Os dragões não participavam realmente da missão.
Isolados, Gerogie gostava de vigiar os dragões e Erevan jogava dados com Keishara apostando várias coisas que nunca seriam cobradas. Estavam bem perto, e a única missão que eles tinham de obedecer era controlarem os pseudo-dragões se tiver que ser. Erevan sorriu atirando um dado para o alto.
- Aposto minha beleza - riu - se sair um número par.
Cinco pontinhos.
Keishara riu, mostrando os dentes.
Jogue no alto.
Seis.
Keishara perdeu.
A indiferença se impregnando naqueles três dragões em forma humana.
Nunca, nunca o mesmo iria se repetir.
Separados pela escuridão, Raven quase tropeçou quando sentiu algo diante dela, em seus pés, a lhe fazer um obstáculo. Umrae ajeitou o menino que levava, conseguiu sentir o braço de Bia a lhe roçar.
- Pare - disse - está escuro demais para prosseguirem normalmente.
Umrae sentiu a corda que lhe prendia.
- Será que isso adianta?
Só um desenlace.
Um sussurro mergulhado nas trevas.
Umrae seguiu para a frente, puxando Bia e Raven. Ergueu os olhos para o teto: cheiro de sangue e escuridão. Não conseguia ver nada, ainda que sua visão noturna fosse melhor. Parecia estar mergulhada em trevas. Em volta, só conseguia enxergar a corda que a segurava, a escada por onde desciam e os degraus.
- Fiquem com uma mão no meu ombro, em fila - murmurou ao que Raven e Bia obedeceram. Raven colocou a mão esquerda no ombro também esquerdo de Umrae, segurando a espada que pendia ao lado de Umrae. Bia fazia a mesma coisa, e a espada era segura nas costas onde ficava quando ela não estava lutando com ninguém. Isso não era um problema, porque Bia era muito capaz de desembainhar a espada e golpear mais rápido do que você pode dizer "se ferrou".
Devagar, seguiram pela escada.
Faltava pouco.
Dali a dez minutos que pareceram uma eternidade, não faltava mais distância a vencer. A porta, divina e sedutora, se abria para a cidade.
- Cuidado - disse Umrae.
A noite nunca foi tão fria e confortável.
Os cabelos de todos se revoltaram com o vento mais frio.
- Deu certo?
Umrae ergueu os olhos. Não sabia muito bem de onde viera a pergunta.
Mas sua resposta foi completamente sincera:
- Surpreendentemente... sim.
Seus olhos dourados se destacavam na escuridão.
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- Que está fazendo, Ophelia? - Lala estava assustada.
A rainha fechava as cortinas apressadamente.
Seus cabelos se estendiam pelas costas, seus olhos nervosos miravam a seda. Estava agitada, era visível em cada riso e em cada gesto: puxa a seda, dá uma olhada pro céu, olha pra Lala, sorri, fecha a cortina, abre-a, fecha novamente, suspira e ri.
- Relaxa, Lala, vai dar tudo certo.
- Vai, é?
- Claro
Ophelia exibia um estranho fanatismo no olhar.
- Está sentindo? - Ophelia perguntou depois de fechar as cortinas pela milésima vez atrás de si. Descansou as mãos e veio se sentar na beirada da cama, encarando Lala com fervor - está sentindo?
Lala fechou os olhos. Sempre foi péssima nisso.
Misto de sangue.
Algum cheiro inebriante de...
- Não - ela disse tonta. Estava novamente fraca - não.
Ophelia sorriu maliciosamente. Moveu os dedos em forma de pinça, como as pernas de uma aranha, dizendo:
- Lalazinha - parecia fora de si, rindo quase histericamente - os monstrinhos estão morrendo.
- Você os deixou morrer, Ophelia - retrucou Lala - e eles vão se virar contra você.
De repente, a Ophelia ficou muito séria - quase voltou a aquele ar majestoso, os olhos brilhando de excitação.
- Ora, ora. Você acha que me curvo a eles? Ainda que as armas sejam eu multiplicada por mil, vencerei.
- Vence? - Lala estava incrédula - VENCE? Oph-
- Não fale - Ophelia disse.
Lala conseguiu enxergar os olhos castanhos de Ophelia.
Mas eles não estavam mais castanhos.
Estavam quase negros.
Tão, tão profundos como se fossem o mar enquanto é noite; um véu mergulhado nas trevas. Lala calou-se, trêmula. Não precisava desafiar a mulher, claro que não. Mantenha-se quietinha, Lala, quietinha. Não fale nada, nem proteste; você tem uma louca ao seu lado - e diz o doutor Castanho que não devemos contrariar os loucos. Respirou fundo.
Os seus cabelos estavam com a cor opaca.
- Pois bem, desisto de uma conversa simpática com eles - Ophelia parecia estar conversando do tempo, e seu comentário quase fez Lala se engasgar com a própria saliva: conversa simpática? - eles vão pagar. Muito. Muito caro.
Lala nada disse.
Ophelia sorriu para o céu e reabriu as cortinas.
Depois saiu do quarto, deixando uma Lala quase desesperada.
Ok.
Ela era a amiga durona que aguentava o tranco.
Mas, PQP, isso não significava que ela tinha que assistir a loucura mental da amiga/chefe por dias a fio! Ophelia estava pirando, isso estava tão óbvio como o fato de que a Stephenie Meyer escreve mal, e mesmo assim... droga, Ophelia, para que você foi acordar?
Para quê?
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Respiraaar.
A noite estava um pouco mais fria que o normal, o que foi um alívio para o pessoal das Campinas.
Raveneh tentou respirar algo realmente puro, mas nada feito - então ela ficou concentrada na cozinha, sala e bebê. E de novo a cozinha, sala e bebê. A May estava acordada, aninhada, brincando com um bonequinho de pano muito feio de lã. Mesmo assim May adorava o boneco que tinha um cabelo preto e um macacão vermelho.
- Quando eles vão chegar? - perguntava Amai quase chorosa. Tinha largado os livros na sala.
- Eles vão chegar, Amai - Raveneh disse. Amai lhe torrava a paciência; sabia ela que também tinha alguém lá, entre os monstros? - eles vão chegar - insistiu. Aproveite e chame a sua tia, vamos.
Amai resmungou e saiu da cozinha, retornando dez minutos depois com a Kitsune a tiracolo.
- Hellow?
- Aí está você - Raveneh sorriu fracamente - pode cortar as batatas? Daqui a pouco May vai mamar e Rafitcha vai começar a gritar comigo por causa do choro dela, se eu estiver cozinhando.
Kitsune sorriu.
Raveneh relaxou, resolvendo ficar na sala ninando a filha. Passou-se muito pouco tempo até que May queresse leite.
A iluminação era tão funesta...
- Ah, olá.
Rafitcha se ajeitou na poltrona diante de Raveneh. Parecia aborrecida com algo, mas Raveneh não quis perguntar - Rafitcha emanava uma aura assustadora de raiva e irritação.
- Eles não vão chegar nunca?
- Ahm - Raveneh não queria falar muito - vão.
Rafitcha ergueu os olhos, aborrecida. Pegou em um dos livros deixados por Amai, começando a ler.
Tinha que ficar calma.
Por...
Por ela.
Fadas pequenas que voavam de folha em folha, com suas minúsculas asas...
Raveneh a olhou insegura. O quão bem ela estava?
... entre elas, existia uma toda bonitinha, porém muito malvada que se chamava Claudia...
Rafitcha fechou os olhos, tonta. Estava cansada e com vontade de dormir, mas resistiu. Queria ver o retorno dos... guerreiros?
... cachos angelicais e olhos de menina, ela vitimava a suas irmãs com doçura e veneno...
urgh.
O silêncio se tornou opressivo demais, as palavras se turvaram e Rafitcha fechou os olhos, muitissimo cansada.
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As crianças foram cuidadas por Raven e Johnny entre as nuvens.
Postas para dormir, não se debatiam nem choramingavam; inconscientes, deixavam-se serem tratadas e curadas, derramadas em cima dos dragões. A garotinha tinha um ar angelical, embora fosse bem fofinha, de ar angelical e cabelos curtos, finos, dourados.
- Vamos lá, fica viva.
A garotinha parecia profundamente debilitada, ainda que não tivesse marcas pelo corpo nem demonstração de quaisquer ferimentos. Raven suspirou, desalentado.
- Algum progresso? - gritou ele para Johnny que observava o corpo do garoto menor.
Johnny tinha muita dificuldade em se manter equilibrado no enorme dragão, ainda mais a tantos metros do chão. Porém conseguiu encarar Raven e responder que não.
- Ele está com uma corrente de prata em forma da lua crescente - Johnny disse, fazendo Ti-Yi erguer as sobrancelhas:
- Prata?
- Sim - Johnny mostrou a corrente pendurada no pescoço - é bem bonita, e acho que é pura também.
- Interessante. Dizem que alguns tipos de monstros odeiam prata - Ti-Yi comentou.
Johnny sorriu de soslaio.
- Bom saber - disse.
Já estava escuro.
E, chocada, Umrae percebeu que todos os demônios abatidos de dia não eram nem a metade dos monstros que surgiam nas trevas, muito mais poderosos e cruéis, sedentos de sangue e vorazes. Até mesmo Umrae tremeu intimamente. Será que conseguiriam completar a missão? Ou deveria bater em retirada.
- Umrae - Bel estava trêmula - vamos?
Os olhos de Bel brilhavam de antecipação e medo.
Umrae só deu um sutil sorriso.
- Vamos.
Era hora de prestar contas de verdade. Ainda que não fossem todos os demônios do mundo, ainda que não fossem os mesmos que exterminaram pessoas amadas e terras imensas... Umrae e seus companheiros de guerra iriam matar todos aqueles que vissem. Seja com a espada, seja com a besta e flecha, o que importava era matar o quanto fosse possível.
Pelas pessoas que morreram e pediam vingança.
Por reinos que precisavam viver.
Pelas Campinas que queriam respirar.
E por eles, eles que só queriam paz. E para ter a paz...
... precisavam matar monstros.
Iriam lavar as suas almas com sangue.
- Vamos lá.
Umrae se apoiava acima do dragão, mirando para três demônios semelhantes: pareciam bonecos de pano com botões no lugar dos olhos e andavam pela cidade comendo as casas com seus dentes enormes e pontiagudos. Tremia da cabeça até os pés, mas mesmo pessoas como eu sentem medo, caramba. Atirou, a flecha deslizando entre seus dedos muito rapidamente. Feriu os três de imediato, as três cabeças sendo atravessadas por uma única flecha venenosa.
- Bom trabalho - elogiou Bel.
- Pode ser. Mas temos que fazer mais que isso - Umrae disse - usaremos os dragões.
- Dragões azuis e negros?
- Exato.
Bel sorriu. Era a parte que ela mais gostava, do fundo de seu coração.
- DRAGÕES A POSTOS!
Crazy refreou o seu. Sorriso matreiro no rosto, embora fosse um pouco inexperiente.
Os demônios não tiveram folga.
Línguas de fogo arrasaram a cidade, o céu se queimou de negro e vermelho.
Casas desabaram em todos os cantos. Umrae suspirou de alívio quando percebeu pelos corpos e ausência de voz realmente humana que não havia realmente ninguém a se esconder. Somente aqueles três sobreviventes em miniatura de gente.
Não queria destruir a cidade, realmente não queria. Detestou aquilo, mas aqui já está tudo acabado e em ruínas. Malditos demônios.
Dragões azuis pousaram com estrondo no chão, sacudiram as caudas que se chocaram contra vários demônios. Foram muitos os carbonizados imediatamente, ardendo em chamas.
Raven e Johnny mantinham-se longe, cuidando das crianças, tentando tratar dos poucos ferimentos.
- MERDA, EREVAN E KEISHARA! - Bel estava escandalizada com a calma dos dois, embora estivesse habituada - VÃO FAZER ALGO QUE PRESTE!
O que se seguiu foi assustador e maravilhoso.
Erevan deu um frio sorriso e deu um magnifíco pulo para o outro lado da cidade. Acima dos demônios e ruas, apagado pela noite, todos podiam observar o brilho maníaco de seus olhos negros. E em segundos lentos e sinistros, seus olhos assumiram finas pupilas como fendas, e seu corpo se deformou, tornando-se negra. Escamas surgiram por toda o seu corpo, roupas se rasgaram e até mesmo os demônios estavam chocados, apreciando o espetáculo.
Cada escama reluzia ao fraco luar, se ocultando na noite.
Transformara-se em um dragão, enorme e imenso, o dobro ou triplo de cada um dos dragões que atacava a cidade. As presas eram maiores, sua crista era excepcionalmente negra, e chifres surgiam: na cabeça lembrando uma caveira, nas mandíbulas vorazes. Eram chifres imensos e pontudos, ameaçadores e deslumbrantes, da cor do osso. Erevan estalou sua língua bifurcada de um vermelho sangrento, seus dentes se projetando para fora. Seu corpo tremeu um pouco, e o chão assim o fez.
Todos os dragões mestiços pararam de lutar ou se manter no ar.
Desceram serenamente e se moveram como gatos: elegantes e mal tocavam o chão, curvaram suas enormes cabeças que mais pareciam opacas imitações de Erevan e se submeteram ao dragão negro.
Keishara sorriu.
- Uau - Fer sorriu - eu nunca vi algo assim.
- Lindo - murmurou Ratta - as presas não são algo fantástico? Eles poderiam estraçalhar uma baleia com os dentes, se quisessem.
Fer se esforçou muito para não imaginar uma baleia sendo mordida por um dragão.
Keishara se curvou elegantemente. Seus cabelos azuis se misturaram ao corpo, seu pescoço assumindo escamas. Moveu os braços como se fosse uma cega e quisesse se guiar pelo ar, e todos viram o azul refulgir em todo seu corpo. Assim como Erevan, as roupas se perderam com a transformação. O azul era simplesmente esplêndido: muito escuro no peito que dobrava de tamanho a cada dez segundos, e ficava mais claro conforme chegava até as pontas das enormes asas, triangulares. O focinho de Keishara era curto, seus olhos profundamente azuis, os chifres brancos como osso - com nuances fraquissimas de azul, porém - e toda sua postura majestosa fazia com que ela se tornasse um dragão tão respeitável e deslumbrante como Erevan. Gerogie sorriu fracamente.
Não iria se transformar em dragão - gostava demais daquelas roupas que usava para rasgá-las sem utilidade.
Agora, Umrae pensou sentindo uma sutil felicidade, temos chance.
O que Ophelia poderia fazer contra duas criaturas ferozes e antigas, sendo parte da natureza?
Depois de mil anos-luz, retorno. Com a mesma justificativa velha e gasta: a MALDITA ESCOLA! Enfim, tenho que estudar-tirar boas notas-passar de ano, e isso está sendo mais difícil do que imaginei. [anotação mental: fazer trabalho de português, história e estudar trigonometria. Deveria ter feito tudo isso hoje, mas gastei o dia tentando resolver a 1ª questão, letra A da lista de eletricidade básica. Ah, esquece]
Espero que tenham gostado, sério. Não quero que vocês me matem de decepção ou algo do tipo, nem quero ser má escritora. E Umrae, me interessei por esse negócio de moonblade *-*
Quero me informar mais, comofas//
Engraçado, Umrae, eu sempre imaginei Kibii como princesa herdeira de algum reino destruído por conspiradores *-* Aliás fiz toda a história dela baseada nisso, e Kibii meio que tinha perdido as memórias disso. Bem, pretendo dar espaço nisso agora para explorar melhor na 3ª temporada.
E uff, termino aqui por hoje. Espero terminar um capítulo a mais para esse final de semana, se tiver tempo [salve-salve trabalhos de português e história. Vocês podem me indicar links excelentes sobre holandeses no Brasil ou católicos x protestantes? Esse é o tema do meu trabalho de história :O Se não tiverem, tudo bem. A biblioteca da minha escola tem livros decentes xD]
Beijos ♦ ♣ ♠ ♥
2 comentários:
Depois eu preparo um arquivinho para você com mais informações.
Enquanto isso, aguardo o próximo capítulo.
Bjão
Lunoska, tô entrando rápido e escondida.
Amei o cap, mas não posso falar mais pq, bom, diferente de vc, eu não estudei e meus pais pegaram meu boletim. Conclusão: Sem net até dezembro.
Sendo que dezembro eu fujo, então, d'oh, a coisa vai ficar tensa.
Vou entrar sempre que puder para acompanhar, promeeeeto!
, se quiser uma visita minha, me avise, pq daqui à 4 meses, AEAEAE, eu vazo. *-*
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