quarta-feira, 8 de julho de 2009

Parte 88 - Alguma paz.

Louise encarou o mar.
- Estranho.
Loveh arrumou as cortinas, e concordou. A água do mar borbulhava.
- É Catherine - murmurou Miih.
- Como sabe? - era a iniciativa indagativa de Loveh, ao que Miih sorriu:
- Consegue senti-la?
Consegue?
Loveh conseguia.
- Não pode ser - Alice sussurrou - é usar força demais em pouco tempo. Ela estouraria.
- Qualquer um pode superar os próprios limites.
Ora. Catherine podia, não era?
Ela estava em todo lugar.
Se desfez em pele.
Se desfez em dois átomos de hidrogênio e um de oxigênio.
Se desfez em magia.
E ficou em todo lugar, onipresente, onisciente.
- Não aguentarei muito tempo assim.
Alice alcançou a praia, perto do castelo. Catherine estava em todos os lugares e não estava em lugar algum.
Por algum motivo, Alice queria chorar.
- Ophelia está com a mente de Elyon, acho.
Sunny correu atrás de Alice, quase tropeçando.
- Campinas reagiram. Estão vencendo em Hepacceneoh. Não fiquem caladas.
Miih permaneceu no castelo, ouvindo as palavras dedilhadas na voz adocicada e áspera de Catherine.
Companheiras há muito tempo.
Não amigas, só colegas amparadas devido ao poder.
- Quando puder, voltarei realmente-
Não.
Sumiu.
Sunny consolou as lágrimas de Alice que não se conteve mais.

- Eu tinha esperança - Alice soluçava - Elyon...
Sunny a abraçou calmamente.
- Elyon-
- Não fica assim - disse Miih - vamos vingar. Mesmo que a gente não mate Ophelia, vamos machucá-la.
- Vamos?
Miih só fez uma expressão enigmática.

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- Onde estava?
Ophelia resmungou qualquer coisa.
- Ophelia, responde - Lala pediu novamente.
A amiga a encarou. Não havia sanidade.
Talvez restos de pessoa sã.
- As Campinas se defendem. Está tudo bem.
Lala mordeu o lábio. Não estava tudo bem. Nada bem. As coisas mudaram muito e Ophelia estava se trancando cada vez mais em sua loucura. E ela, debilitada, nada podia fazer.
Nada?
Havia no ar o cheiro de derrota. E Ophelia o sentiu e não quis admitir.
- Não está - Lala murmurou - não.
As sombras estavam estranhamente distorcidas, mas Lala não reparou ou não quis perceber tal detalhe. Ela estava francamente meio enjoada, com ânsias de vômito, e com nojo de tudo aquilo. Apertou as próprias mãos, sentindo-se envergonhada. Como apoiara Ophelia?
Não era hora de arrependimentos. Não havia tempo, muito menos modo de voltar atrás.
- Lala, durma - Ophelia disse com um sorriso cuidadoso e fraco.
- Liberte Alicia.
Foi um único pedido. Não era pra ela ter pedido assim. Mas até que funcionou:
- Ela precisa ser punida.
- Ela não conseguiria prender uma Musa nem em um milhão de anos, Ophelia - murmurou Lala - e você não pode ficar cuidando de mim, tem problemas.
- Não tenho problemas - Ophelia estava estranhamente impessoal.
- Tem - Lala percebeu que os olhos castanhos de Ophelia pareciam mais sombrios.
Como vestígios de trevas.
- Ophelia, vá cuidar de ti - Lala pediu - você está mal. O que você fez com as garotas?
Ophelia não respondeu, deixando Lala sem uma resposta e sozinha - a majestade saira do quarto.

Dentro de dez minutos, Alicia estava de volta. Em frangalhos, mas estava.
- Cadê Ophelia?
- Você já acordou?
Lala riu. Estava realmente se sentindo meio grogue, mas conseguia raciocinar muito bem.
- Me dopou, Alicia?
A loira só deu um sorriso amarelo. Pelo visto a dose dada não foi o suficiente, afinal Lala acordara. Mas tivera tanta certeza de que a dose estava correta!
- Alicia, diga-me. Como foi Ophelia com aquelas...?
Alicia encarou Lala incrédula, mas logo rearrumou sua postura. Rearrumou o cabelo, e verificou se todos os remédios estavam ok. Não ligou para Lala até que terminou de arrumar as cortinas, varrer o quarto, ajeitar a cadeira ao lado da cama, trocar o lençol que cobria Lala e trocar suas ataduras. Lala sentiu-se agraciada.
- Obrigada, Alicia.
- Que gentileza, Lala - Alicia estava muito mais rancorosa - não faço isso por amor a você.
Lala se endireitou. Ainda doía, mas não podia dar uma de murta queixosa a vida toda.
- O que Ophelia fez com aquelas mulheres?
- Matou uma e prendeu outra - respondeu Alicia já sentada na cadeira, analisando o conteúdo de uma xícara contendo chá medicante - aquilo não foi normal. Porém... desde quando aquela louca segue o normal?
- Como ela matou?
Alicia não respondeu e Lala ficou no vácuo.

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Ainda nem era cinco da tarde e Umrae se orgulhava de ter alcançado quase o final da tarde com quase todos os demônios mortos, sem nenhuma baixa no próprio grupo. Ok, Fer se machucara, Toronto tinha o tronco todo furado, Harumi quase ficou cega e seu tornozelo se machucara numa aterrisagem mal-sucedida, Ratta soprava nos próprios dedos quase queimados com algum demônio particularmente feio, Ti-Yi cuidava dos joelhos contundidos e Giovanna foi a mais zen porque a única coisa realmente grave com ela foi a quebra de oito unhas, sempre cuidadas.

Mas, no fim das contas, estava tudo bem.
Talvez.

Logo a noite viria com seus espíritos cruéis, e aí seria mais um inferno para Umrae atravessar.
- Céus - Umrae olhou para baixo, sentada em uma torre - mal consigo reconhecer a Heppaceneoh.
Estava certa: as ruas estavam banhadas de sangue, repletas de cadáveres. Ossos e tripas, demônios que amarguram sua morte com flechas envenenadas pelas mãos de Umrae - sendo talentosa, não poupou em fortes venenos - rancores que ruíam pelas ruas.
- È véro - murmurou Bel concordando.
Umrae suspirou.
- Como é que pode?
- Simplesmente pode.
O céu se contorcia em fogo.

Nada vale mais a pena do que atingir um objetivo.
- Me desculpa.
Polly ergueu os olhos incrédula.
- Me desculpa. Eu estaria morta se não fosse por você - Bia resplandecia dentro de seu negro traje, seus olhos como jabuticabas. Polly riu - tinha até esquecido. Ergueu a mão como se oferecesse para apertar.
- Okay - disse e Bia aceitou, apertando a mão - quando for minha vez, você me salva.
- Claro.
Claro, mas nada enche a alma melhor do que pedir desculpas.

A cor do cabelo de Ratta - completamente natural, diz ela - era quase como o céu: alaranjado, fogoso, rebelde e belo. Ela mesma era uma excentricidade em muitas categorias: possuía orelhas e rabo de gato, olhos quase felinos e uma personalidade um tanto temperamental como gelo, astuta e irônica. Encarava o céu com um sorriso.
- Bonito.
Harumi quem murmurou. Ela não estava muito animada devido ao tornozelo que ainda doía, latejando. Ao contrário de Ratta que inspirava medo e rebeldia, Harumi era a personificação da doçura e ingenuidade. Mesmo que estivesse muito longe disso, sendo sempre uma garota fugidia e problemática com cara de anjo.
- Sim - Ratta sussurrou.
Tão diferentes em aparência, mas semelhantes em um único aspecto: ambas comeram o pão que o diabo amassou.
- Você gosta de Umrae? - Harumi perguntou, ao que Ratta sorriu:
- Ela é boa e decidida. Claro, beeem diferente de Bel - esticou os braços como se alongasse - mas não podemos seguir sempre os comandos de Bel. Ela é louca do tipo que arrisca nossas vidas sem pensar. Umrae não é desse feitio.
Harumi riu em concordância.
- Você acha que numa missão assim, se fosse a Bel a líder, alguém se machucaria mais?
- Claro - Ratta disse - talvez tivessemos matado mais, porém teriamos metade de nós quase morrendo. Umrae é diferente. É tão boa como Bel, se não mais, e é mais cautelosa. Eu gosto dela.
Harumi suspirou. Concordava intimamente com Ratta.
O furta-cor de seus olhos banharam-se de nuvens queimadas.
- Talvez se fosse a Umrae a nossa líder desde o começo - murmurou em uma voz bem baixa - talvez, talvez ele não tivesse morrido.
Ratta a olhou com pesar.
- Não foi culpa de Bel - disse - não foi culpa de ninguém, Harumi.
Harumi sorriu. Não chorava.

Chorar pra quê, se é sem querer?

E como em carícia, veio a noite toda. E de novo os demônios vieram a postos.
Sangrentos, vis, carnais e sedentos.
Em uma das janelas das casas ainda em pé, um par de olhos infantis surgiu.
- Umrae - Bel sussurrou.
Bia acenou a fita vermelha.
Era hora de Umrae, a meia-elfa dos tempos de Faerün, agir.


Pffff. Nunca fiquei com tanta dúvida do que fazer - porque vocês sabem que sou daquele estilo de escritora de novela: só sabe o que vai acontecer quando tem que escrever o capítulo de amanhã! Acho que me saí bem e consegui desenvolver um enredo. Pelo menos tem menos furos que Crepúsculo, né não? E queria escrever uma ação de resgate, estava com vontade de fazer isso há tempos. Adoro vocês, ok? E realmente, Umrae, seria tão legal se o RPG tivesse dado certo T_T
Saudades, viu... :~
E Ophelia que pense que não precise de aliados. Os demônios são sãos, apesar de tudo. Mas Ophelia se aprisiona na própria loucura. Como é que ela vai defender o que ela quer se está LOUCA? Bem, tudo bem em relação aos personagens. Estou dando conta de tudo, por enquanto. E se preparem porque vai aumentar um tiquim na terceira temporada [que sim, vai rolar, porém ela vai ser mais emocional e sobrenatural atendendo aos desejos de Kibii desde que ela gosta dessa história rs]
Aliás o que vocês acharam das novas cores do blog? Fiquei ansiosa por mudar, e não queria mudar pro preto já, afinal o preto me cansa a leitura. Continuou fácil ler a história, gostaram?
Sendo adolescente miguxa, vxs moram no meu ♥
Beijos, rs :*

3 comentários:

Marii! :D disse...

Cara, eu adoreei o cáp, mesmo!
Tá mto bom (pra variar).
E a Oph tá ficando louquéénha, huhuhu.
Adorei as cenas da Ratta, tá mto igual ao q eno dela, por Loo. *-*'
E qto a cor do blog, confesso que quando entrei pensei que o layout ainda não tinha carregado, haushauhsa, mas qdo percebi q era assim (pq foi questão de costume mesmo, estranhar e tals) percebi tbm que ficou mais fácil de ler.
Sei lá, menos cor cansa menos. :D
Agora, e qto a vc? Não consigo te pegar on no msn, mais... Acho q nossos horários não estão batendo! '-' Como q vc tá? :D

Um beeeeeeeijo, gata. ;**
<3

Marii! :D disse...

Meu pc come palavras. ¬¬'
*tá mto igual ao q eu imagino dela

Umrae disse...

Eu também achei que não tinha carregado, lol.
Seria legal se na terceira temporada contassem mais histórias do passado de certos personagens, como a Kibii e a Bel, por exemplo. Sei lá, tenho a impressão de que a história de vários personagens se entrelacaria de alguma forma por conta de coisas que aconteceram no passado.
Continuo curiosa como sempre.
Beijão.