quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Parte 63 - Delineando o destino com lápis 2B, um rascunho somente.

Ophelia se aninhava em sua cama, descansando como a amiga aconselhara. Um dia sem ter conferência com demônios, um dia sem torturar Kibii, um dia sem ter que agir como rainha... um dia torturante.
Mas aguentaria, afinal tinha que ter alguma idéia. A rotina estava matando a sua criatividade.

Analisou o mapa. Praticamente todos os reinos se curvavam à ela, todos os reinos assolados pelo caos, implorando por um pouco de paz, ordem, algum motivo para as pessoas poderem sair de suas casas sem serem devorados por suspeitos demônios. Ela não ligava.
Não precisava de um mundo de fadas.
Só satisfazer a própria sede de poder e sangue era o suficiente.

Bem, as Campinas não estavam dominadas. E queria aqueles lugares mais distantes, em lugares que nunca foram dominados pelas fadas. A Terra Seca seria um lugar interessante de se dominar, decerto, com aqueles reinos ásperos, arrogantes, de gente tão vulgar e vazia!
Pois bem, quem seria o próximo?

Ophelia queria a garota ruiva. Era alguma espécie de atração, algo que chamava a atenção na ruiva. Como a chamaram mesmo? Não se lembrava... mas tinha que concordar que a ruiva exercia uma espécie de fascínio inocente, o mais perfeito espécime para se torturar. Como se tortura uma criança, e como é delicioso escutar gritos excepcionais de dor...

Mas a garota... a garota estava protegida. Tinha que se contentar com alguém mais vulnerável.
Perguntou-se pela Umrae. Ela seria interessante de se ter, e pelo visto, é extremamente perigosa. Melhor tê-la conosco, afinal porque se arriscar, já que suspeitava que Umrae era uma daquelas raras pessoas de um espiríto de liderança superior, com uma astutez aguda? Não queria se arriscar feio, e pensou em como poderia sequestrar alguém de Campinas.

Mais alguém...
Não conseguia lembrar de nenhum nome. Nada.
Teria que atacar às cegas, então. Ao pé de sua cama, havia várias pastas com vários documentos sobre Campinas. Passou os olhos sobre eles, tentando ver se podia acumular mais algum fato. Sabia tudo sobre as Campinas: história, personagens históricos, guerras, secas, invasões, estações do ano, épocas de colheita e chuva, estiagens, períodos de gripe, peste ou febre da primavera...
Verão. Verão, a época que tinha mais colheitas, não era isso?

Sim.
Tomates, cebolas, alfaces, toda aquela droga de vegetais e legumes. Tudo no verão.
Portanto mais pessoas sairiam, com Ophelia ou não mandando demônios atrás deles, certo?

Simples demais, foi a sua conclusão. E sorriu.

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- Campinas? - Crazy parecia vago para uma ansiosa Bel - é...
- Siim, aquele lugar fantástico ao lado do reino das fadas, a capital, sabe - completou Bel com entusiasmo - e a maléfica Ophelia está querendo acabar com lá! E é aí que a gente entra!
Crazy sorriu. Ficava admirado com o modo como Bel encarava as coisas: uma grande piada. As guerras, por mais trágicas que fossem, para Bel sempre seriam um motivo de diversão. De certo modo a conhecia, desde os tempos que encararam uma escola juntos. Algumas vezes se separaram como na vez que Bel viajou até às Campinas para treinamento militar durante dois anos ou quando Crazy brigou com o seu superior e foi obrigado a partir em uma missão para averiguar sobre os estranhos assassinatos em um pequeno vilarejo ao norte de Grillindor. Mas no mais se esbarravam sempre, nos corredores das bases militares de Grillindor ou nos corredores do palácio. Eram amigos que se divertiam em bares, falando mal dos superiores, e rindo dos novatos que acreditavam em qualquer peça que eles pregassem. E para Crazy, Bel sempre seria a mesma: de cabelos longos e acobreados, os olhos astutos e espertos de um castanho duradouro e confiável, os lábios que tantas vezes delineavam para cima rindo das tragédias, e claro, suas roupas sempre de forma diferente aos demais generais, capitães e militares. Enquanto eles vestiam sempre a farda, de gola alta, Bel preferia usar os charmosos vestidos que chegavam até os pés, sempre feitos de linho ou algodão, e luvas carissímas. Ela não parecia capitã de exército nenhum. Mas no campo, era o próprio capeta. Não para os derrotados, mas para os que se subordinavam à Bel. Coitados dos novatos, então!

- E aí? - Bel sorriu - topa?
- Ora, teríamos que soltar os dragões em cima de Ophelia? - Crazy riu - mas será fácil demais. Não tem algo mais difícil?
- Bem, eu tenho algo difícil - disse Bel, pensativa - primeiro, Umrae deve estar louca porque não tem resposta minha. Achei melhor não enviar, vai que a Ophelia recebe, sei lá? Segundo, como se pode esconder dragões em um lugar que dá para se ver inteiramente pelo palácio do reino das fadas?
- Em reinos próximos? - Crazy sugeriu - quais são?
- Heppaceneoh - Bel jogou um mapa no colo de Crazy, dando-lhe tempo de analisar a situação - tem outros, mas ignore-os. Foram destruídos pelos demônios, pude descobrir.
- E por que não acabaram com Campinas? - Crazy perguntou, percebendo a floresta que era a única barreira entre as Campinas e a praia, e depois o mar.
- Algum feitiço, acho - respondeu Bel - bem, onde você acha que poderia esconder? Não posso simplesmente carregar dragões daqui até Campinas e achar que ninguém vai perceber.
- Claro, seria tolice - concordou Crazy, olhando para Bel - quantos dragões você pretende levar?
- Quantos eu poderia levar? - Bel olhou para as próprias unhas, curtas e simples.
Crazy sorriu.
- A princípio, nenhum - respondeu - acho que dois acabariam com Ophelia com tranquilidade.
- Dei uma pesquisada na biblioteca por aqui - disse Bel - eu sei, fiquei só uma hora, durante o café da manhã, mas enfim. A Ophelia é uma lenda. Relatos contam que ela simplesmente acabou com o reino, não sei quantos anos atrás. Praticamente indestrutível, e na época, era só uma garota de dez anos.
- E como tem certeza de que ela é indestrutível? - Crazy indagou, com leves suspeitas para com aquela lenda.
- Bem, os sobreviventes narram poucos aspectos a respeito. O que costuma aparecer em todos os relatos são as garras que ela possui nas mãos, garras retráteis. Uma hora ela está normalzinha, parecendo uma fada e tudo o mais. Outra hora ela vira um monstro completo.
- Por isso os "poderes" que Ophelia possui não são bem conhecidos? - deduz Crazy, ao que Bel completa inteligentemente:
- Exatamente, porque Ophelia nunca utilizou de todos os seus artifícios usados.
- E pretende provocá-la com dois dragões até ser retalhada?
- Não. Pretendo matá-la de surpresa, sei lá. - Bel pareceu um pouco mais desanimada - não sei a força de Ophelia. Não sei se ela pode se transformar em um demônio completo e derrotar dragões... essa idéia é ridícula, sabe? Mas... não sei, de acordo com as pesquisas, Ophelia foi classificada como criatura inclassificável junto com a Medusa Negra e a Lady Supperie.
- Medusa Negra eu sei que foi aquela maluca que desafiou um dos deuses de Olimpo e nem era a mais poderosa assim. Mas a Lady Supperie? Quem é essa? - Crazy perguntou, erguendo as sombracelhas de forma curiosa. Bel respondeu com um leve sorriso:
- Lady Supperie foi uma doida que nasceu lá nas bandas do Oriente, uma princesa. Apresentava distúrbios de personalidade, problemática, essas coisas. Um dia explodiu o próprio reino em um ataque de desespero, e amaldiçoou todas as famílias dos sobreviventes por cem gerações. Em seguida, matou-se com uma corda, depois de transferir todos os poderes para os espirítos.
- Uau.
- Bem, preciso saber logo - Bel adiantou a coisa - quer ou não quer entrar na missão?
- Claro - riu Crazy - como desperdiçarei a chance de você lançar seus xodós para se sujarem com o sangue de demônios?
Bel riu de uma forma um tanto sarcástica e verdadeira. Sim, seria uma oportunidade única na vida!

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Raveneh colocou a panela fumegante no meio da mesa, agradecendo por nenhuma plantação ter sido destruída, apesar de ter os demônios logo ali, tão perto. Ainda havia comida, ainda bem!
- Precisamos estocar comida por agora - lembrou Maria - Umrae, poderia vigiar o estocamento de alimentos?
- Quê? - Umrae estava vaga, e encarou Maria com algo que lembrava certo despeito - desculpe, não. Estou ocupada em coisas demais.
Maria fez um muxoxo.
- Compreendo... Gabriel, coma tudo o que está no prato - disse para o filho que fazia festinha com o purê de batatas - sim, o couve deve ser comido, querido.
Raveneh se sentou à mesa, juntamente com Tatiih, Rafitcha e Thá, que dividiram as tarefas domésticas de manhã.
- Ninguém sabe algo da situação? - perguntou Ly ansioso, olhando para Umrae. Ela lhe parecia aérea demais...
- Não - confessou Maria - isso está me deixando louca... Não tenho nenhum informante no palácio...
Umrae encarou seu prato sem paciência. Não estava com muita fome, e realmente detestava esse tipo de situação em que seria cobrada de alguma coisa...
- Bel mandou alguma resposta, Umrae? - perguntou Ly.
Sabia que iam me perguntar isso.
Umrae respondeu delicadamente:
- Não. Espero que mande logo.
Maria passou a língua entre os lábios, preocupada:
- E se ela recusar a ajuda? O que faremos?
- Não sei - Umrae mirou os olhos dourados na travessa de salada - não sei.
- Bem, vamos agir como se Bel aceitasse ajudar a nós - Maria sorriu - então você pretende guardar dragões onde?
- É possível os escondermos na floresta - imaginou Amai, tentando se fazer de útil - ela é grande e as copas das árvores impossibilitam qualquer maneira de Ophelia enxergar o que há dentro da floresta, ao contrário da praia e das Campinas, que são campos abertos.
- Ela tem razão - concordou Doceh.
Todos ficaram em silêncio por um tempo, e ninguém quis falar.
Cinco minutos só comendo e pensando, em que se arranhava o garfo no prato e não se pedia sequer mais arroz ou mais salada.
- Obrigada pela refeição, meninas - disse Nath - bem, está na hora de Bia comer. Vou arranjar o prato para ela, por favor, me dêem licença.
Nath se levantou, preocupando-se em montar o almoço de Bia: salada, arroz, um pouco de carne.
- Estou indo lá.
Ela se retirou da sala de jantar, deixando todos se entreolharem. O fato de Nath cuidar de Bia fez todos lembrarem do que ninguém queria saber: se Ophelia conseguiu acabar com Bia, que seria deles, muitos deles que não sabiam muito bem lutar?

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- Bia? - sussurrou Nath, pousando a bandeja na mesa ao lado da porta.
Bia não estava na cama.
Estava de pé, tentando se lembrar de como era o primeiro passo para o treinamento, a sequência de passos, a força ideal para golpear. Sua espada se agitava para frente e para trás, e os seus passos eram perfeitos. Ela não esquecia de nada.
O ritmo era o ideal.
Seus pés se agitavam velozmente, sem perder nada.
- Bia, está conseguindo lutar! - aplaudiu Nath, feliz.
- Não - Bia parou de treinar, deixando a ponta da espada tocar no chão - tem algo que falha.
- E o que é este algo? - Nath perguntou, já se entristecendo. Seria uma mostra da quebra de confiança em si própria?
- Não é o suficiente para acabar com a Ophelia.
Bia sentou-se na cama, sem soltar um murmúrio de dor. Nath lhe entregou a bandeja, dissendo que não importava que ela estivesse bem, ela tinha que continuar tomando os remédios, o que Bia aceitou sem reclamar.

Nath voltou até a sala de jantar, onde levava o remédio de Amai. Ela havia recuperado bastante bem em poucas horas, o suficiente para se levantar e ir almoçar com os outros. Mas mesmo assim, ela não podia esquecer de tomar o forte chá que recuperaria.
- Amai, terminou de almoçar? - perguntou Nath em toda a sua posse de enfermeira durona, seus olhos verdes mirando os cabelos ruivos e uma expressão cautelosa.
- Err - Amai olhou para o prato já vazio - sim.
- Pois bem, venha tomar seu chá - Nath lhe entregou uma xícara cheia pela metade, com o mesmo chá que Rafitcha lhe dera quando acordou - e tome tudo, e venha repousar na cama. Não é porque você se sentiu bem o suficiente para vir aqui que deve se descuidar. Sua febre pode aumentar.
- Urgh - Amai reclamou, bebendo o chá.
Forte demais.

Em seguida, Amai teve que se despedir do pessoal e ir para o seu leito, na enfermaria. Resmungando, é claro, porque não havia nada de interessante que pudesse fazer na enfermaria. Preferia ficar com os outros, trabalhando duramente para colher o máximo que pudesse antes dos demônios virem atacar de uma vez.

- Sua sobrinha é forte - Doceh disse para a Kitsune - ela teve uma febre altissíma durante a madrugada e já está de pé, almoçando com a gente. Impressionante!
- Ela sempre foi assim - Kitsune sorriu levemente - forte como um touro, devo dizer.
Raven ficou calado. Não contara a ninguém sobre onde encontrara Amai, achando melhor assim, era mais prudente e sensato. Se contasse, provavelmente Amai ficaria cercada, sem poder sair, e com certeza, concluiu Raven, iria ser ali que Amai enlouqueceria de uma vez por todas. Enfrentando a culpa de ter ferrado Kibii, e ser cercada sem poder ver a luz do sol, ela que se tornara dependente desse tipo de contato...
Não, melhor não.
Que todos achassem que Amai foi achada com febre quando acordou meio sonâmbula, bebendo água ou qualquer coisa do tipo e ele a encontrou quando estava voltando de sua tarefa que durara um pouco mais de tempo. Afinal de que outro modo poderia colher flores que só abrem à meia-noite?

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Foi Siih quem encontrou Gika.
Ela forçou a porta e deu um grito de surpresa.
Não chorou, nem reclamou. Não ficou chocada, mas somente a surpresa do imediato que foi tudo o que Siih se permitiu sentir. Mas ela chamou alguns Glombs e todos eles, alvoroçados com o cheiro da morte, arrumaram o quarto de Gika e levaram Gika para outro quarto, e dali, Siih procurou Lala. Ela estava conversando com um demônio de forte cheiro, olhos amarelados e corpo lembrando uma gigantesca serpente.
- Que é? - Lala perguntou, irritada.
- Desculpe-me interromper - Siih olhou para o demônio, cujas feições eram levemente femininas - mas aconteceu uma emergência.
- De que tipo? - Lala encarou Siih da forma mais dura que podia encarar. Mesmo assim Siih não se abalou:
- É particular.
Lala suspirou, exclamou um "me perdoe, Ravèh" e saiu do aposento. Ao saírem, Siih lhe deu a notícia:
- Gika se matou.
- Como assim? - Lala ficou branca feito neve, temerosa com a possibilidade de algo no plano sair errado. Se Gika se matou para não trabalhar para Ophelia, então... quantos teriam a mesma coragem? Lembrou-se de Vê na mesma hora. Ela não queria ceder as poções, ela era uma criminosa, e ela era amiga de Gika, amiga leal desde os tempos de colégio...
- Se matou. O que fazemos? O que faremos com o corpo dela? - perguntou Siih, parecendo desesperada em seu íntimo. E Lala farejou o cheiro de medo na rainha escravizada.
- Fatie, asse, jogue um tempero e sirva de almoço para Ravèh. Ela adora carne de fadinhas estúpidas - Lala sorriu levemente e voltou à reunião com o demônio, deixando uma Siih estupefata.

Siih voltou à sala onde Gika repousava o destino como morta.
- Então, o que faremos? - perguntou Lefi que já estava lá, guiado pelos boatos de Glombs.
- Não podemos enterrar, cremar, deixar aqui - Siih mordeu o lábio inferior, de raiva - aquela idiota disse para fazê-la de comida para um demônio idiota!
Ela estava à beira de lágrimas, suas mãos quase rasgando a saia do vestido de tanta ira. O que Lala estava pensando? O que Ophelia estava pensando? Como podiam fazer isso? Gika fora sua súdita, caramba, sua escrava, praticamente! Gika foi quem a acompanhou no caso do rei Mo de Heppaceneoh! Gika estava junto com Vê, Gika tão atenciosa, cuidadosa! Como podia simplesmente oferecer a carne dela para um demônio?

- Irmã, não se cobre demais - pediu Lefi, preocupado.
Se Gika conseguiu manter suicídio, que dizer de Siih? Pode ser que Gika pudesse ser mais fraca, não aguentando a pressão, e assim aceitando sair do jogo por conta própria. Mas esperava que Siih fosse como foi durante toda a sua vida: forte, insistente, em suma, uma chata que não aceitava perder. Mesmo rebaixada na realeza, iria em frente, querendo um pouco de glória para si. Gritaria, berraria, espernearia. O que fosse preciso para matar Ophelia.
Mesmo que não desse para envenenar Ophelia, pois ela era imune, ainda assim ela iria cair.
Só esperasse um pouquinho... até chegar aqueles que queimam.

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As cestas de tomates, batatas, alfaces e milhos ficavam cada vez mais cheias. Era tudo dobrado e até mesmo quem não costumava trabalhar muito nas plantações como Umrae que se dedicava mais aos estoques de venenos, armas e tecidos, trabalhava duramente. Fer parecia mais depressiva, mesmo que seu ritmo na colheita estivesse absurdamente acelerado. Mas a sua depressão vinha desde o dia que Kibii foi mantida presa no castelo, e ela sentia a falta da amiga, com quem costumava treinar, de vez em quando.
Nath preferiu trabalhar dentro do abrigo, mesmo que ficasse agoniada pela falta de ar livre. Yohana, por sua vez, estava lá fora. Seus cabelos loiros estavam presos em um coque mal ajeitado, e ela ajudava Johnny a colher tomates.
- Não é assustador pensar que todos estamos fora aqui, cercados por demônios? - indagou Rafitcha para Raveneh, enquantos ambas ajudavam nas batatas.
- Sim - Raveneh concordou - mas eles não vão entrar aqui, certo? Tem um feitiço, não?
- Não acho - Rafitcha lembrou - lembra do que Bia falou do Encanto?
- Lembro... - Raveneh parecia pensativa - de que era uma farsa. Bem, podemos ser invadidos de qualquer jeito então.. como Bia está?
- Perfeitamente bem no que se trata de aspectos físicos - Rafitcha respondeu - mas a sua confiança foi quebrada de um jeito quase irreparável.
- Coitada - Raveneh suspirou. Maytsuri bocejou, a cabeça pousada no seu ombro.
- Mas como podia ser diferente - o tom que a amiga usava era diferente: mais grave que Raveneh vira poucas vezes, como na vez que Rafitcha lhe contara sobre a Terra de Gelo - Bia estava tão confiante que ia acabar com Ophelia, ela estava tão furiosa, irada... e Ophelia vai lá e simplesmente acaba com ela, como se Bia fosse uma iniciante, como se Bia nunca tivesse empunhado uma espada... tão fácil!
- Entendo - Raveneh suspira outra vez e logo volta o olhar para a frente, em direção à Heppaceneoh. De tão longe, podia ver a torre do palácio de Heppaceneoh.
Onde servira de espiã e depois trancafiada pelos nortistas.
Raveneh, acho melhor você voltar para o seu abrigo.
- O que é aquilo?
Raveneh, isso não é legal...
Dois ou três vultos que se destacavam entre as casas abandonadas das Campinas.
Raveneh, dê meia volta, você está protegendo a minha filha também!
Vultos bípedes, de garras nas mãos.
Raveneh, me escuta! Ou esqueceu que eu sou mais prudente que você?
De olhos rasgados. De íris negras. De dentes afiados e grasnantes.

- Oh - Rafitcha começou - My - Rafitcha pegou na mão de Raveneh - God.
Primeiro ataque.
A elite foi em frente.
Raveneh ficou para trás.
E Catherine gritava em seus ouvidos para fazer o que alguns faziam: ir para o abrigo. E ela tinha Maytsuri que acordou com os gritos.

Como eles são tão feios!, foi o que pensou Maytsuri antes de chorar.

2 comentários:

Unknown disse...

"Fatie, asse, jogue um tempero e sirva de almoço para Ravèh."

Não sei porque, mas deu vontade de rir muito nessa parte. o_O


Ah, aproveitando, já que no neo não pode... me adicionem no msn: tati_xisde@hotmail.com

PollyQueiroz disse...

essa parte do fatie e asse...

eu pensei que iriam fazer isso mesmo...
seria até engraçado