- O tempo está acabando, não é? - indagou a garota.
- Sim - respondeu a outra.
As duas ficaram caladas, sérias. Não sabiam direito o que falar, diante de tal situação.
A primeira olhou para o céu. Seus olhos eram profundos, seu cabelo preto e liso, cortados nos ombros e a franjinha característica, rente aos olhos. Sua face era
pálida, e usava um bonito vestido arroxeado, com fitas negras amarradas no corpete.
- Agora está por um fio - murmurou a outra garota - qualquer coisa pode acordá-la. Até mesmo um animal, um inseto, uma rosa se quebrando...
- Fadas ignorantes - disse a primeira - acham que está tudo sob controle.
- Sim... - concordou a segunda - elas... elas se esqueceram, creio.
- Piorou.
- Sim, piorou.
As duas suspiraram.
A segunda fada ficou de costas. Tinha a pele um pouco mais bronzeada que a primeira, porém ainda assim a sua pele era branca. Seus olhos eram azul-claros, e seus cabelos castanho-claros longos e perfeitamente ondulados.
Seu vestido era rosa, um rosa suave. Talvez da mesma cor de uma rosa cor-de-rosa. Sua expressão era suave, e ela sorria levemente.
Eram opostos. Belissímas e completamente opostas:
A primeira parecia perfeitamente ter saído de um livro de contos de fada em que era uma bruxa bela e cruel. A segunda também poderia fazer parte da mesma história, porém seria a fada que ajuda a todos.
- As fadas foram estúpidas - murmurou a primeira - agora, quando ela acordar...
- Para nós, pouco fará diferença - disse a segunda - mas espero que eles não venham nos perturbar.
- Oh yeah - concordou a outra - isso é irritante!
- Bem, eu irei passear um pouco. Não quer vir comigo, Miih? - perguntou a segunda garota.
A primeira sorriu e respondeu suavemente:
- Obrigada, mas não, Loveh. Bom passeio.
Loveh fez um mesura delicada e saiu do aposento.
----------------------------------
A magia era fantástica. Havia começado bem cedo, logo depois do sol nascer. E agora era meio-dia, mas não parecia meio-dia. Na verdade não parecia hora nenhuma, somente um tempo eterno. Era como se alguém tivesse colocado algum pano em cima do sol e tapado tudo: as Campinas pareciam rosadas, o céu toda cor-de-rosa e laranja. Ao meio-dia.
Ninguém trabalhava, todo mundo só se concentrava em ficar parado olhando as Encantadoras se moverem, enfeitiçando tudo.
- Estou com fome - resmungou Raveneh - quero pão com queijo.
De repente, um pão repleto de queijo, presunto, tomate, alface e milho verde apareceu diante dos olhos de Raveneh. O pão parecia saboroso.
- Obrigada, Johnny - riu Raveneh do sucesso do marido lhe satisfazer todos os seus desejos.
O que o sol fará diante da surpresa?
Quando souber que a lua se casou?
Uma encantadora pequena de olhos frios que vestia um estranho vestido todo vermelho e preto (e as manchas na bainha do seu vestido lembrava horrivelmente sangue) deu um passo pra frente, erguendo os braços.
O sol vai se contorcer de tanta dor
Quando descobrir que a lua, triste, o trocou
Por uma lua de Marte
Era um círculo perfeito, bem no meio de uma área meio deserta das Campinas. As pessoas haviam montade barraquinhas para brincar, conversar e comer o dia inteiro. Praticamente uma festa.
Estavam evocando espíritos da terra, a primeira convocação de espíritos a ser realizada. Pois antes era só uma "preparação".
Ele descobriu.
Oh, infeliz do sol! Agora vai se esconder
E deixar as nuvens o consolarem
Derramando as suas tristes lágrimas!...
O céu que era rosado se tornou extremamente marrom e verde. E das nuvens, caíram folhas diferentes, como se tivesse mil árvores lá em cima. Logo em seguida, as pétalas de diferentes rosas caíram sobre as Encantadoras e sobre o povo de Campinas, uma chuva generosa e gentil como se fosse mais rápido, machucaria as pessoas.
E da floresta, se materializaram pouco a pouco, como se fosse fumaça dando lugar a algo material, animais. Animais pequenos como coelhos, animais enormes e belos como cervos e lobos, animais que tinham asas como pássaros, todo o tipo de animal que vivia naquela floresta. Andavam calmamente, como se fosse a coisa mais normal do mundo ser convocado por um monte de encantadoras da elite.
Qualquer um poderia jurar que eles sorriam. Raveneh surpreendeu-se com o olhar dos bichos, e podia jurar para o resto da vida que eles tinham ternura naquele olhar. Ela gostou especialmente de um belo lobo, todo marrom, com olhos castanhos e gentis.
Venha a cá, saudar o triste sol
Que o sol fique logo feliz
E logo arranjará alguém para amar também
Os animais se juntaram no meio do círculo. Um círculo feito de setes fadas, e no meio, um bando de animais diferentes. Se alguém tivesse visto aquilo, acharia imediatamente que estavam sofrendo por estar tão apertado ali, em caos. Mas eles não ligavam, estavam felizes. Fecharam os olhos.
Oh, mas a lenda não parou
Algum tempo depois, o sol se apaixonou novamente
Oh, mas foi por uma mortal
Uma pobre mortal comum
As fadas ergueram as mãos, diante dos animais. Sorriam levemente, somente para efeito da mágica. Porém todas as Encantadoras adoravam o que faziam, era a única coisa que realmente a aliviavam da tensão de suas vidas. O que não quer dizer que elas sorrissem ou gostassem disso.
O céu ficou todo verde, e a cortês chuva de pétalas parou. Era tudo verdadeiramente estranho. A floresta ficou toda verde, tudo se confundindo. Era meio-dia, mas ninguém sentia fome ou calor.
Kibii não sabia mais para onde treinar flechas, porque a floresta ficou toda verde.
Fer também não lembrava mais de onde estava as árvores em que ela treinava a mira, pelo mesmo motivo de Kibii.
Doceh e Ly não comeram juntos.
Umrae não alisava as armas.
Tatiih não arrumava as roupas.
Raveneh e Johnny não conversavam entre si.
Todos somente assistiam o lento espetáculo, apreciando cada segundo da cantiga, da magia, da névoa verde que pairava no ar.
E o sol via a mortal todo dia
E suspirava todo dia, a querendo todo dia
Queria tua face, tua boca, teu sorriso, teu perfume, teu corpo
Mas a pobre mortal nada sabia
E continuava com a sua vida comum
As fadas se misturaram aos animais. Pareciam que tinham sido devoradas pelo caos que havia naquele bando de animais, perfeitamente parados e amontoados, mas ninguém se importou. O céu se tornou mais claro, e a névoa verde se dissipou.
E um dia ele suspirou, e convocou alguns seres da floresta
Pediu conselhos e mais poderes
Os seres, compadecidos, sorriram e lhe entregaram uma coroa
Que quem quer que usasse a coroa, se apaixonaria pelo sol
Mas a coroa só podia ser usada por uma mortal
Nunca poderia ser retirada da mortal uma vez dada
E a coroa só podia ser colocada por alguém puro
O sol, sorridente, aceitou o presente
E logo colocou a bela coroa, de ramos e flores, na cabeça da mortal
Apareceu um par de mãos humanas no meio dos animais. O par girou levemente e fez gestos estranhos, mas provavelmente foi o que dissipou os animais que saíram daquele ponto e passaram a se espalhar no meio das Campinas. No meio só sobrou as setes fadas, deitadas, ofegantes. Era muito cansativo manipular os espíritos e fazer com que eles cedam proteção a algum lugar. E ainda faltavam três tipos de espíritos para convocar.
A canção soou mais trêmula agora, mas logo se tornou mais firme.
A mortal logo sorriu para o sol
E passou a cantar para ele todos os dias
Não reparava na bela coroa, dizia que era parte do seu cabelo
E se pudesse, abraçava o quente sol
E chorava quando a lua aparecia
Ansiosa pela manhã
A lua logo estranhou e percebeu o estranho feitiço
Que o seu antigo amante fizera
Se entristeceu, pois ainda amava o sol
Mas não podia ficar com ele, já que lua e sol nunca se encontram
Mas furiosa de ciúmes não saiu do lugar
E assim o sol ficou atrás dela
E o outro lado do planeta ficou sem lua e sem sol
A lua, ansiosa, por se fazer apaixonada pelo sol novamente
Arrancou a coroa da mortal e colocou em si
Oh, pobre mortal! Ela sorriu para o sol do mesmo jeito
Mas pode ver toda a triste briga
A lua queimando de ciúmes com a coroa
E o sol tão triste, tão vazio por dentro
Implorou para a lua parar com aquilo
A lua, dolorida, retirou a coroa
Mas parte de si sumiu, tornou-se inexistente
Chorou, se deleitou em lágrimas
A mortal logo se entristeceu também
E pediu ajuda aos seres da floresta
As fadas se levantaram, cansadas. Fecharam os olhos, respiraram fundo. O céu tornou a ficar azul.
E os seres disseram:
- Por ciúmes, a lua será condenada
A ficares dias assim, pela metade
A ficares outros dias, toda nua
E somente poucos dias a ficares inteira
E o sol implorou por mais uma saída
Queria ter a mortal perto de si
Todos os seres negaram, uma vez já foi o bastante
Mas uma ninfa, compadecida, atendeu ao pedido
E a mortal transformou
Em uma divindada que nunca se queimava
Vivia entre as nuvens, com poderes supremos
Era mais poderosa que o sol
E era bela e doce como o sol queria
E o sol ficou feliz
E a mortal ficou feliz
E a ninfa ficou feliz
Mas talvez...
Mas talvez...
Mas talvez um dia esse feitiço tenha fim.
Quem sabe?
quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008
terça-feira, 26 de fevereiro de 2008
Parte 04 - Frieza.
- Doceh... - Ly cutucava a esposa - Doceh...
- Que foi? - resmungou Doceh sonolenta. Os dois estavam na cama, e Ly tentava acordar Doceh - eu fiquei até tarde ontem fazendo doces que duvido que as Encantadoras vão comer ò.ó
- Primeiro: coloque uma roupa - retrucou Ly se debruçando sobre Doceh - segundo: acorde, o sol já subiu.
Doceh empurrou Ly para fora da cama com fúria, fazendo ele cair sobre o tapete felpudo. Ela riu.
- Hola-Hola - disse - vá trabalhar, querido. Já saio.
Ly se levantou, todo dolorido. Era comum Doceh o empurrando na hora de acordar, afinal ela odiava que ele ficasse debruçado daquele jeito, com os cabelos caindo em cima dela. E ela empurrava, e ele caía, e ela ria, e ele se machucava e concordava com a pequena tortura matinal.
- Bem - gemeu - te espero para o café.
- Oooh - exclamou Doceh se levantando e empurrando o marido para a porta - fez o café? Que surpresa! Agora vá, vou trocar de roupa.
- O que eu não posso ver? - protestou Ly indignado - eu sou o seu marido ò.ó
- Tchau.
E a porta foi fechada na porta de Ly, o que o fez se indignar, resmungando que era marido, que já tinha visto de tudo mesmo, que Doceh estava muito fresca, parecendo criança.
Enfim.
----------------------------------
- Dormiu bem, senhorita Bia Premy? - indagou Alicia antes de levar a bandeja.
- Sim - respondeu Bia friamente.
Bia Premy não era somente Encantadora. Quase nenhuma Encantadora costuma ser só encantadora. Encantadoras poderosas ganham muito bem, mas só existem oportunidades de tempos em tempos.
Bia, além de Encantadora, era caçadora de demônios. Talvez por isso seu olhar frio. Talvez por isso a sua frieza capaz de cortar o entusiasmo de uma criança. Talvez por isso sua baixa classe B para a sua média: caçadores de demônios não eram bem vistos na sociedade, em que todos tinham certezas de que demônios estavam controlados e não precisavam ser caçados.
Mas Bia Premy sabia não ser verdade. Sabia que existiam demônios perigosos, por aí. Não estavam controlados nem nunca foram controlados. Eram selvagens, de poderes inimagináveis.
Bia Premy não vestia um vestido, saia, túnica como as outras. Vestia uma blusa de frio, com calças. Botas até os joelhos, luvas de couro de dragão. Tudo da mesma cor: preto. Até mesmo o manto que usava para se proteger do frio era negro. Se ela estivesse andando de noite, qualquer um juraria que ela não tinha corpo nem cabelos de tão negro era a roupa e seus cabelos.
E uma espada enorme presa nas costas. Uma espada feita de prata, forjada por elfos e abençoada por fadas. Era uma espada afiada, e extremamente poderosa. E Bia Premy não era uma qualquer: podia cortar um dragão de mais de dez metros de altura com somente um golpe. E a sua habilidade na guerra era tão extrema que mal se podia ver seus movimentos.
Encantadoras costumam ser cruéis e poderosas, e Bia Premy não era exceção.
- Não vai comer os biscoitos? - indagou Alicia.
Alicia não era o tipo de pessoa que se intimida. E não seria Bia Premy, conhecida por suas habilidades terríveis com a espada e por sua frieza, que a apavoraria sem sentido.
- Não tenho fome - respondeu Bia Premy.
- Não bebeu o suco - reparou Alicia.
- Não tenho sede - devolveu Bia Premy.
Alicia levantou o rosto. Usava um vestido azul-meia-noite, que combinava com a sua pele clara e seus longos cabelos loiros e trançados.
- Então nesse caso, levarei a bandeja - disse friamente - bom Encanto para você.
- Obrigada - murmurou Bia Premy sem demonstrar emoção.
Alicia saiu, levando a bandeja.
Bia suspirou e olhou pela janela. O céu estava claro, todo aberto. Dias de verão...
- Como estão suas notas na escola?
- Bem.
- Como estão os professores?
- Bem.
- Como está a escola?
- Bem.
- Não é o que diz o relatório da madame Gumblle.
- Não importa mais.
PAF.
As lágrimas logo molharam o chão. Era dolorosa aquela sensação dentro de si, como se tudo fosse triste.
A família tinha dinheiro, mas o que isso importava?
Ela era linda, mas o que isso importava?
Suas notas eram boas, mas o que isso importava?
O que tudo isso importava quando sabia que o inferno a alcançaria, não importasse onde ela estivesse?
----------------------------------
E a magia começou. Encantos não são coisas tão elaboradas assim, mas era a primeira vez que iam renovar nas Campinas de forma mais cuidadosa, já que não tinha mais a ameaça de Heppaceneoh.
Era até uma coisa tosca: sete fadas cantando durante o dia inteiro, jogando feitiços seguidos, convocando espirítos da floresta, fazendo chover toda espécie de coisas. Mas as pessoas gostavam, era uma forma de diversão naquela época.
La-la-la
lala-lala
lalalalala-la
- É legal quando Encanta e tal - murmurou Umrae - costuma ter festa depois *-*
- Que bom - disse Raveneh vaga. Ela não estava se sentindo muito animada, mas pelo menos não estava passando mal.
- As fadas são tão frias - comentou Tatiih olhando para cima onde as sete fadas estavam reunidas.
- Sim - concordou Umrae - elas estão cada vez mais frias e arrogantes.
Logo caiu uma chuva de pétalas de rosas, tão doces e meigas, tão maliciosas e sexy. Johnny sorriu, erguendo a mão para pegar algumas.
- Tome - disse entregando uma pétala vermelha para Raveneh - é para você.
Raveneh sorriu.
- Obrigada, Johnny.
- Que foi? - resmungou Doceh sonolenta. Os dois estavam na cama, e Ly tentava acordar Doceh - eu fiquei até tarde ontem fazendo doces que duvido que as Encantadoras vão comer ò.ó
- Primeiro: coloque uma roupa - retrucou Ly se debruçando sobre Doceh - segundo: acorde, o sol já subiu.
Doceh empurrou Ly para fora da cama com fúria, fazendo ele cair sobre o tapete felpudo. Ela riu.
- Hola-Hola - disse - vá trabalhar, querido. Já saio.
Ly se levantou, todo dolorido. Era comum Doceh o empurrando na hora de acordar, afinal ela odiava que ele ficasse debruçado daquele jeito, com os cabelos caindo em cima dela. E ela empurrava, e ele caía, e ela ria, e ele se machucava e concordava com a pequena tortura matinal.
- Bem - gemeu - te espero para o café.
- Oooh - exclamou Doceh se levantando e empurrando o marido para a porta - fez o café? Que surpresa! Agora vá, vou trocar de roupa.
- O que eu não posso ver? - protestou Ly indignado - eu sou o seu marido ò.ó
- Tchau.
E a porta foi fechada na porta de Ly, o que o fez se indignar, resmungando que era marido, que já tinha visto de tudo mesmo, que Doceh estava muito fresca, parecendo criança.
Enfim.
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- Dormiu bem, senhorita Bia Premy? - indagou Alicia antes de levar a bandeja.
- Sim - respondeu Bia friamente.
Bia Premy não era somente Encantadora. Quase nenhuma Encantadora costuma ser só encantadora. Encantadoras poderosas ganham muito bem, mas só existem oportunidades de tempos em tempos.
Bia, além de Encantadora, era caçadora de demônios. Talvez por isso seu olhar frio. Talvez por isso a sua frieza capaz de cortar o entusiasmo de uma criança. Talvez por isso sua baixa classe B para a sua média: caçadores de demônios não eram bem vistos na sociedade, em que todos tinham certezas de que demônios estavam controlados e não precisavam ser caçados.
Mas Bia Premy sabia não ser verdade. Sabia que existiam demônios perigosos, por aí. Não estavam controlados nem nunca foram controlados. Eram selvagens, de poderes inimagináveis.
Bia Premy não vestia um vestido, saia, túnica como as outras. Vestia uma blusa de frio, com calças. Botas até os joelhos, luvas de couro de dragão. Tudo da mesma cor: preto. Até mesmo o manto que usava para se proteger do frio era negro. Se ela estivesse andando de noite, qualquer um juraria que ela não tinha corpo nem cabelos de tão negro era a roupa e seus cabelos.
E uma espada enorme presa nas costas. Uma espada feita de prata, forjada por elfos e abençoada por fadas. Era uma espada afiada, e extremamente poderosa. E Bia Premy não era uma qualquer: podia cortar um dragão de mais de dez metros de altura com somente um golpe. E a sua habilidade na guerra era tão extrema que mal se podia ver seus movimentos.
Encantadoras costumam ser cruéis e poderosas, e Bia Premy não era exceção.
- Não vai comer os biscoitos? - indagou Alicia.
Alicia não era o tipo de pessoa que se intimida. E não seria Bia Premy, conhecida por suas habilidades terríveis com a espada e por sua frieza, que a apavoraria sem sentido.
- Não tenho fome - respondeu Bia Premy.
- Não bebeu o suco - reparou Alicia.
- Não tenho sede - devolveu Bia Premy.
Alicia levantou o rosto. Usava um vestido azul-meia-noite, que combinava com a sua pele clara e seus longos cabelos loiros e trançados.
- Então nesse caso, levarei a bandeja - disse friamente - bom Encanto para você.
- Obrigada - murmurou Bia Premy sem demonstrar emoção.
Alicia saiu, levando a bandeja.
Bia suspirou e olhou pela janela. O céu estava claro, todo aberto. Dias de verão...
- Como estão suas notas na escola?
- Bem.
- Como estão os professores?
- Bem.
- Como está a escola?
- Bem.
- Não é o que diz o relatório da madame Gumblle.
- Não importa mais.
PAF.
As lágrimas logo molharam o chão. Era dolorosa aquela sensação dentro de si, como se tudo fosse triste.
A família tinha dinheiro, mas o que isso importava?
Ela era linda, mas o que isso importava?
Suas notas eram boas, mas o que isso importava?
O que tudo isso importava quando sabia que o inferno a alcançaria, não importasse onde ela estivesse?
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E a magia começou. Encantos não são coisas tão elaboradas assim, mas era a primeira vez que iam renovar nas Campinas de forma mais cuidadosa, já que não tinha mais a ameaça de Heppaceneoh.
Era até uma coisa tosca: sete fadas cantando durante o dia inteiro, jogando feitiços seguidos, convocando espirítos da floresta, fazendo chover toda espécie de coisas. Mas as pessoas gostavam, era uma forma de diversão naquela época.
La-la-la
lala-lala
lalalalala-la
- É legal quando Encanta e tal - murmurou Umrae - costuma ter festa depois *-*
- Que bom - disse Raveneh vaga. Ela não estava se sentindo muito animada, mas pelo menos não estava passando mal.
- As fadas são tão frias - comentou Tatiih olhando para cima onde as sete fadas estavam reunidas.
- Sim - concordou Umrae - elas estão cada vez mais frias e arrogantes.
Logo caiu uma chuva de pétalas de rosas, tão doces e meigas, tão maliciosas e sexy. Johnny sorriu, erguendo a mão para pegar algumas.
- Tome - disse entregando uma pétala vermelha para Raveneh - é para você.
Raveneh sorriu.
- Obrigada, Johnny.
segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008
Parte 03 - Véspera.
Uns dois dias, era véspera. No dia seguinte, o Encanto sobre as Campinas teria que ser renovado.
Siih disse para o irmão que queria conhecer as Encantadoras que iriam trabalhar sobre as Campinas. Lefi estranhou, mas mandou o recado para todas as Encantadoras e o encontro seria realizado às seis horas da tarde.
Eram cinco da tarde. O sol descia lentamente, com as cores tingindo o céu e dando lugar ao azul mais escuro.
Siih estava em sua sala, onde havia a enorme poltrona toda decorada e a mesa em frente. Era a chamada Sala da Majestade. Sim, o formato da realeza entre as fadas não é o normal onde o Rei/Rainha ficam o dia inteiro plantados em tronos chiques com um enorme tapete vermelho.
Siih era uma mulher séria, Rainha de um país enorme, e jamais ficaria plantada em um trono o dia inteiro! Isso soa a ela como um insulto. Reis são, na opinião dela, governantes e devem se responsabilizar por tudo pelo país. Talvez ela fique bastante sobrecarregada, mas existem as outras fadas e elfos para lhe ajudarem.
- Vossa Majestade - disse Libby, fazendo reverência - as Encantadoras estão aí.
Siih levantou a cabeça, com o olhar inexpressivo.
- Mande-as entrar - disse e voltou a atenção para o relatório número 15823256412² a respeito de estranhos ratos amarelos no oeste de alguma colônia élfica {N.A.: como não sabia o masculino de fada - "fado" é esculhambação, ok? - coloquei "elfo" como masculino de fada. Portanto fada e elfo são o mesmo ser. E "élfico" é a locução adjetiva das fadas, ou qualquer coisa assim. Mas não é assim no RPG, oks?).
- Sim, Vossa Majestade - disse Libby. Ela caminhou até a enorme porta que dava para um corredor imenso e largo que acabava no esplêndido jardim em frente ao palácio. Sete meninas apareceram atrás da porta.
De esquerda pra direita:
Kibby Noomie: alta, loira, olhos frios de gelo. Dizem que nasceu no norte, por isso os mantos de pelo que usa. Não suporta o calor. Seus pais foram mortos por lobos quando ela tinha dez anos, e desde então viveu com a Mestra de Lung. Tem vinte anos e é classe A+.
Kupta My: baixa, magra feito esqueleto, olhos castanhos e inexpressivos. Não se sabe onde nasceu, quem foram seus pais. Só se sabe que ela estava em um orfanato até os dezoito anos. Poder absurdamente grande, mas pouca capacidade de controle. Tem obsessão pela magreza. Vinte e dois anos, classe A+.
Lounie Othi: uma fada pequena, fria, olhos vermelhos. Seu passado é um mistério, só se sabendo de alguns detalhes como, por exemplo, que foi educada por vampiros e era uma assassina profissional até os seus dezoito anos e ser presa. Desde então aperfeiçoou suas habilidades e passou a trabalhar como Encantadora.
Adora o gosto e o cheiro de sangue, vinte e quatro anos, classe A.
Lucy Meriïh: loira, seca, esquálida. Possui uma família rica no reino Kappine, foi treinada desde cedo para ser uma Encantadora. Apesar da rígida educação, não tem tanto poder quanto a sua família almejara. Tentou suicído três vezes. Dezessete anos, classe B.
Indie Oplih: negra. Veio do sul, de alguma colônia com nome desconhecido. Tem excepcional poder bruto, responsável por vários incidentes desagradáveis como a explosão de um bosque inteiro, o que resultou em falta de alimento. Foi expulsa de algumas vilas, tida como bruxa. Dezessete anos, classe A+-.
Bia Premy: cabelo negro na altura dos ombros, corte jovial. Olhos azul-quase-meia-noite. Excepcional capacidade de controle, poder bruto absurdo. Não se sabe porque se mantém em uma categoria mediana para os padrões, nem tem fonte confiável o que ela faz além de Encantar. Vem de uma rica família, um irmão mais velho. Estudou em colégio interno desde os quatro aos quatorze anos. Dezesseis anos, classe B.
Olga Pumb: ruiva, olhos puxados e azuis. Estudou em um orfanato até os dez anos, quando foi adotada por uma rica família que a educou para ser Encantadora.
Possui pouco poder bruto, mas tem alguns diferencias o que motivou a aumentar o respeito. Vinte e dois anos, classe A.
Siih não sorriu. Eram as setes Encantadoras a sua frente. Elas estavam curiosas, não sabiam porque a Rainha queria vê-las.
- Muito bem, podem entrar - disse Siih - dê um passo a frente. Quero ver seus rostos.
As fadas não sorriram, somente obedeceram. Siih ficou a frente delas, sem esperar alguma reverência. Desde que o mundo é mundo, as Encantadoras eram seres que viviam alheios a essa coisa de obediência, realeza, sentimentos. Possuiam grandes poderes e o governo pagava milhões para utilizá-los.
- Na minha ficha, consta que vocês são a elite das Encantadoras - murmurou Siih - fiquei curiosa, queria conhecê-las. Mas... vocês não me parecem poderosas.
Ninguém disse alguma coisa. Somente olhavam a Rainha nos olhos, frias.
Seis horas da tarde e oito minutos.
- As Campinas é um lugar especial. Muito especial, e não só porque fica logo ali - murmurou Siih - alguma de vocês já participou dos Encantos sobre as Campinas?
Todas as fadas fizeram "não" com as cabeças. Siih suspirou.
- O feitiço sobre as Campinas existe somente há uns doze anos, é muito jovem - disse Siih - por isso é mais difícil, mais desgastante e exige mais poder, pois o poder é pouco. Espero que estejam preparadas. Estão?
As fadas fizeram "sim" com as cabeças. Siih não sabia mais o que dizer. Só queria ver seus rostos, saber como eram as Encantadoras agora. Donas de grandes poderes, muito jovens, famílias desequilibradas. Das sete garotas, cinco são órfãs e possuem passados confusos. E as outras duas vinham de famílias ricas, criadas para serem Encantadoras, porém preferiam viver sozinhas.
Desequilíbrio emocional.
Riqueza. Mistério. Tragédias.
Poder absoluto.
O que estava acontecendo com as Encantadoras de hoje em dia? Cadê aquelas de antigamente, em que eram doces, sorriam e espalhavam flores por todo o canto.
Eram felizes.
O que aconteceu, afinal? Porque as mais poderosas são justamente a possuem um passado trágico, misterioso, triste?
----------------------------------
- Kibii! Venha cá! - exclamou Umrae, seu grito ecoando por toda a campina.
Depois de cinco minutos, chegou uma Kibii ofegante, com a sua parafernália de flechas pontiagudas e o arco enorme, de madeira e ouro.
- Que foi? - resmungou - eu estava ocupada! :K
Umrae sorriu zombateira:
- Ah-ah. Vai deixar suas obrigações pra depois. Você e Fer tem que arranjar animal pra amanhã.
Kibii embirrou:
- Que diabos vai ter amanhã? Tããããããão importante assim? Para me tirar do me---
- ENCANTO! - Umrae gritou entusiasmada - esqueceu que vem SETE fadas ENCANTAR aqui? Vai, gostaria de umas duas galinhas e algum animal grande... Cadê a Fer, danada? ò.ó
Kibii saiu resmungando o quão era horrível sair do seu hobbie predileto {flechar maçãs com perfeição} para caçar um estúpido animal para alimentar o estômago egoísta de alguma fada chata ù.ú
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- O céu está lindo hoje - comentou Raveneh sentada em um tronco de árvore, diante da casa. Ela não estava comentando para ninguém em especial, somente para si. E para o bebê que dormia dentro do seu ventre, lá dentro, bem quentinho.
Raveneh sorriu.
Estava imersa em pensamentos distantes como se seria julgada dali a alguns meses, no Encanto no dia seguinte. Nunca havia visto um Encanto, pois onde viveu não tinha seres mágicos. Aliás, o reino em que Raveneh cresceu era o único conhecido que não havia nenhum ser mágico, somente humanos perfeitamente normais. Diz a história que foi uma grande guerra, há muitos e muitos anos, entre seres da magia e humanos. No final da guerra, os seres mágicos passaram a odiar os humanos nativos daquela terra e foram embora, não sem antes amaldiçoar aquele reino, seus nativos e os que estavam por nascer. Seria um reino em eterno estado de escuridão, depressão e ódio.
Raveneh bem conhecia esse terrível clima, onde o ódio pesava nos corações das pessoas e o sol nunca brilhava com alegria.
De repente sua visão foi ofuscada com um monte de rosas vermelhas se sacudindo na sua cara.
- Olá, Raveneh! - exclamou uma voz masculina e adorada.
Raveneh sorriu, deliciando diante daquelas bonitas rosas.
- São lindas, Johnny - murmurou sem conseguir parar de sorrir.
- Sim, são - Johnny concordou, sentando-se ao seu lado no tronco - eu queria que você ficasse mais... alegre.
Raveneh olhou para Johnny, com aquele olhar meigo.
- Noite linda, não? - murmurou Raveneh - dá para ver todas as estrelas. Está vendo a Ursa Menor?
- Sim... e as Três Marias também - disse Johnny olhando para o céu, fechando os olhos.
Raveneh também fechou os olhos, não vendo mais as estrelas, as constelações nem a face de Johnny. Somente fechou os olhos, abraçando o marido como se ela fosse cega e ele fosse seu guia. Pareciam um casal perfeito.
Mas perfeição não existe, e tanto Raveneh quanto Johnny sabiam disso perfeitamente.
Siih disse para o irmão que queria conhecer as Encantadoras que iriam trabalhar sobre as Campinas. Lefi estranhou, mas mandou o recado para todas as Encantadoras e o encontro seria realizado às seis horas da tarde.
Eram cinco da tarde. O sol descia lentamente, com as cores tingindo o céu e dando lugar ao azul mais escuro.
Siih estava em sua sala, onde havia a enorme poltrona toda decorada e a mesa em frente. Era a chamada Sala da Majestade. Sim, o formato da realeza entre as fadas não é o normal onde o Rei/Rainha ficam o dia inteiro plantados em tronos chiques com um enorme tapete vermelho.
Siih era uma mulher séria, Rainha de um país enorme, e jamais ficaria plantada em um trono o dia inteiro! Isso soa a ela como um insulto. Reis são, na opinião dela, governantes e devem se responsabilizar por tudo pelo país. Talvez ela fique bastante sobrecarregada, mas existem as outras fadas e elfos para lhe ajudarem.
- Vossa Majestade - disse Libby, fazendo reverência - as Encantadoras estão aí.
Siih levantou a cabeça, com o olhar inexpressivo.
- Mande-as entrar - disse e voltou a atenção para o relatório número 15823256412² a respeito de estranhos ratos amarelos no oeste de alguma colônia élfica {N.A.: como não sabia o masculino de fada - "fado" é esculhambação, ok? - coloquei "elfo" como masculino de fada. Portanto fada e elfo são o mesmo ser. E "élfico" é a locução adjetiva das fadas, ou qualquer coisa assim. Mas não é assim no RPG, oks?).
- Sim, Vossa Majestade - disse Libby. Ela caminhou até a enorme porta que dava para um corredor imenso e largo que acabava no esplêndido jardim em frente ao palácio. Sete meninas apareceram atrás da porta.
De esquerda pra direita:
Kibby Noomie: alta, loira, olhos frios de gelo. Dizem que nasceu no norte, por isso os mantos de pelo que usa. Não suporta o calor. Seus pais foram mortos por lobos quando ela tinha dez anos, e desde então viveu com a Mestra de Lung. Tem vinte anos e é classe A+.
Kupta My: baixa, magra feito esqueleto, olhos castanhos e inexpressivos. Não se sabe onde nasceu, quem foram seus pais. Só se sabe que ela estava em um orfanato até os dezoito anos. Poder absurdamente grande, mas pouca capacidade de controle. Tem obsessão pela magreza. Vinte e dois anos, classe A+.
Lounie Othi: uma fada pequena, fria, olhos vermelhos. Seu passado é um mistério, só se sabendo de alguns detalhes como, por exemplo, que foi educada por vampiros e era uma assassina profissional até os seus dezoito anos e ser presa. Desde então aperfeiçoou suas habilidades e passou a trabalhar como Encantadora.
Adora o gosto e o cheiro de sangue, vinte e quatro anos, classe A.
Lucy Meriïh: loira, seca, esquálida. Possui uma família rica no reino Kappine, foi treinada desde cedo para ser uma Encantadora. Apesar da rígida educação, não tem tanto poder quanto a sua família almejara. Tentou suicído três vezes. Dezessete anos, classe B.
Indie Oplih: negra. Veio do sul, de alguma colônia com nome desconhecido. Tem excepcional poder bruto, responsável por vários incidentes desagradáveis como a explosão de um bosque inteiro, o que resultou em falta de alimento. Foi expulsa de algumas vilas, tida como bruxa. Dezessete anos, classe A+-.
Bia Premy: cabelo negro na altura dos ombros, corte jovial. Olhos azul-quase-meia-noite. Excepcional capacidade de controle, poder bruto absurdo. Não se sabe porque se mantém em uma categoria mediana para os padrões, nem tem fonte confiável o que ela faz além de Encantar. Vem de uma rica família, um irmão mais velho. Estudou em colégio interno desde os quatro aos quatorze anos. Dezesseis anos, classe B.
Olga Pumb: ruiva, olhos puxados e azuis. Estudou em um orfanato até os dez anos, quando foi adotada por uma rica família que a educou para ser Encantadora.
Possui pouco poder bruto, mas tem alguns diferencias o que motivou a aumentar o respeito. Vinte e dois anos, classe A.
Siih não sorriu. Eram as setes Encantadoras a sua frente. Elas estavam curiosas, não sabiam porque a Rainha queria vê-las.
- Muito bem, podem entrar - disse Siih - dê um passo a frente. Quero ver seus rostos.
As fadas não sorriram, somente obedeceram. Siih ficou a frente delas, sem esperar alguma reverência. Desde que o mundo é mundo, as Encantadoras eram seres que viviam alheios a essa coisa de obediência, realeza, sentimentos. Possuiam grandes poderes e o governo pagava milhões para utilizá-los.
- Na minha ficha, consta que vocês são a elite das Encantadoras - murmurou Siih - fiquei curiosa, queria conhecê-las. Mas... vocês não me parecem poderosas.
Ninguém disse alguma coisa. Somente olhavam a Rainha nos olhos, frias.
Seis horas da tarde e oito minutos.
- As Campinas é um lugar especial. Muito especial, e não só porque fica logo ali - murmurou Siih - alguma de vocês já participou dos Encantos sobre as Campinas?
Todas as fadas fizeram "não" com as cabeças. Siih suspirou.
- O feitiço sobre as Campinas existe somente há uns doze anos, é muito jovem - disse Siih - por isso é mais difícil, mais desgastante e exige mais poder, pois o poder é pouco. Espero que estejam preparadas. Estão?
As fadas fizeram "sim" com as cabeças. Siih não sabia mais o que dizer. Só queria ver seus rostos, saber como eram as Encantadoras agora. Donas de grandes poderes, muito jovens, famílias desequilibradas. Das sete garotas, cinco são órfãs e possuem passados confusos. E as outras duas vinham de famílias ricas, criadas para serem Encantadoras, porém preferiam viver sozinhas.
Desequilíbrio emocional.
Riqueza. Mistério. Tragédias.
Poder absoluto.
O que estava acontecendo com as Encantadoras de hoje em dia? Cadê aquelas de antigamente, em que eram doces, sorriam e espalhavam flores por todo o canto.
Eram felizes.
O que aconteceu, afinal? Porque as mais poderosas são justamente a possuem um passado trágico, misterioso, triste?
----------------------------------
- Kibii! Venha cá! - exclamou Umrae, seu grito ecoando por toda a campina.
Depois de cinco minutos, chegou uma Kibii ofegante, com a sua parafernália de flechas pontiagudas e o arco enorme, de madeira e ouro.
- Que foi? - resmungou - eu estava ocupada! :K
Umrae sorriu zombateira:
- Ah-ah. Vai deixar suas obrigações pra depois. Você e Fer tem que arranjar animal pra amanhã.
Kibii embirrou:
- Que diabos vai ter amanhã? Tããããããão importante assim? Para me tirar do me---
- ENCANTO! - Umrae gritou entusiasmada - esqueceu que vem SETE fadas ENCANTAR aqui? Vai, gostaria de umas duas galinhas e algum animal grande... Cadê a Fer, danada? ò.ó
Kibii saiu resmungando o quão era horrível sair do seu hobbie predileto {flechar maçãs com perfeição} para caçar um estúpido animal para alimentar o estômago egoísta de alguma fada chata ù.ú
----------------------------------
- O céu está lindo hoje - comentou Raveneh sentada em um tronco de árvore, diante da casa. Ela não estava comentando para ninguém em especial, somente para si. E para o bebê que dormia dentro do seu ventre, lá dentro, bem quentinho.
Raveneh sorriu.
Estava imersa em pensamentos distantes como se seria julgada dali a alguns meses, no Encanto no dia seguinte. Nunca havia visto um Encanto, pois onde viveu não tinha seres mágicos. Aliás, o reino em que Raveneh cresceu era o único conhecido que não havia nenhum ser mágico, somente humanos perfeitamente normais. Diz a história que foi uma grande guerra, há muitos e muitos anos, entre seres da magia e humanos. No final da guerra, os seres mágicos passaram a odiar os humanos nativos daquela terra e foram embora, não sem antes amaldiçoar aquele reino, seus nativos e os que estavam por nascer. Seria um reino em eterno estado de escuridão, depressão e ódio.
Raveneh bem conhecia esse terrível clima, onde o ódio pesava nos corações das pessoas e o sol nunca brilhava com alegria.
De repente sua visão foi ofuscada com um monte de rosas vermelhas se sacudindo na sua cara.
- Olá, Raveneh! - exclamou uma voz masculina e adorada.
Raveneh sorriu, deliciando diante daquelas bonitas rosas.
- São lindas, Johnny - murmurou sem conseguir parar de sorrir.
- Sim, são - Johnny concordou, sentando-se ao seu lado no tronco - eu queria que você ficasse mais... alegre.
Raveneh olhou para Johnny, com aquele olhar meigo.
- Noite linda, não? - murmurou Raveneh - dá para ver todas as estrelas. Está vendo a Ursa Menor?
- Sim... e as Três Marias também - disse Johnny olhando para o céu, fechando os olhos.
Raveneh também fechou os olhos, não vendo mais as estrelas, as constelações nem a face de Johnny. Somente fechou os olhos, abraçando o marido como se ela fosse cega e ele fosse seu guia. Pareciam um casal perfeito.
Mas perfeição não existe, e tanto Raveneh quanto Johnny sabiam disso perfeitamente.
domingo, 24 de fevereiro de 2008
Parte 02 - Sei que é egoísmo, mas...
- Bom dia, Vossa Majestade! - exclamou uma menina pequena, olhos amáveis.
- Bom dia, Alicia - murmurou Siih sonolenta - que horas são?
- Oito horas da manhã, Majestade - respondeu Alicia prontamente. Era uma garota loira, vivaz, com olhos doces e ao mesmo tempo, inteligentes. Alicia, juntamente com uma tola garota chamada Libby eram as fadas enviadas para trabalharem com a Rainha durante sete meses e assim aprenderem a trabalhar no alto escalão.
Alicia e Libby se odiavam, mas não deixava transparecer isso, o que fazia Siih achá-las muito sábias e inteligentes. Alicia sorriu:
- Vossa Majestade, o seu café já está sendo preparado. Gostaria de tomá-lo na cama ou na mesa?
- Quê? - Siih se levantou, esfregando os olhos - não, na mesa, claro. Por favor, diga a Libby para ela servir quiche hoje, sim? E que não passe a geléia, por favor.
- Sim, Vossa Majestade - Alicia assentiu com frieza - se me dá licença. - saiu do quarto imperiosamente.
Siih suspirou. Cada vez mais as fadas enviadas eram mais poderosas, mais exigentes e mais... rivais. Isso estava ficando difícil, pois as fadas enviadas para trabalharem com ela costumavam-se odiar. A última dupla amiga que se lembrava era Gika B. e Veronica G.
Depois veio uma tal de Limi Lhi, uma loira oxigenada e a enjoada da Miry Poo. Ambas eram extremamente poderosas e arrogantes.
E agora era Alicia e Libby. As duas eram competentes no que faziam, mas a inimizade entre duas era de tal forma que Siih sentia vontade de meter um tabefe nas duas para elas aprenderem a não ter essas rixas infantis, na opinião da Rainha.
Siih se vestiu sozinha, como sempre fizera desde que reinava como Rainha e não mais como uma princesa. Um belo vestido azul-claro, da cor dos céus em um dia claro, seria suficiente. Colocou um manto da cor da noite, com estrelas bordadas, como se ela carregasse o céu consigo.
- Alicia! - chamou.
Alicia veio prontamente, com os cabelos loiros amarrados em uma bonita trança com fitas azuis.
- Arrume meus cabelos, por favor - disse Siih sentando-se em uma cadeira - sabe o que fazer.
- Sim, Majestade - Alicia sorriu.
Enquanto Alicia penteava seus longos cabelos negros, Siih pensava nas obrigações do dia.
- Leeb - chamou.
Um ser pequeno, de orelhas pontudas, veio apressadamente. Era narigudo, olhos pequenos e negros, sorriso maléfico.
- Vá pegar a minha agenda com Libby - ordenou.
O ser saiu. Era do tamanho de uma criança, com os braços e pernas cobertos por um veludo estranho, vermelho e verde.
Logo voltou trazendo um rolo de papel. Sorriu maldosamente, mostrando seus dentes afiados, amarelos e sujos.
- Vá embora - Siih fez uma cara de nojo. Não era a toa. Leeb fedia.
Leeb era um Glomb. Glombs são pequenos seres que existem nas florestas tropicais, no sul. Eles viviam basicamente de bananas e água, já que não comem carne. Por temerem ser mortos por predadores, passaram a viver em árvores, bem ocultos. Porém um dia, por uma fatal tragédia no norte, há muitos e muitos anos, seres que viviam por lá foram obrigados a imigrar para o sul. Alguns seres como mamutes não resistiram e morreram. Mas outros, principalmente aves enormes com dentes sempre sujos de sangue e a melhor visão que já se ouviu falar, se adaptaram muito bem. Essas aves foram a tragédia dos Glombs.
Essas aves eram enfeitiçadas por um grupo de magos muito poderoso, que acabou morrendo depois de mais umas magias. Eram corvos comuns, mas a partir do momento em que sofreram a maldição, passaram a pensar e ter estratégias para acabar com os outros.
Rodando por aí, perceberam que os Glombs tinham a carne deliciosa, bem rechonchuda e vermelha. Mas eles haviam se prevenido e passaram a se mesclar mais ainda, e assim passarem despercebidos pelas aves. Então as aves comeram todas as bananas que haviam.
E quebraram os sofisticados canos que levavam a água do rio até a pequena fonte lá em cima, entre os galhos.
Assim os Glombs ficavam com fome e sede, e desesperados, saiam sem proteção para achar um alimento. De mais de sete milhões de Glombs que tinha antes da tragédia no norte, somente um milhão restou da fúria assassina das aves.
Até chegarem as fadas.
Mais especificamente fadas das trevas.
Algumas fadas chegaram ao sul, não se sabe o motivo. Talvez tenham sido perseguidas, talvez perderam as suas casas, talvez estavam em guerra naquela época. Não sei, eu somente narro essa história, não me responsabilizo pelos eventos acontecidos aqui.
Enfim, continuando a história, as fadas chegaram e viam aquele extermínio de Glombs que até então eram seres fofos, agradáveis e totalmente dignos de serem animais de estimação muito obedientes. As fadas das trevas se penalizaram com aquela situação, e então, jogaram encantos sobre a floresta.
As aves que estavam no meio da floresta viraram pedra, as outras que voavam fugiram rapidamente, as copas das árvores cresceram e se fecharam, tornando a floresta muito mais sinistra e os Glombs receberam dentes afiados e os olhares maléficos, e se tornaram sedentos de sangue, para se defender dos predadores.
Mas as fadas não faziam nada de graça. Os Glombs queriam agradecer, mas não tinham como. As fadas sorriram, e disse que bastavam seguir as setas e eles teriam como agradecer por terem acabado com as aves. Os Glombs podiam ter cara de mau, mas ainda eram ingênuos e inocentes, de modo que acreditaram. O episódio foi conhecido como O Grande Exôdo dos Glombs, pois foi um milhão que migrou pelas setas que eram criadas pelas fadas. No final chegaram a um reino chamado Livving, uma colônia das fadas.
A Rainha de Livving, morena e com olhos maldosos, então disse que como gratidão, eles deviam servir as fadas durante toda a eternidade.
E desde então, os Glombs servem as fadas de todo reino. Atualmente eles são mais de dez milhões, e essa história já existe há mais de quinhentos anos.
Por isso Glombs são arteiros, maldosos e odeiam as fadas. Tudo por causa de uma promessa falsa que terminou em escravidão.
----------------------------------
- Johnny - disse Raveneh - você vai pra onde?
Johnny sorriu, e beijou a face de Raveneh carinhosamente. Disse em quase um sussurro:
- Comprar mais coisas para o nosso bebê *-*
Raveneh sorriu. Abraçou Johnny, fechando os olhos.
- Seis meses, não é? - murmurou.
- Seis meses - Johnny sorria - falta pouco. Está com medo?
- De Jorge. - respondeu Raveneh - estou com medo dele. Da minha... família.
Johnny desfez o sorriso.
- Não vai acontecer nada a você, querida. Nada de mal - disse por fim.
Raveneh não sorriu, não respondeu. Somente controlou o choro.
- Eu não vou deixar - Johnny sorriu, não deixando Raveneh perceber que seu olhar era triste.
Ficou em silêncio.
- Mas... vai ser tão ruim pro bebê - murmurou Raveneh por fim - tão ruim pra ele descobrir que a mãe foi uma...
- Assassina? - completou Johnny.
Não era mais a loucura de ter outra pessoa dentro de si que a atormentava. Era o remorso de ter matado a própria mãe, mesmo que não tivesse consciência disso na hora. O remorso, a culpa, a sensação de que podia estar tudo de outro jeito.
Johnny fez Raveneh se deitar na cama, olhando nos seus olhos:
- Raveneh, isso já passou - disse Johnny - já foi, foi há anos!
Raveneh não respondeu, somente olhava para baixo, tentando evitar os olhos do marido.
- E depois não era você que estava lá, era Catherine - afirmou Johnny.
Raveneh recuou ainda mais, olhando agora pro chão. Seus olhos estavam se tornando molhados.
- Catherine foi criada por mim - murmurou Raveneh quase aos prantos.
- Mas ela não foi criada porque você quis, em um passe de mágica - disse Johnny - ela foi criada para suportar a sua infância. Se não existisse a Catherine, como você seria tão doce assim?
Raveneh sorriu timidamente. Sempre ouvia da psicológa, Gika, que se Catherine não tivesse sido criada, provavelmente ou se mataria, ou mataria a família TODA ou então se tornaria uma menina extremamente amarga e psicopata.
- Sei que é egoísmo, mas... - Johnny sorriu timidamente - se você não tivesse a segunda personalidade, não tivesse matado a sua mãe e fugindo, você nunca seria tão doce e eu nunca teria te conhecido. Não é?
Raveneh sorriu. É. Talvez.
Talvez faria tudo de novo só pra ter Johnny ao seu lado. Só pra viver nas Campinas. Talvez faria tudo de novo.
Talvez tinha que deixar a culpa de lado. Enfrentar o que fez com dignidade quando for julgada.
E se permitir ser feliz.
- Bom dia, Alicia - murmurou Siih sonolenta - que horas são?
- Oito horas da manhã, Majestade - respondeu Alicia prontamente. Era uma garota loira, vivaz, com olhos doces e ao mesmo tempo, inteligentes. Alicia, juntamente com uma tola garota chamada Libby eram as fadas enviadas para trabalharem com a Rainha durante sete meses e assim aprenderem a trabalhar no alto escalão.
Alicia e Libby se odiavam, mas não deixava transparecer isso, o que fazia Siih achá-las muito sábias e inteligentes. Alicia sorriu:
- Vossa Majestade, o seu café já está sendo preparado. Gostaria de tomá-lo na cama ou na mesa?
- Quê? - Siih se levantou, esfregando os olhos - não, na mesa, claro. Por favor, diga a Libby para ela servir quiche hoje, sim? E que não passe a geléia, por favor.
- Sim, Vossa Majestade - Alicia assentiu com frieza - se me dá licença. - saiu do quarto imperiosamente.
Siih suspirou. Cada vez mais as fadas enviadas eram mais poderosas, mais exigentes e mais... rivais. Isso estava ficando difícil, pois as fadas enviadas para trabalharem com ela costumavam-se odiar. A última dupla amiga que se lembrava era Gika B. e Veronica G.
Depois veio uma tal de Limi Lhi, uma loira oxigenada e a enjoada da Miry Poo. Ambas eram extremamente poderosas e arrogantes.
E agora era Alicia e Libby. As duas eram competentes no que faziam, mas a inimizade entre duas era de tal forma que Siih sentia vontade de meter um tabefe nas duas para elas aprenderem a não ter essas rixas infantis, na opinião da Rainha.
Siih se vestiu sozinha, como sempre fizera desde que reinava como Rainha e não mais como uma princesa. Um belo vestido azul-claro, da cor dos céus em um dia claro, seria suficiente. Colocou um manto da cor da noite, com estrelas bordadas, como se ela carregasse o céu consigo.
- Alicia! - chamou.
Alicia veio prontamente, com os cabelos loiros amarrados em uma bonita trança com fitas azuis.
- Arrume meus cabelos, por favor - disse Siih sentando-se em uma cadeira - sabe o que fazer.
- Sim, Majestade - Alicia sorriu.
Enquanto Alicia penteava seus longos cabelos negros, Siih pensava nas obrigações do dia.
- Leeb - chamou.
Um ser pequeno, de orelhas pontudas, veio apressadamente. Era narigudo, olhos pequenos e negros, sorriso maléfico.
- Vá pegar a minha agenda com Libby - ordenou.
O ser saiu. Era do tamanho de uma criança, com os braços e pernas cobertos por um veludo estranho, vermelho e verde.
Logo voltou trazendo um rolo de papel. Sorriu maldosamente, mostrando seus dentes afiados, amarelos e sujos.
- Vá embora - Siih fez uma cara de nojo. Não era a toa. Leeb fedia.
Leeb era um Glomb. Glombs são pequenos seres que existem nas florestas tropicais, no sul. Eles viviam basicamente de bananas e água, já que não comem carne. Por temerem ser mortos por predadores, passaram a viver em árvores, bem ocultos. Porém um dia, por uma fatal tragédia no norte, há muitos e muitos anos, seres que viviam por lá foram obrigados a imigrar para o sul. Alguns seres como mamutes não resistiram e morreram. Mas outros, principalmente aves enormes com dentes sempre sujos de sangue e a melhor visão que já se ouviu falar, se adaptaram muito bem. Essas aves foram a tragédia dos Glombs.
Essas aves eram enfeitiçadas por um grupo de magos muito poderoso, que acabou morrendo depois de mais umas magias. Eram corvos comuns, mas a partir do momento em que sofreram a maldição, passaram a pensar e ter estratégias para acabar com os outros.
Rodando por aí, perceberam que os Glombs tinham a carne deliciosa, bem rechonchuda e vermelha. Mas eles haviam se prevenido e passaram a se mesclar mais ainda, e assim passarem despercebidos pelas aves. Então as aves comeram todas as bananas que haviam.
E quebraram os sofisticados canos que levavam a água do rio até a pequena fonte lá em cima, entre os galhos.
Assim os Glombs ficavam com fome e sede, e desesperados, saiam sem proteção para achar um alimento. De mais de sete milhões de Glombs que tinha antes da tragédia no norte, somente um milhão restou da fúria assassina das aves.
Até chegarem as fadas.
Mais especificamente fadas das trevas.
Algumas fadas chegaram ao sul, não se sabe o motivo. Talvez tenham sido perseguidas, talvez perderam as suas casas, talvez estavam em guerra naquela época. Não sei, eu somente narro essa história, não me responsabilizo pelos eventos acontecidos aqui.
Enfim, continuando a história, as fadas chegaram e viam aquele extermínio de Glombs que até então eram seres fofos, agradáveis e totalmente dignos de serem animais de estimação muito obedientes. As fadas das trevas se penalizaram com aquela situação, e então, jogaram encantos sobre a floresta.
As aves que estavam no meio da floresta viraram pedra, as outras que voavam fugiram rapidamente, as copas das árvores cresceram e se fecharam, tornando a floresta muito mais sinistra e os Glombs receberam dentes afiados e os olhares maléficos, e se tornaram sedentos de sangue, para se defender dos predadores.
Mas as fadas não faziam nada de graça. Os Glombs queriam agradecer, mas não tinham como. As fadas sorriram, e disse que bastavam seguir as setas e eles teriam como agradecer por terem acabado com as aves. Os Glombs podiam ter cara de mau, mas ainda eram ingênuos e inocentes, de modo que acreditaram. O episódio foi conhecido como O Grande Exôdo dos Glombs, pois foi um milhão que migrou pelas setas que eram criadas pelas fadas. No final chegaram a um reino chamado Livving, uma colônia das fadas.
A Rainha de Livving, morena e com olhos maldosos, então disse que como gratidão, eles deviam servir as fadas durante toda a eternidade.
E desde então, os Glombs servem as fadas de todo reino. Atualmente eles são mais de dez milhões, e essa história já existe há mais de quinhentos anos.
Por isso Glombs são arteiros, maldosos e odeiam as fadas. Tudo por causa de uma promessa falsa que terminou em escravidão.
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- Johnny - disse Raveneh - você vai pra onde?
Johnny sorriu, e beijou a face de Raveneh carinhosamente. Disse em quase um sussurro:
- Comprar mais coisas para o nosso bebê *-*
Raveneh sorriu. Abraçou Johnny, fechando os olhos.
- Seis meses, não é? - murmurou.
- Seis meses - Johnny sorria - falta pouco. Está com medo?
- De Jorge. - respondeu Raveneh - estou com medo dele. Da minha... família.
Johnny desfez o sorriso.
- Não vai acontecer nada a você, querida. Nada de mal - disse por fim.
Raveneh não sorriu, não respondeu. Somente controlou o choro.
- Eu não vou deixar - Johnny sorriu, não deixando Raveneh perceber que seu olhar era triste.
Ficou em silêncio.
- Mas... vai ser tão ruim pro bebê - murmurou Raveneh por fim - tão ruim pra ele descobrir que a mãe foi uma...
- Assassina? - completou Johnny.
Não era mais a loucura de ter outra pessoa dentro de si que a atormentava. Era o remorso de ter matado a própria mãe, mesmo que não tivesse consciência disso na hora. O remorso, a culpa, a sensação de que podia estar tudo de outro jeito.
Johnny fez Raveneh se deitar na cama, olhando nos seus olhos:
- Raveneh, isso já passou - disse Johnny - já foi, foi há anos!
Raveneh não respondeu, somente olhava para baixo, tentando evitar os olhos do marido.
- E depois não era você que estava lá, era Catherine - afirmou Johnny.
Raveneh recuou ainda mais, olhando agora pro chão. Seus olhos estavam se tornando molhados.
- Catherine foi criada por mim - murmurou Raveneh quase aos prantos.
- Mas ela não foi criada porque você quis, em um passe de mágica - disse Johnny - ela foi criada para suportar a sua infância. Se não existisse a Catherine, como você seria tão doce assim?
Raveneh sorriu timidamente. Sempre ouvia da psicológa, Gika, que se Catherine não tivesse sido criada, provavelmente ou se mataria, ou mataria a família TODA ou então se tornaria uma menina extremamente amarga e psicopata.
- Sei que é egoísmo, mas... - Johnny sorriu timidamente - se você não tivesse a segunda personalidade, não tivesse matado a sua mãe e fugindo, você nunca seria tão doce e eu nunca teria te conhecido. Não é?
Raveneh sorriu. É. Talvez.
Talvez faria tudo de novo só pra ter Johnny ao seu lado. Só pra viver nas Campinas. Talvez faria tudo de novo.
Talvez tinha que deixar a culpa de lado. Enfrentar o que fez com dignidade quando for julgada.
E se permitir ser feliz.
sábado, 23 de fevereiro de 2008
Parte 01 - Sorrisos Doces.
Raveneh estava se sentindo meio estranha. Aliás, não havia um único dia que não se sentisse estranha desde que passara a viver com Johnny, desde que engravidara.
Antes era apenas uma adolescente com uma vida pela metade.
Agora, apesar dos seus quase dezenove anos, ainda se sentia uma adolescente, mas já era mulher: casada e grávida.
Raveneh suspirou. Seu bebê completara seis meses desde que surgiu dentro do seu ventre. Ela sorriu. Seria menino ou menina? Como seria seu rosto, seu olhar, seu sorriso? A quem puxaria? Teria uma personalidade calma e passiva, porém com tendências a problemas psicológicos como Raveneh ou seria alguém impaciente como Johnny?
Será que teria os seus olhos azuis? Ou será que herdaria os negros e profundos olhos castanhos de Johnny?
Tantas dúvidas!, que só seriam respondidas dali a poucos³ meses!
E quem disse que isso seria fácil?
Raveneh se levantou, levando a barriga já pronunciada consigo. Fazia quatro meses, talvez, desde que seu meio-irmão Jorge apareceu ali e disse que estavam investigando a morte da mãe. Até investigarem isso, demorou dois anos. Quanto tempo será que demoraria para ela ser intimada como ré?
Um mês? Seis meses? Um ano? Dois?
Com a justiça lenta que era naquele país, bem sabia que podia demorar anos a fio até o veredicto sair. Anos e anos.
Mas ela era uma fada, e fadas vivem muito mais que humanos. Quando para humanos normais, 50 anos é praticamente metade da vida, para ela 50 anos era juventude. E podia envelhecer o quanto fosse, mas nunca a sua face nunca se modificaria por causa da idade. Fadas costumam morrer quando tinham 150 anos ou mais.
E mortais que viviam nas Campinas eram enfeitiçados só pela mágica que existia ali, e viviam tanto quando as fadas, o que fazia Raveneh se sentir feliz. Assim não veria seu querido Johnny definhar até a morte. Sorriu. O céu estava lindo, todo azul. A terra estava verde, as flores deslumbrantes, as pessoas felizes.
Porque se sentir infeliz? Preocupada? Por quê? A vida parecia tão radiante, ela estava feliz com o amor e o baby. Fazia dois anos desde que Renegada, sua grande
amiga, morrera em um trágico suicídio, matando também seu antigo amante, Rei de Heppaceneoh, deixando assim uma pobre criança órfã.
Arthur estava estudando entre as fadas, já com doze anos de idade. Ele ainda necessitava de apoio psiquiatrico, pois não conseguia superar aquela história.
Vivera recluso durante dez anos em um castelo, nunca tinha visto uma árvore ao vivo, não sabia de nada. E de repente, fora resgatado por uma garota maluca, atravessara uma floresta cheia de nortistas com a garota maluca e um cara também maluco e aí chegou em um lugar cheio de gente maluca.
E quando as coisas estavam melhorando, seu pai morre e uma maluca que era a sua mãe também morre.
Claro, ele pirou. Mas hoje estava melhor, e estava constantemente treinado para ser um servo da Rainha. Afinal, desde quando as fadas iam devolver o reino?
Reino tomado, já era. Ninguém mandou o Rei Calvin Mo bobear ù.u
Raveneh sorriu ao observar Kibii mirando cuidadosamente em uma galinha e acertando o seu corpo com destreza, sem derramar uma gota de sangue. Fer treinava mira com punhais, entre as árvores. Agora já tinha dezesseis anos, e parecia uma mulher. Antes usava calças e camiseta, e vivia descalça. Agora que amadurecera em dois anos, vestia uma simples camiseta branca, saia de tecido "mole" e botas até os joelhos, que diminuira bastante em machucados nos pés.
Umrae e Tatiih trabalhavam na tecelagem de roupas, Ly confeccionava armas perto dali, Doceh produzia deliciosos doces. Todos trabalhavam duro para garantir o sustento das Campinas, afinal precisava sempre de comida e roupas.
- Raveneh! - exclamou Umrae sorrindo - como está o bebê?
- Está bem - respondeu Raveneh também sorrindo suavemente - muito bem.
- Onde está Johnny? - indagou Tatiih enquanto terminava de tecer um cobertor marrom.
- Foi com Rafitcha até Heppaceneoh - suspirou Raveneh - comprar algumas coisas para as Campinas.
- Nós quase não precisamos de coisas - murmurou Umrae - produzimos quase tudo... beleza de verão ultimamente, não é?
- Sim! - exclamou Raveneh - pena que logo, logo vai acabar e se iniciará o outono.
Passou a mão na barriga carinhosamente. Seu bebê nasceria quando as folhas ficarem amarelas e cairem, as árvores ficarem cada vez mais secas, as flores começarem a ter tons como amarelo, laranja e marrom, e as Campinas mergulhariam em um clima de pôr-do-sol desde de manhã até o cair do sol. Raveneh gostava do outono, era a sua estação predileta. Era logo antes do inverno, quando a neve caia levemente e tudo ficava branco. E era depois do verão, onde o melhor era nadar e correr entre as árvores. Mas os rios lhe traziam lembranças tristes como a vez que a sua própria mãe tentava lhe afogar e a neve lhe lembrava
das diversas vezes que quase morria de frio, pois seus meio-irmãos a esqueciam fora de casa. Mas outono era a única estação em que a sua mãe gostava também, servia bolachas para todos, inclusive Raveneh, era a estação que seu pai ficava com ela e mais sorria e também era a estação que a sua irmã Catherine passava os dias na casa de uma tia distante.
Era o único período da sua vida, enquanto criança, que se permitia ser feliz.
----------------------------------
- E então, como ficou a questão da Madame Thecompoth? - indagou Siih mexendo apressadamente nos papéis, apressada.
- Ela foi considerada inocente. O júri a absorveu por unanimidade - respondeu Lefi.
- Madame Thecompoth inocente? Mas... - Siih ficou intrigada. Aquela carga de poderes fora embora, mas deixara algum vestígio. E Siih era bem³ mais poderosa que qualquer outra fada do tipo dela, sem contar que sabia administrar seus poderes muito bem - investigue sobre isso. E a questão das quinze crianças do Instituto Buhamyh?
- A direção teve que pagar indenização de 900kk(N.A.: o dinheiro usado se chama galleom e seu símbolo é gm'. 1.000gm' equivale a 1k, 1.000.000gm' equivale a 1kk, e por aí vai.) - respondeu Lefi.
- Ótimo - disse Siih. Hesitou, e continuou - as verbas desse mês já estão resolvidas?
- Tudo resolvido, Siih - respondeu Lefi prontamente - todas as verbas deste mês já foram enviadas.
- E os Encantos estão sendo renovados? - Siih indagou mais uma vez.
Lefi suspirou. Remexeu em papéis, enquanto respondia distraidamente:
- Sim, o Encanto das Campinas será renovado semana que vem. O Encanto de Heppaceneoh foi renovado há quatro dias. O Encanto de Lucky será daqui a um mês, o Encanto de... - bocejou.
Siih sorriu. Era meia-noite, e Lefi passara o dia inteiro resolvendo alguns problemas.
- Lefi, meu querido irmão - murmurou Siih se levantando - vá dormir. Me entregue os relatórios, deixe que eu leio. Vá descansar.
- Não, preciso respond--
- Não se preocupe. É uma ordem real - Siih apontou para a porta - vá descansar, irmão.
Lefi sorriu, e se curvando pomposamente:
- Boa noite, Vossa Majestade.
- Boa noite, irmão.
Lefi saiu do quarto meio bambo, morto de sonho. Siih sorriu, observando os relatórios em cima da mesa. A mesa feita da mais fina madeira, a poltrona recheada do mais fino veludo dos elfos e bordadas por suas esposas, as fadas.
Aliás, todo o escritório era fino, de bom gosto. A janela enorme, com cortinas brancas de seda, cuja vista é excepcional: toda a capital do Reino das Fadas, com
todas as casas, lojas, edifícios, ruas, parques, bosques. E o céu, sempre azul repleto de nuvens brancas feito algodão.
A mesa ficava ao lado da janela, distante. Em frente a mesa, duas cadeiras simples. E atrás, uma estante repleta de livros. Tapetes persas. Um quadro da sua honrada mãe, já morta.
Siih sentou-se a mesa, e começou a ler os relatórios. Ela era organizada, e sempre separava os relatórios pelas seguintes categorias: "verbas"; "justiça"; "encantos" e
outros. Mas esses eram os mais importantes: "verbas" se referiam a aqueles que detalhavam sobre as verbas enviadas para cada lugar. Também detalhava o arrecadamento de imposto, e Siih sabia que se notasse alguma diferença estranha, era sinal de desfalque. "Justiça" era a categoria para aqueles relatórios que falam sobre julgamentos de criminosos e seus destinos. Tudo sobre crimes, sentenças, cumprimento de penas, fugas efetuadas por presos e capturas também estava ali. E "encantos" era para aqueles que falava sobre os Encantos lançados por cada lugar protegido por Fadas, que normalmente nunca são eternos. Havia outras pequenas categorias, mas esses três eram os mais importantes.
Relatório Nº 158315961 conjunto C
Título: Renovação de Encanto de Heppaceneoh {dia 15 (quinze) de julho de 1205 (mil duzento e cinco), sexta-feira}
Encantadoras (o):
Kiptora Kumblixe {17 (dezessete) anos, poder classe B}
Bia Premy {16 (dezesseis) anos, poder classe B}
Lucy Meriïh {17 (dezessete) anos, poder classe B}
Mary Poomble {28 (vinte e oito) anos, poder classe A}
Descrição redigida por:
Lamy Fomble {51 (cinquenta e um) anos, poder classe A-+}
Descrição:
Dia 15 (quinze) de julho. Três horas da tarde. O céu estava claro, limpo, sem nuvens. Estação: verão.
As quatro encantadoras se reuniram nas nuvens logo acima de Heppaceneoh, que estava tranquilo. As quatro fadas deram a mão.
Estavam sérias, compenetradas.
Em pé, murmuraram as palavras em tom baixo, concentrando-se.
As nuvens ficaram roxas e logo choveu sobre Heppaceneoh.
Soltaram as mãos. Ficaram quatro horas em diferentes posições sobre si, murmurando encantos. A chuva prosseguia forte, fazendo Heppaceneoh ficar vazia.
Quando acabaram, eram sete e meia. Noite.
A chuva parou. Elas foram embora, sem se cumprimentarem ou sorrirem.
FIM-DO-RELATÓRIO.
Siih suspirou. Reparou que as Encantadoras eram frias, não sorriam. Era sempre assim.
Olhou os nomes. Ultimamente as Encantadoras enviadas eram cada vez mais poderosas, quase sempre classe B ou A. Como podia uma adolescente de 16, 17 anos ser classe B?
Entre as fadas em geral, havia as seguintes classes de poder: E, D, C, B, A, A-, A+, A-+ e A++. A classe E era a mais fraca, e a de classe A++ a mais poderosa. Siih era muito jovem, de vinte e poucos. E era classe A++, já que era herdeira de uma longa linhagem extremamente poderosa e era uma ex-Fada Alta, cujos vestígios continuavam em seu pequeno corpo.
Antes, anos atrás, fadas de dezessete anos e comuns eram no máximo classe C. Se alguma chegasse a B, era motivo de surpresa. Hoje? Fadas de dezesseis anos podem chegar a B tranquilamente. Siih não sabia se era porque as fadas tinham se tornado mais poderosas ou se os critérios de avaliação desceram de nível.
Olhou os outros relatórios. Reparou que Bia Premy e Lucy Meriïh iriam Encantar as Campinas juntas dali a uma semana. Reparou também que os salários delas eram bem polpudos, por volta de 450k a cada Encanto.
Aparentemente era a elite das Encantadoras.
Siih arrumou os relatórios com um estalo rápido e foi dormir.
Antes era apenas uma adolescente com uma vida pela metade.
Agora, apesar dos seus quase dezenove anos, ainda se sentia uma adolescente, mas já era mulher: casada e grávida.
Raveneh suspirou. Seu bebê completara seis meses desde que surgiu dentro do seu ventre. Ela sorriu. Seria menino ou menina? Como seria seu rosto, seu olhar, seu sorriso? A quem puxaria? Teria uma personalidade calma e passiva, porém com tendências a problemas psicológicos como Raveneh ou seria alguém impaciente como Johnny?
Será que teria os seus olhos azuis? Ou será que herdaria os negros e profundos olhos castanhos de Johnny?
Tantas dúvidas!, que só seriam respondidas dali a poucos³ meses!
E quem disse que isso seria fácil?
Raveneh se levantou, levando a barriga já pronunciada consigo. Fazia quatro meses, talvez, desde que seu meio-irmão Jorge apareceu ali e disse que estavam investigando a morte da mãe. Até investigarem isso, demorou dois anos. Quanto tempo será que demoraria para ela ser intimada como ré?
Um mês? Seis meses? Um ano? Dois?
Com a justiça lenta que era naquele país, bem sabia que podia demorar anos a fio até o veredicto sair. Anos e anos.
Mas ela era uma fada, e fadas vivem muito mais que humanos. Quando para humanos normais, 50 anos é praticamente metade da vida, para ela 50 anos era juventude. E podia envelhecer o quanto fosse, mas nunca a sua face nunca se modificaria por causa da idade. Fadas costumam morrer quando tinham 150 anos ou mais.
E mortais que viviam nas Campinas eram enfeitiçados só pela mágica que existia ali, e viviam tanto quando as fadas, o que fazia Raveneh se sentir feliz. Assim não veria seu querido Johnny definhar até a morte. Sorriu. O céu estava lindo, todo azul. A terra estava verde, as flores deslumbrantes, as pessoas felizes.
Porque se sentir infeliz? Preocupada? Por quê? A vida parecia tão radiante, ela estava feliz com o amor e o baby. Fazia dois anos desde que Renegada, sua grande
amiga, morrera em um trágico suicídio, matando também seu antigo amante, Rei de Heppaceneoh, deixando assim uma pobre criança órfã.
Arthur estava estudando entre as fadas, já com doze anos de idade. Ele ainda necessitava de apoio psiquiatrico, pois não conseguia superar aquela história.
Vivera recluso durante dez anos em um castelo, nunca tinha visto uma árvore ao vivo, não sabia de nada. E de repente, fora resgatado por uma garota maluca, atravessara uma floresta cheia de nortistas com a garota maluca e um cara também maluco e aí chegou em um lugar cheio de gente maluca.
E quando as coisas estavam melhorando, seu pai morre e uma maluca que era a sua mãe também morre.
Claro, ele pirou. Mas hoje estava melhor, e estava constantemente treinado para ser um servo da Rainha. Afinal, desde quando as fadas iam devolver o reino?
Reino tomado, já era. Ninguém mandou o Rei Calvin Mo bobear ù.u
Raveneh sorriu ao observar Kibii mirando cuidadosamente em uma galinha e acertando o seu corpo com destreza, sem derramar uma gota de sangue. Fer treinava mira com punhais, entre as árvores. Agora já tinha dezesseis anos, e parecia uma mulher. Antes usava calças e camiseta, e vivia descalça. Agora que amadurecera em dois anos, vestia uma simples camiseta branca, saia de tecido "mole" e botas até os joelhos, que diminuira bastante em machucados nos pés.
Umrae e Tatiih trabalhavam na tecelagem de roupas, Ly confeccionava armas perto dali, Doceh produzia deliciosos doces. Todos trabalhavam duro para garantir o sustento das Campinas, afinal precisava sempre de comida e roupas.
- Raveneh! - exclamou Umrae sorrindo - como está o bebê?
- Está bem - respondeu Raveneh também sorrindo suavemente - muito bem.
- Onde está Johnny? - indagou Tatiih enquanto terminava de tecer um cobertor marrom.
- Foi com Rafitcha até Heppaceneoh - suspirou Raveneh - comprar algumas coisas para as Campinas.
- Nós quase não precisamos de coisas - murmurou Umrae - produzimos quase tudo... beleza de verão ultimamente, não é?
- Sim! - exclamou Raveneh - pena que logo, logo vai acabar e se iniciará o outono.
Passou a mão na barriga carinhosamente. Seu bebê nasceria quando as folhas ficarem amarelas e cairem, as árvores ficarem cada vez mais secas, as flores começarem a ter tons como amarelo, laranja e marrom, e as Campinas mergulhariam em um clima de pôr-do-sol desde de manhã até o cair do sol. Raveneh gostava do outono, era a sua estação predileta. Era logo antes do inverno, quando a neve caia levemente e tudo ficava branco. E era depois do verão, onde o melhor era nadar e correr entre as árvores. Mas os rios lhe traziam lembranças tristes como a vez que a sua própria mãe tentava lhe afogar e a neve lhe lembrava
das diversas vezes que quase morria de frio, pois seus meio-irmãos a esqueciam fora de casa. Mas outono era a única estação em que a sua mãe gostava também, servia bolachas para todos, inclusive Raveneh, era a estação que seu pai ficava com ela e mais sorria e também era a estação que a sua irmã Catherine passava os dias na casa de uma tia distante.
Era o único período da sua vida, enquanto criança, que se permitia ser feliz.
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- E então, como ficou a questão da Madame Thecompoth? - indagou Siih mexendo apressadamente nos papéis, apressada.
- Ela foi considerada inocente. O júri a absorveu por unanimidade - respondeu Lefi.
- Madame Thecompoth inocente? Mas... - Siih ficou intrigada. Aquela carga de poderes fora embora, mas deixara algum vestígio. E Siih era bem³ mais poderosa que qualquer outra fada do tipo dela, sem contar que sabia administrar seus poderes muito bem - investigue sobre isso. E a questão das quinze crianças do Instituto Buhamyh?
- A direção teve que pagar indenização de 900kk(N.A.: o dinheiro usado se chama galleom e seu símbolo é gm'. 1.000gm' equivale a 1k, 1.000.000gm' equivale a 1kk, e por aí vai.) - respondeu Lefi.
- Ótimo - disse Siih. Hesitou, e continuou - as verbas desse mês já estão resolvidas?
- Tudo resolvido, Siih - respondeu Lefi prontamente - todas as verbas deste mês já foram enviadas.
- E os Encantos estão sendo renovados? - Siih indagou mais uma vez.
Lefi suspirou. Remexeu em papéis, enquanto respondia distraidamente:
- Sim, o Encanto das Campinas será renovado semana que vem. O Encanto de Heppaceneoh foi renovado há quatro dias. O Encanto de Lucky será daqui a um mês, o Encanto de... - bocejou.
Siih sorriu. Era meia-noite, e Lefi passara o dia inteiro resolvendo alguns problemas.
- Lefi, meu querido irmão - murmurou Siih se levantando - vá dormir. Me entregue os relatórios, deixe que eu leio. Vá descansar.
- Não, preciso respond--
- Não se preocupe. É uma ordem real - Siih apontou para a porta - vá descansar, irmão.
Lefi sorriu, e se curvando pomposamente:
- Boa noite, Vossa Majestade.
- Boa noite, irmão.
Lefi saiu do quarto meio bambo, morto de sonho. Siih sorriu, observando os relatórios em cima da mesa. A mesa feita da mais fina madeira, a poltrona recheada do mais fino veludo dos elfos e bordadas por suas esposas, as fadas.
Aliás, todo o escritório era fino, de bom gosto. A janela enorme, com cortinas brancas de seda, cuja vista é excepcional: toda a capital do Reino das Fadas, com
todas as casas, lojas, edifícios, ruas, parques, bosques. E o céu, sempre azul repleto de nuvens brancas feito algodão.
A mesa ficava ao lado da janela, distante. Em frente a mesa, duas cadeiras simples. E atrás, uma estante repleta de livros. Tapetes persas. Um quadro da sua honrada mãe, já morta.
Siih sentou-se a mesa, e começou a ler os relatórios. Ela era organizada, e sempre separava os relatórios pelas seguintes categorias: "verbas"; "justiça"; "encantos" e
outros. Mas esses eram os mais importantes: "verbas" se referiam a aqueles que detalhavam sobre as verbas enviadas para cada lugar. Também detalhava o arrecadamento de imposto, e Siih sabia que se notasse alguma diferença estranha, era sinal de desfalque. "Justiça" era a categoria para aqueles relatórios que falam sobre julgamentos de criminosos e seus destinos. Tudo sobre crimes, sentenças, cumprimento de penas, fugas efetuadas por presos e capturas também estava ali. E "encantos" era para aqueles que falava sobre os Encantos lançados por cada lugar protegido por Fadas, que normalmente nunca são eternos. Havia outras pequenas categorias, mas esses três eram os mais importantes.
Relatório Nº 158315961 conjunto C
Título: Renovação de Encanto de Heppaceneoh {dia 15 (quinze) de julho de 1205 (mil duzento e cinco), sexta-feira}
Encantadoras (o):
Kiptora Kumblixe {17 (dezessete) anos, poder classe B}
Bia Premy {16 (dezesseis) anos, poder classe B}
Lucy Meriïh {17 (dezessete) anos, poder classe B}
Mary Poomble {28 (vinte e oito) anos, poder classe A}
Descrição redigida por:
Lamy Fomble {51 (cinquenta e um) anos, poder classe A-+}
Descrição:
Dia 15 (quinze) de julho. Três horas da tarde. O céu estava claro, limpo, sem nuvens. Estação: verão.
As quatro encantadoras se reuniram nas nuvens logo acima de Heppaceneoh, que estava tranquilo. As quatro fadas deram a mão.
Estavam sérias, compenetradas.
Em pé, murmuraram as palavras em tom baixo, concentrando-se.
As nuvens ficaram roxas e logo choveu sobre Heppaceneoh.
Soltaram as mãos. Ficaram quatro horas em diferentes posições sobre si, murmurando encantos. A chuva prosseguia forte, fazendo Heppaceneoh ficar vazia.
Quando acabaram, eram sete e meia. Noite.
A chuva parou. Elas foram embora, sem se cumprimentarem ou sorrirem.
FIM-DO-RELATÓRIO.
Siih suspirou. Reparou que as Encantadoras eram frias, não sorriam. Era sempre assim.
Olhou os nomes. Ultimamente as Encantadoras enviadas eram cada vez mais poderosas, quase sempre classe B ou A. Como podia uma adolescente de 16, 17 anos ser classe B?
Entre as fadas em geral, havia as seguintes classes de poder: E, D, C, B, A, A-, A+, A-+ e A++. A classe E era a mais fraca, e a de classe A++ a mais poderosa. Siih era muito jovem, de vinte e poucos. E era classe A++, já que era herdeira de uma longa linhagem extremamente poderosa e era uma ex-Fada Alta, cujos vestígios continuavam em seu pequeno corpo.
Antes, anos atrás, fadas de dezessete anos e comuns eram no máximo classe C. Se alguma chegasse a B, era motivo de surpresa. Hoje? Fadas de dezesseis anos podem chegar a B tranquilamente. Siih não sabia se era porque as fadas tinham se tornado mais poderosas ou se os critérios de avaliação desceram de nível.
Olhou os outros relatórios. Reparou que Bia Premy e Lucy Meriïh iriam Encantar as Campinas juntas dali a uma semana. Reparou também que os salários delas eram bem polpudos, por volta de 450k a cada Encanto.
Aparentemente era a elite das Encantadoras.
Siih arrumou os relatórios com um estalo rápido e foi dormir.
Ínicio Segunda Temporada
E você vai perguntar, porque essa imagem de anime aí?
E eu respondo: se chama Ashita no Nadja. E nunca vi, mas eu achei na net e achei que ela lembrava Raveneh *-*
Só uma maneira de marcar a segunda temporada ^^
RPG baseado na história! *o*
Idéia by Umrae *o*
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