria que ela não tinha corpo nem cabelos de tão negro era a roupa e seus cabelos.
E uma espada enorme presa nas costas. Uma espada feita de prata, forjada por elfos e abençoada por fadas. Era uma espada afiada, e extremamente poderosa. E Bia Premy não era uma qualquer: podia cortar um dragão de mais de dez metros de altura com somente um golpe. E a sua habilidade na guerra era tão extrema que mal se podia ver seus movimentos.

Encantadoras costumam ser cruéis e poderosas, e Bia Premy não era exceção.
- Não vai comer os biscoitos? - indagou Alicia.
Alicia não era o tipo de pessoa que se intimida. E não seria Bia Premy, conhecida por suas habilidades terríveis com a espada e por sua frieza, que a apavoraria sem sentido.
- Não tenho fome - respondeu Bia Premy.
- Não bebeu o suco - reparou Alicia.
- Não tenho sede - devolveu Bia Premy.
Alicia levantou o rosto. Usava um vestido azul-meia-noite, que combinava com a sua pele clara e seus longos cabelos loiros e trançados.
- Então nesse caso, levarei a bandeja - disse friamente - bom Encanto para você.
- Obrigada - murmurou Bia Premy sem demonstrar emoção.
Alicia saiu, levando a bandeja.

Bia suspirou e olhou pela janela. O céu estava claro, todo aberto. Dias de verão...

- Como estão suas notas na escola?
- Bem.
- Como estão os professores?
- Bem.
- Como está a escola?
- Bem.
- Não é o que diz o relatório da madame Gumblle.
- Não importa mais.
PAF.
As lágrimas logo molharam o chão. Era dolorosa aquela sensação dentro de si, como se tudo fosse triste.
A família tinha dinheiro, mas o que isso importava?
Ela era linda, mas o que isso importava?
Suas notas eram boas, mas o que isso importava?
O que tudo isso importava quando sabia que o inferno a alcançaria, não importasse onde ela estivesse?


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E a magia começou. Encantos não são coisas tão elaboradas assim, mas era a primeira vez que iam renovar nas Campinas de forma mais cuidadosa, já que não tinha mais a ameaça de Heppaceneoh.
Era até uma coisa tosca: sete fadas cantando durante o dia inteiro, jogando feitiços seguidos, convocando espirítos da floresta, fazendo chover toda espécie de coisas. Mas as pessoas gostavam, era uma forma de diversão naquela época.

La-la-la
lala-lala
lalalalala-la


- É legal quando Encanta e tal - murmurou Umrae - costuma ter festa depois *-*
- Que bom - disse Raveneh vaga. Ela não estava se sentindo muito animada, mas pelo menos não estava passando mal.
- As fadas são tão frias - comentou Tatiih olhando para cima onde as sete fadas estavam reunidas.
- Sim - concordou Umrae - elas estão cada vez mais frias e arrogantes.
Logo caiu uma chuva de pétalas de rosas, tão doces e meigas, tão maliciosas e sexy. Johnny sorriu, erguendo a mão para pegar algumas.
- Tome - disse entregando uma pétala vermelha para Raveneh - é para você.
Raveneh sorriu.
- Obrigada, Johnny.

Um comentário:

Umrae disse...

*_* Festa, festa, Lálárálálá...

Reparei numa coisa: por que só eu gosto de festa?
XD

(Claudia falando, é porque tava logada na conta de armazenar tranqueira no googlepages).