- Eu não aguento mais - declarou Amai, dando vazão a todos os sentimentos reprimidos.
- Aguente - disse Kitsune - não vai pôr o esforço de Kibii a perder, vai?
- Droga - Amai puxou os próprios cabelos, inconformada.
Vá em frente, Amai, era o que seu cérebro insistia. Queria sair dali, voltar para o palácio, redimir-se. Jamais que seu valor superaria o de Kibii. Jamais que aceitaria o sacrifício da garota que mal a conhecia. Jamais.
Vá em frente, saia dali. Fuja.
Diga que você não quer mais comer. E vá visitar Bia que rejeita as visitas.
- Me desculpe, Bia - sussurrou Amai.
Bia não sorriu, nem mesmo para consolar. Seus cabelos estavam despenteados, e podia ver a espada encostada na porta.
A espada que agora significava a derrota.
- Não pode se deixar ser derrotada assim - disse Amai tentando consolar a guerreira.
Bia não a olhou.
- Bia, por favor, reage.
Nath deu um olhar de desolação, atrás de sua mesa onde escrevia algo.
- Eu te odeio, Bia - Amai desandou a chorar - Kibii está nas mãos de Ophelia, precisamos lutar, por favor...
- Não aumente o estresse de Bia, por favor - alertou Nath, vendo que Amai já estava tentando apelar na chantagem emocional, tentando comover Bia de todas as formas - ela está tendo muitas dificuldades de se recuperar.
- Droga... drogadroga - lágrimas quentes rolavam pelas bochechas de Amai, que preferiu fazer algo sozinha.
Saiu do abrigo escondida, confusa.
Uns passos até o destino.
A pé, andou até a escadaria que levava até o inferno.
Andou durante horas, movida pelo desejo de se redimir.
Era um erro e todos iam querer matá-la. Kibii nunca a perdoaria.
Mas ela precisava.
Era perigoso. Era noite, estava vazio e escuro.
Como ela se arriscava tanto?
- Aonde pensa que está indo? - as palavras foram ditas em um tom de incredulidade.
Amai se virou. Deparou-se com o amigo, cabelos negros e rosto redondo.
- Raven? Eu... - engoliu em seco e não houve tempo de concluir antes que Raven a segurasse no braço.
- Está pensando em voltar? Não vai.
- Raven...
- Olha, acho melhor voltar - Raven disse com aquele tom de consolo - senão as meninas nunca vão te perdoar.
- Kibii precisa de mim - Amai disse, tentando escapar de Raven.
- Não seja idiota! Kibii não precisa de você - a verdade jogada na cara era dura e inescapável.
Amai desabou.
Estava tonta e seus olhos se fecharam, entregando-se aos braços de Raven.
E ele, como um bom cavalheiro, a levou de volta para o abrigo. A pôs na cama, cobriu-a até o pescoço, ficou com ela para garantir que ela dormisse bem e manteve segredo sobre a fuga inesperada. Teve sorte de ninguém se dar conta da falta de Amai, pois esta saíra em um momento que todos estavam muito ocupados, então ninguém prestava atenção em Amai.
Durma bem, disse Raven.
Durma bem, sem sonhos. Deixe que ele cuide de você.
Deixe que os outros resolvam a situação.
Deixe que as coisas venham naturalmente, pois o fim está próximo.
Querida, você é ainda uma criança. Não deve se arriscar.
Umrae será a líder, Kitsune ajudará e Doceh lutará.
Rafitcha a acolherá, e Kibii sobreviverá.
Ora, o fim está próximo. Mas como poderiam saber que o fim não era exatamente cor-de-rosa?
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Kibii estava melhor com a ajuda de Siih, com toda a dedicação de Alicia que só foi informada de proteger Kibii o máximo que pudesse.
Entre os corredores do grandioso palácio, Ophelia parecia preocupada em ocupar o grande tédio.
- Como Ophelia está agindo? - perguntou Kibii em uma hora que Alicia foi cuidar de seus ferimentos recém-ganhos com o último descarrego da TPM de Ophelia.
- Está querendo acabar com sua terra - Alicia contou, embebendo o pano em algum líquido fumegante - ouvi ela falando para Lala que tentaria mais um sequestro, acho que pegará a ruiva.
- Não conseguirá. Ninguém das Campinas é idiota - Kibii riu.
Mas rir doía, devido aos seus machucados.
É, doía ser o saco de pancadas da Ophelia. E por mais cruel que possa parecer, Kibii ficaria aliviada se houvesse alguém que dividisse o fardo juntamente com ela.
Mas negou a aceitar esse pensamento.
- Jirä - Ophelia mordera o lábio inferior. Preocupação.
- Olá, Majestade - Jirä parecia refinada, e mil vezes menor do que naquele dia. Estava completamente normal, como se fosse uma pessoa. Mas certos aspectos de sua monstruosidade permaneciam em seu corpo humano, como os olhos completamente perversos e as cicatrizes, por onde Ophelia julgava que os tentáculos saíam.
- O que você quer? - Ophelia perguntou, desconfiada.
- Que cruel perguntar dessa forma - Jirä parecia falsamente magoada - mas vamos direto ao assunto: os demônios estão insatisfeitos com você. Está agindo sozinha, sem ligar pra ninguém. Cadê a participação no governo prometida pela Vossa Majestade?
- Ora, só isso? - Ophelia riu - então que seja. Montem sua organizaçãozinha, escolham os demônios confiáveis para governar comigo por aqui. Não tenho culpa se vocês só querem fazer baderna em outros reinos. Há carne suficiente?
Ophelia parecia duas vezes mais perversa do que o comum:
- Mas - continuou sibilando cuidadosamente - não permitirei o formato natural de vocês por aqui. Desculpe, mas não quero ver gosma, restos de tripas, tentáculos, garras, presas ou qualquer coisa que vocês adorem. Também não quero ver carne humana por aqui, desculpe-me. Então escolham demônios apresentáveis, entendeu?
- Perfeitamente, Majestade - e Jirä saiu sem pedir licença.
Ophelia rosnou.
E calculou as regras que faria para derrotar todos os demônios, mantendo-se a única soberana.
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- Estou enlouquecendo - gritou Elyon.
- Você não vai voltar pra lá - Louise gritou, exasperada - Ophelia não é mais problema nosso!
- Ela matou Olga! E quase nos matou! - lembrou Elyon, olhando pela janela.
- E daí? Quase morremos o tempo todo! Lembre-se, a nossa imortalidade consiste nisso! - retrucou Catherine, também parecendo irritada.
Ninguém entendia. Era sufocante viver ali, calmamente, isolada do resto.
Não sabia de nada, não tinha notícias. Mas sentia o que acontecia, a estranha movimentação de demônios, e todas aquelas energias confusas, camuflando a principal: a de Ophelia.
Ela não conseguia sentir Ophelia. Não conseguia sequer adivinhar seus planos.
E estava enlouquecendo com isso.
- Eu te entendo, Elyon - Sunny começou, parecendo preocupada - é angustiante, mas você tem que entender que a Ophelia... nós não temos que proteger as fadas.
- Eu sei, mas...
- As fadas não são legais - lembrou Sunny com certa amargura.
Elyon engoliu em seco. Com esse período de indiferença, em que todas somente se ajudavam, habituadas a viverem sozinhas, até mesmo a Sunny passou a pensar de forma bem mais cruel. Fadas não eram legais.
Afinal, como era mesmo? "Poderosa demais", não era assim que o curandeiro da vila disse. Não tinham medo dela?
Poder demais é um fardo...
Elyon olhou para as próprias mãos, ofegante. Queria ir estar lá, lutando. Olhou para as companheiras.
Miih era fria, mas iria com ela se fosse preciso, mesmo detestando toda aquela raça de fadas com todos os motivos do mundo.
E como as outras reagiriam? Catherine a acompanharia, como forma de vingar Olga? Loveh e Sunny tentariam ajudá-la, por pura humanidade? Duvidava seriamente que Louise a acompanhasse, sempre reclusa em seu mundo formado por chamas. E Alice... também duvidava da ajuda dela.
Iria. Encontraria Ophelia e a mataria.
Não importasse como. Mas teria que matá-la, no fim das contas.
Quantos segundos até Ophelia destruir tudo?
Sunny não conseguiu.
Pois Elyon abriu seu baú com algumas roupas, escolheu uma em especial, e abriu seu estoque de armas.
A espada que ganhara da melhor lutadora do mundo.
E isso bastava para enfrentar Ophelia?
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- Ajudar Campinas? - Polly parecia surpreendida.
- Ora, vamos - Bel estava rindo. Nunca levava alguma coisa realmente a sério, o que às vezes irritava seus chefes - será sensacional! Dragões voando, acabando com a Oféia e tudo o mais! *-*
- Ora - Polly acabou rindo também, mas como evitar o riso de Bel? - mas é arriscado, podemos morrer e...
- Olha - Bel juntou as mãos de Polly, como se quisesse convencê-la - se você vir comigo e convencer a Ratta também... estará liberada de ser soldada assim que essa missão acabar. E ainda te dou liberdade semi-integral durante a missão!
- Isso é atraente - Polly sorriu mostrando seus dentes alinhados - essa liberdade diminui em 40% as chances de morrer em batalha.
- Exatamente. E eu quero você bem viva.
- Okay. Convencerei Ratta.
E Bel sorriu.
- What? Campinas? A tal da doida que está matando um monte de reino por lá? Não! - protestou Ratta, pasma.
- Ora, vamos - Polly tentava convencer, calmamente - veja só, estamos tendo a liberdade de escolher se vamos para a missão ou não! Só a gente e o Crazy podemos optar assim! Acho que o Lucien também foi convidado, mas ele não irá de qualquer jeito por causa daquela esposa maluca, mas enfim! Venha, vamos cuidar dos dragões!
- Dragões? Especialmente dos xodós de Bel? - Ratta começou a ficar animada - aqueles que ela não deixa a gente tocar nem morta?
- Creio que sim - Polly deu um sorriso de canto - e eu posso convencê-la a dar algum benefício a você depois!
- Tipo ser promovida! *-*
- Exato!
Polly e Ratta eram amigas há um ano, quando se conheceram ao serem selecionadas para o mesmo esquadrão de Exército de Grillindor. Polly nunca quis ser guerreira, mas como era lei em sua terra e deveria prezar a pátria antes de tudo, então assim foi. As duas passaram a ser colegas de quarto, dividindo com outras duas meninas, mas por serem altamente competentes - embora por motivos diferentes - foram transferidas para outro módulo onde passaram a viver sob liderança de Bel e Crazy.
Ratta nunca falou muito do passado dela, mas Polly sabia que pelo seu sotaque estrangeiro e sua aparência, ela não era nem de longe alguém que nascera de uma família tradicional de Grillindor. E aquela cauda de gato era sinceramente duvidosa...
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- Olá, querida - murmurou Rafitcha. Parecia sinceramente tranquila.
Amai se levantou de um pulo, desperta. Sacudiu os cabelos laranja em um súbito segundo, seu coração entrando em descompasso. Onde estava? E quem era aquela menina morena que a olhava de forma nervosa e tranquila ao mesmo tempo? Ah, era Rafitcha. Sim, estava tudo bem. Estava?
- Já é manhã, Amai - Rafitcha sorriu - Raven disse que você desmaiou ontem, de noite. Estava nervosa demais, não? - Rafitcha pousou uma xícara de chá ao lado, no criado-mudo - está na enfermaria.
- Na enfermaria... - Amai olhou para o lado esquerdo. Do outro lado da cortina, Bia estava dormindo. Podia ouvir a sua respiração, pausada.
- Ela está se recuperando bastante bem - Rafitcha comentou - Nath diz que ela somente está muito pouco comunicativa, mas todos os seus atributos físicos estão excelentes.
- Que bom - Amai sorriu - e porque estou na enfermaria...?
- No meio da noite, você acordou com febre. E achamos que era melhor transferir você para cá, onde Nath poderá cuidar direito - Rafitcha explicou - beba seu chá. Ele tem que ser bebido bem quente, senão acaba nem fazendo efeito.
- Entendo... - Amai bebeu o líquido. Era de laranjeira.
Forte. Ácido. Quente.
Mas completamente engolível.
Rafitcha sorriu, pediu licença e saiu do quarto, deixando Amai sozinha com uma Bia adormecida.
5 comentários:
Vaoms maatr a Oféia!
aeaeaeae
*pega espada, bumerangue e uma alfaia...*
pra quê alfaia?
*larga alfaia*
Wheeeee!
Agora vamos logo ao que interessa.
"E aquela cauda de gato era sinceramente duvidosa..."
AMEY! *o*
E as Campinas derrotaram a maligna Oféia?
To be Continue
HAHA
derrotarão*
Cadê o capítulo novo?
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