sábado, 25 de abril de 2009

O meio-dia veio com o sol escaldante de verão, se derramando por todas as colônias, fazendo sumir os demônios mais noturnos. As poucas pessoas que se arriscavam a aparecer sob o sol estavam armadas de espadas e se protegiam com toda a roupa que podia ter, mesmo sob o sol tão forte que se podia cozinhar um ovo em cima de uma pedra.
Mas felizmente os feitiços refrescantes são fáceis de fazer e vigoravam fortemente em todo o palácio.
- Ah, finalmente - Lala já sentia menos dor embora seus ferimentos estivessem se curando lentamente.
Ophelia se sentou ao seu lado, seus olhos castanhos se esquadrinhando na expressão dolorida de Lala. Estava séria, suas mãos se apertando com força, o vestido longo e azul.
- Boa tarde, Lala - disse Ophelia dando um sutil sorriso.
Os sorrisos sutis de Ophelia. Lala tinha que admitir que a cada sorriso que a amiga dava, sentia mais raiva. Não conseguia entender o que se passava na cabeça de Ophelia quando ela sorria daquele jeito, em quais planos ela estava pensando.
- E vem me visitar - Lala mordeu o lábio inferior de dor. Droga. Odiava aquilo, com todas as forças de sua alma - nunca imaginei que você pudesse ser a salvadora, Ophelia.
- Ninguém nunca imagina - Ophelia disse. - como está se sentindo?
- Péssima.
- Ótimo. Melhore.
Lala deslizou pela cama, deixando-se ficar deitada. Encarou o teto com rispidez e raiva, seu peito arfando. Sentia dor em tudo que era canto de seu corpo, podendo sentir o sangue correndo pra lá e pra cá, ficando até tonto. Fechou os olhos de cansaço, queria paz.

paz.
ah, como era doce a palavra que corria de neurônio em neurônio!

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Os dragões costumam ser muito rápidos.
As grandes extensões são vencidas em poucas horas.
Transcorre-se um dia inteiro e uma outra noite inteira e finalmente o amanhecer novamente.
Até o momento que Bel avistou o palácio de Ophelia do alto, e começou a tomar as medidas para entrarem no território inimigo. Levantou-se, ajeitando seu cabelo com uma fita.
A combatente.
- Gerogie - começou, pegando nas rédeas - vá viajar o sul, o palácio em especial.
Gerogie agiu friamente, seus cabelos se movendo com o vento enquanto ela pulava da carruagem e caindo muito rapidamente. Logo Bel direcionou todas as ações, e no final das contas, enquanto Erevan vigiava as Campinas diretamente, Keishara cobria Gerogie no palácio. Os outros estavam dentro da carruagem, bem seguros e se preparando para cuidar dos dragões quando aterrisassem.
- Pois bem - Bel refreou quando percebeu que estavam próximos demais.
Ela apostava que somente os demônios poderiam ver os dragões no céu e que eles iriam começar a gritar sobre o apocalipse.
Apocalipse.
- Vamos lá - Harumi gemeu. Odiava alturas. Voava, mas odiava do mesmo jeito.

Yeah.
As Campinas era um lugar grande demais. Verde demais. Vazio demais.
Sim, sem alma viva.
E os dragões pousaram com todo o estardalhaço permitido, desafiando toda a proteção que já se enfraquecia.
Nossa, realmente, não foi tão difícil. Gerogie logo retornou, acompanhada de Keishara. Ambas deram o mesmo relatório: pouca gente na rua, provavelmente ninguém viu do palácio, e se alguém viu será tido como louco e imediatamente devorado pelos demônios. Erevan ficou abismado de ver como a floresta era pequena depois das Campinas e antes da praia e mar.
- Nossa, é aqui que eles vivem? - desfiou Keishara em um tom azedo. Ela não conseguia gostar muito de grama.
- Sim, Keishara - Erevan sussurrou, tão mordaz quanto Keishara - e eles vão sair das árvores como pequenos duendes para devorar a você. Bem que merece.
- Minha carne é ruim, Erevan - riu Keishara, mas antes que Erevan pudesse responder, Bel cortou:
- Precisamos chamá-los e organizar logo com isso - suspirou como se lamentasse - que deprimente, o sol está forte. Gerogie, nos guie, por favor.
O sol brilhava nos cabelos de Gerogie fazendo todo o vermelho resplandecer lindamente, chamando a atenção como uma fogueira durante a noite.

Seus olhos se direcionaram para baixo, tentando lembrar onde exatamente era a porta do abrigo.
Em quinze minutos, enquanto andava, chegou.
- Como é meio-dia, deve ter gente fora do abrigo - murmurou Gerogie tentando calcular as horas - mas como não vemos ninguém colhendo algo, então imagino que se alguém saiu, deve ter ido tomar banho. Por ali - apontou para entre as árvores.
- Hmmm...
Aquilo era verdadeiramente um tédio.
E como eu mesma não estou com paciência de sequer lembrar de como e quanto tempo eles passaram ali fora, então vamos logo para a parte realmente interessante: Raveneh sai do abrigo para colher laranjas, acompanhada de Tatiih e Rafitcha.
Para as três, foi uma surpresa.
Nunca tinham visto um dragão mestiço na vida.

- Wow - Rafitcha olhou de soslaio para o estranho exército - o que são eles?
- Os amigos de Umrae - Raveneh respondeu - céus, aquela menina é o quê? Ela tem rabo! O__O"
- Sim - Rafitcha riu - tem seres assim no mundo, que possuem características animalescas. Nem é tão bizarro assim...
- Okay - Raveneh mordeu o lábio inferior apreensiva - será que eles são bons? São de Grillindor, não é?
- Claro...
Raveneh nada disse. O grupo se reunia na sala, Umrae sendo a líder e detalhando a missão, seu semblante absolutamente frio, embora ela contivesse o alívio nos gestos. Bel escutava muito atentamente, e com ela, só estava com os três dragões e duas garotas: Keishara se instalou ao lado de Erevan, os dois parecendo entediados, e Gerogie permanecia com a sua expressão habitual: sem nenhuma emoção, a frieza ruiva. E Ratta estava ao lado de Harumi, parecendo ansiosas. Harumi olhava tudo ao redor com os olhos furta-cor, enquanto Ratta não sabia o que fazer, e tinha que se controlar para não balançar o rabo de nervosismo.
Todo o restante estava com os dragões mestiços, sob o sol de meio-dia, suspirando raivosamente contra serem deixados de fora.

E toda a tarde se concentrou naquilo.
Foi Ly quem conduziu Erevan para os pântanos existentes no sul da floresta, a duas horas do abrigo, a pé. Mas para Erevan, a distância constava de apenas trinta minutos, andando tranquilamente. Os dragões negros que ofegavam se esconderam entre os pântanos, e foi Ratta quem conduziu o

primeiro, e foi Polly quem se sentou em uma das pedras enquanto vigiava tudo com olhos de águia. Já Fer revelou toda a praia, longe e perto das Campinas, para Keishara que conduzia seus semelhantes malfeitos, de acordo com ela própria. Harumi, talentosa, fez com que os dragões conseguissem cavar buracos e esconder parcialmente seus corpos, graças a uma área que tinha bastantes rochedos junto ao mar. As ondas batiam nos rochedos com grande estrondo.
- Pensei haver um navio - murmurou Crazy enquanto Fer indicou a área escolhida - não há?
- Há - Fer respondeu, pensativa - mas ele fica mais no sul atualmente. Estamos no norte da praia.
Crazy só fez um franzir de sobrancelhas que logo se aliviou.

A praia e o pântano.
O azul e o negro.
Keishara e Erevan.
O sol estava absurdamente quente. Como deveria ser.
Eles conseguiram chegar às Campinas de forma oculta, mas foi pura sorte.
Até teve uma guria de treze anos que ergueu a cabeça para o céu e viu dragões azuis. Ela gritou de susto e pavor, mas isso denunciou a sua localização. E em vez de os outros humanos existentes acreditarem nela, eles ficaram com raiva antes de serem mortos pelos demônios que lembravam serpentes feitas de areia.
A própria crueldade na terra que ocultou os dragões no céu, pode-se dizer.

Céus, Raveneh pensava enquanto arrumava a cozinha, só agora que a guerra começou?

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Siih estava inconsciente há quatro horas.
Lefi permaneceu todo o dia anterior sem nenhuma consciência, sonhando com coisas desconexas, mas acordara.
Ravèh estava sorrindo.
Por que seus dentes lhe pareciam presas?

- Por que surgiram? - Lefi rosnou enquanto Siih desistiu de tentar viver.
Ravèh sorriu. Estava mesmo cansada de perfurar Siih com lanças, e o corpo de Siih parecia não conseguir resistir a nem mesmo uma mísera agulha. A rainha derrotada perdia sangue descontroladamente, suas feridas redondas não se fechavam, seu estado era de torpor e desistência.
- Demônios não deveriam existir - Lefi abraçou Siih, seus braços imediatamente se sujando de mais sangue - não deveriam...
Ravèh se declarou 'entediada'. Francamente, aquilo era chato.
- Meu querido Lefi - ela disse em um longo e cansado suspiro - somos monstros. Não deveríamos nunca existir, mas existimos desde antes de vocês, pobres humanos, nascerem.
- Não sou um pobre humano - Lefi respondeu atrevido - eu sou filho de fada, e tenho os poderes como tal!
- Qual a diferença? - Ravèh riu estrondosamente - uma fada é o ser mais mortal, entre todos! Fadas são seres que amam os humanos, portanto igualmente desprezíveis. Um elfo legítimo de Faerün deve ser respeitado, mas uma fada? Uma fada que não sabe viver sem os humanos?
Pff, que ridículo - ela zombou curvando um dos cantos dos lábios para cima - é tão ridículo que fico admirada.
Siih ofegou, mergulhada em seu estado de inconsciência. Lefi reparou que ela se regenerava devagar, suas feridas se limpando, pouco a pouco.
Lefi resolveu continuar conversando com Ravèh, esperando distrai-la até que Siih se recompusesse totalmente.
- Fadas não são tão deprimentes assim - Lefi se defendeu, mas Ravèh só franziu os lábios e juntou as sobrancelhas de um modo que transmitisse o seu ceticismo de forma mui eficiente. - O que quer?

Siih abriu os olhos por um momento, mas fechou-os.
Tudo parecia querer se apagar.
- Mas essa mocinha está conseguindo fechar suas feridas? - Ravèh murmurou - ela está me irritando.
- Que irrite - Lefi desafiou.
Ravèh se jogou em cima de Lefi, com toda a sua destreza, seus cabelos loiros se revoltando ao mero vento imediato que logo se dissipou. Em menos de um segundo - talvez um segundo seja tempo demais! - Ravéh salivava, suas mãos segurando Lefi pelos braços. Seus dentes estavam estranhamente pontiagudos, especialmente seus caninos que mais eram como presas gigantescas que ansiavam ardentemente por carne.

Era estranha a situação.
Lefi conseguia sentir o hálito quente em sua face.
E Siih se perdia na própria incompetência.

- Mate-me - Lefi sorriu, mas estava mais apavorado que qualquer outra coisa - mate-me, vamos!
Ravèh também sorriu, mas com seus dentes enormes, o sorriso era mais um esgar medonho:
- Com o maior prazer.
E dá-lhe sangue.

O punho dela feria todo o abdomên dele, e ela remexia os dedos por dentro, cuidando para que seus dedos esmagassem cada órgão que aparecesse, cada veia e artéria, e cada vértebra da coluna cerebral foi cuidadosamente esmigalhado pelos suaves e dolorosos dedos de Ravèh. Lefi só fez jogar a cabeça para trás e esperar o que viesse.
Só.
A morte era doce, doce como sangue.

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Ophelia observou as Campinas.
Notou, sim, algum movimento estranho, algo de suspeito.
- Algo de podre - disse para si mesma - naquele reino daquela feiticeira vadia - estava se referindo à Maria, mesmo que nunca tivesse sequer visto Maria.
Mordia seus próprios dedos, nervosa.
Não sabia muito bem o que fazer, mas uma coisa ela entendia:
ela não era a criatura mais poderosa do mundo.

Ela era uma rainha solitária, era verdade, e só havia criados em seu castelo.
Ravéh era um demônio desgraçado que só queria viver sob a sua asa, e Siih era uma patética inútil que sequer conseguiu impedir-la de tomar tudo. Afinal, sabia bem que conseguiria de qualquer jeito. Mas se Siih fosse mais inteligente, bastava manipular as Musas da forma certa e pedir ajuda às pessoas mais adequadas em vez de esperar e deixar seu destino à revelia, como fez. Santa burrice!
Encarou o céu azul de verão com ansiedade.
Precisava de aliados, definitivamente.

Afinal, queria manter-se sobre tudo, ser a soberana, não era?
Que ridículo ser a rainha de toda a cidade, mas ser desafiada tão vulgarmente pelo próprio vizinho!


Umrae, cara, eu fiquei com medo. Admito, fiquei com muito medo de seus comentários. E, relaxa, não vai acontecer realmente. Se acontecer, não será pelas suas mãos, não se preocupe. Não deixarei sua alma se corromper, ok? E a demora se deve a dor nos pulsos. Sim, meus pulsos e dedos doem a ponto de eu digitar mais devagar e deixar de desenhar. Minha mãe está com medo de que seja LER, e estou usando aquelas ataduras para amortecer os pulsos e eu não sentir muita dor, mas isso nem acontece, afinal fico no pc digitando. E passei em matemática HA. Umrae, mesmo você puta da vida comigo (é, eu entendo), eu te adoro muito, viu? Não queria que você pensasse que eu iria fazer com que você maculasse sua reputação nem nada do tipo ;)

2 comentários:

Umrae disse...

Não estou brava com você, Luneta, só quero que prendam essa impostora da sua história que se faz passar por mim (talvez um dia se eu mostrar para você mais trechos da estória real da Umrae você entenda, e pare de me atribuir comportamentos incoerentes, absurdos e pouco espertos).
Fico chocada em ver como esse povo do mundo das fadas é mole. Ao primeiro sinal de dificuldade, se entregam, se matam ou ficam pedindo para morrer. Tsc,tsc,tsc...
Gostei da parte sobre os dragões se escondendo.
Bjos

Umrae disse...

Ah, e a Dragon Cave lançou ovinhos novos. Os dragões são um mais lindo que o outro.
http://dragcave.net/user/Umrae
Meu scroll. Se puder, clica nos ovinhos do fim, por favor.